É notável a forma como os Ucranianos presentes em Portugal se mobilizaram para votar nas suas eleições legislativas. Tudo estava muito bem organizado, mas...mas eis que o Ministério dos Negócios Estrangeiros Português tinha que dar uma simples autorização para que pudessem abrir mesas de voto fora de Lisboa, e o Ministério atrasou-se e os Ucranianos de todo o país tiveram que rumar a Lisboa para votar. Para quem esteve no estrangeiro estas misérias lusitanas ligadas ao voto de pessoas deslocadas são familiares. Durante os quatro anos que vivi em Estrasburgo só me deixaram votar uma vez, para o Presidente da República, e foi uma verdadeira odisseia que acabou com o meu boletim de voto num envelope lacrado com cera vermelha!
As eleições nos blogues
Uma das vantagens de ler blogues é que escapamos à visão ciclópica dos meios de comunicação tradicionais. Na última semana, graças aos portugueses que vivem no estrangeiro, nos blogues fala-se das eleições na Finlândia, em Moçambique, na Ucrânia e nos EUA. Nos meios de comunicação tradicionais dá a sensação que só nos EUA é que há eleições.
domingo, outubro 31, 2004
sexta-feira, outubro 29, 2004
O caso Buttiglione é revelador do nosso atraso
Lendo alguns autores de blogues e colunistas de jornais sobre o caso Buttiglione, alguns deles que até se dizem liberais, deu-me um calafrio na espinha. Percebi fria e definitivamente o quanto este país é javardo, retrógrado e terceiro-mundista. Há ainda um trabalho muito grande a fazer sobre a educação e o mais básico respeito entre os cidadãos. Digam o que disserem, as opiniões políticas do Sr. Buttiglione são indefensáveis em pleno sec. XXI. No sec. XIX ainda poderíamos admitir que pessoas livres, educadas e bem na vida pensassem assim. Mas em 2004, pessoas livres a viver em democracia, com um acesso privilegiado e planetário à cultura, à educação, e à informação defenderem as posições absolutamente medievais do sr. Buttiglione só transmitem uma imagem terceiro-mundista de um radicalismo extremo. Eu gostaria de ver um texto com as opiniões do José Manuel Fernandes do Publico a defender o sr. Buttiglione publicado num jornal da direita Sueca, Britânica ou Holandesa só para ver o que aconteceria. Seria "comido vivo" no mínimo!
Logo a seguir à decisão de Barroso de quarta-feira escrevi aqui um texto sobre o vício argumentativo que anda agora na moda em Portugal de se ser contra o "politicamente correcto". Curiosamente, todos os blogues e artigos de jornais que li onde se defende Buttiglione invocam o sacro-santo argumento de que o Parlamento Europeu foi "politicamente correcto" ao chumbar o sr. Buttiglione (só falta agora dizer que a democracia é "politicamente correcta"). Vão ler esses blogues e artigos e vejam se não tenho razão. Fica assim bem patente a vacuidade da treta de ser contra o "politicamente correcto", é uma espécie de chave universal da argumentação política, serve para tudo e para todos, dos fascistas aos maoistas, um autêntico vício tal como começar todas as frases por "é assim".
Chamo a atenção ainda para dois textos (1, 2) do Filipe Nunes Vicente do Mar Salgado sobre as mães solteiras que são bem reveladores da hipocrisia reinante entre os fundamentalistas do catolicismo romano que representa o sr. Buttiglione e os que o defendem.
Logo a seguir à decisão de Barroso de quarta-feira escrevi aqui um texto sobre o vício argumentativo que anda agora na moda em Portugal de se ser contra o "politicamente correcto". Curiosamente, todos os blogues e artigos de jornais que li onde se defende Buttiglione invocam o sacro-santo argumento de que o Parlamento Europeu foi "politicamente correcto" ao chumbar o sr. Buttiglione (só falta agora dizer que a democracia é "politicamente correcta"). Vão ler esses blogues e artigos e vejam se não tenho razão. Fica assim bem patente a vacuidade da treta de ser contra o "politicamente correcto", é uma espécie de chave universal da argumentação política, serve para tudo e para todos, dos fascistas aos maoistas, um autêntico vício tal como começar todas as frases por "é assim".
Chamo a atenção ainda para dois textos (1, 2) do Filipe Nunes Vicente do Mar Salgado sobre as mães solteiras que são bem reveladores da hipocrisia reinante entre os fundamentalistas do catolicismo romano que representa o sr. Buttiglione e os que o defendem.
quinta-feira, outubro 28, 2004
Um ano de Rua da Judiaria
Um ano de um blogue que nos lembra de uma forma interessante uma parte daquilo que somos.
quarta-feira, outubro 27, 2004
Eclipse da Lua esta madrugada
Imagens em tempo real aqui.
(Imagem da Universidad Complutense de Madrid)
Horário aproximado
C1 - Primeiro contacto com a penumbra: 01h 06min
C2 – Primeiro contacto com a umbra: 02h 14min
C3 – Eclipse total: 03h 23min
C4 – Fim do eclipse total: 04h 44min
C5 – Último contacto com a umbra: 05h 54min
C6 – Último contacto com a penumbra: 07h 03min
(Imagem da Universidad Complutense de Madrid)
Horário aproximado
C1 - Primeiro contacto com a penumbra: 01h 06min
C2 – Primeiro contacto com a umbra: 02h 14min
C3 – Eclipse total: 03h 23min
C4 – Fim do eclipse total: 04h 44min
C5 – Último contacto com a umbra: 05h 54min
C6 – Último contacto com a penumbra: 07h 03min
Buttiglione, Durão e o "politicamente (in)correcto"
Para Durão Barroso é melhor mesmo sair de fininho adiando a votação dos comissários. O Parlamento Europeu de facto não é o Parlamento Português onde passa qualquer lixo retrógrado sob pretextos tão edificantes como ser contra o "politicamente correcto", que é agora o argumento da moda em Portugal. Ser contra o "politicamente correcto" é a mãe e o pai de toda a fundamentação política, é o equivalente na política à praga que graça na expressão oral portuguesa de começar todas as frases por "é assim". É um puro vício de argumentação.
Em Portugal nas questões mais modernas, nós somos "politicamente incorrectos" em quase tudo, depois fazemos tudo mal, andamos sempre a correr atrás da Europa, repetimos os erros que foram corrigidos noutros países há 30 ou 40 anos. Mas agora andam aí uns comentadores de peito feito que à falta de melhor argumentação política fazem uso da mais profunda esperteza saloia portuguesa e com desprezo sacam frequentemente do argumento: "ah, isso é o politicamente correcto". É uma espécie de rajada de vento argumentativa, uma mão cheia de nada, mas que vai resultando em Portugal. O problema é que em ambientes internacionais como o Parlamento Europeu, que é constituído por países onde o nível educacional das pessoas é bem acima do português, a retórica duvidosa do xico-esperto Portuga ou latino, como é o caso do sr. Buttiglione, não pega. E ainda bem que não pega.
É por isso é que a direita do sul da Europa é tão diferente da direita do norte da Europa. No norte da Europa a direita é ecologista, dá valor à cultura, à ciência, à liberdade religiosa, etc. No sul da Europa, a nossa direita que se diverte numa cruzada contra o fantasma do "politicamente correcto" faz tudo ao contrário: está-se nas tintas para a ecologia, para a cultura, não separam a igreja do estado, consideram secundários a higiene, a saúde e a segurança no trabalho, etc.
Por isso considero que o passo atrás de hoje de Durão Barroso foi uma victória do norte da Europa sobre o sul. Uma vitória do rigor e da educação sobre a balda, a ignorância e as vacuidades contra o "políticamente correcto". Muito mais isto do que uma vitória da esquerda sobre a direita. É que na Europa do norte a direita não manda a mulher para a cozinha!
Em Portugal nas questões mais modernas, nós somos "politicamente incorrectos" em quase tudo, depois fazemos tudo mal, andamos sempre a correr atrás da Europa, repetimos os erros que foram corrigidos noutros países há 30 ou 40 anos. Mas agora andam aí uns comentadores de peito feito que à falta de melhor argumentação política fazem uso da mais profunda esperteza saloia portuguesa e com desprezo sacam frequentemente do argumento: "ah, isso é o politicamente correcto". É uma espécie de rajada de vento argumentativa, uma mão cheia de nada, mas que vai resultando em Portugal. O problema é que em ambientes internacionais como o Parlamento Europeu, que é constituído por países onde o nível educacional das pessoas é bem acima do português, a retórica duvidosa do xico-esperto Portuga ou latino, como é o caso do sr. Buttiglione, não pega. E ainda bem que não pega.
É por isso é que a direita do sul da Europa é tão diferente da direita do norte da Europa. No norte da Europa a direita é ecologista, dá valor à cultura, à ciência, à liberdade religiosa, etc. No sul da Europa, a nossa direita que se diverte numa cruzada contra o fantasma do "politicamente correcto" faz tudo ao contrário: está-se nas tintas para a ecologia, para a cultura, não separam a igreja do estado, consideram secundários a higiene, a saúde e a segurança no trabalho, etc.
Por isso considero que o passo atrás de hoje de Durão Barroso foi uma victória do norte da Europa sobre o sul. Uma vitória do rigor e da educação sobre a balda, a ignorância e as vacuidades contra o "políticamente correcto". Muito mais isto do que uma vitória da esquerda sobre a direita. É que na Europa do norte a direita não manda a mulher para a cozinha!
Nova Europa: la liberté ça se pratique
Depois da geometria descritiva, do sistema métrico, das férias pagas, do minitel, do foguetão Ariane, eis mais um avanço civilizacional made in France: a PINK TV. É esta a Nova Europa no seu melhor. Quanto à Velha Europa de Buttiglione, autêntica fotocópia da Velha América de Rumsfeld, esperemos que chumbe e chumbe bem.
terça-feira, outubro 26, 2004
V pondelok doma nebudem
V pondelok doma nebudem, a v stredu v utorok na jarmok pôjdem,
z jarmoku, v štvrtok s chlapcami do šenku.
A v piatok, Anička moja, ty budeš ženička moja,
v sobotu rúčku dáš, v nedeľu pôjdeme na sobáš.
Čia si, Anička čia? Otcova či materina?
Čia som, tvoja som, otcova i materina som.
z jarmoku, v štvrtok s chlapcami do šenku.
A v piatok, Anička moja, ty budeš ženička moja,
v sobotu rúčku dáš, v nedeľu pôjdeme na sobáš.
Čia si, Anička čia? Otcova či materina?
Čia som, tvoja som, otcova i materina som.
segunda-feira, outubro 25, 2004
Universidade Católica Moralista e um bocadinho Cábula
De Coimbra, para variar, dou razão ao texto "Proibições e paternalismo" do Francisco do Aviz sobre o reitor da Universidade Católica que anda muito preocupado com a influência das discotecas nas prestações dos alunos.
Outra questão interessante a analisar é a de saber se a Católica é uma universidade exemplar no cumprimento das suas obrigações. Não basta apontar o dedo apenas aos alunos, devemos ser igualmente exigentes com os alunos e com a instituição. Qual é que tem sido o contributo de docentes, de investigadores e da direcção da Católica para o desenvolvimento da Universidade Portuguesa?
Tem sido fraco. Basta olhar para os resultados da recente classificação de universidades elaborada pela Universidade de Shangai Jiao Tong. A Católica sendo uma das universidades portuguesas mais antigas não aparece entre as cinco primeiras nacionais e é largamente ultrapassada por novas universidades públicas como a Universidade de Aveiro ou a Nova de Lisboa. Ao contrário das universidades privadas americanas que aparecem no topo da tabela, as privadas portuguesas têm uma produção científica paupérrima (refiro-me também às ciências humanas). O problema é que em geral as universidades privadas portuguesas estão mais preocupadas em rapar o máximo de dinheiro possível aos alunos do que produzir ciência, do que criar parcerias com empresas (nisto as públicas também são más) e de divulgar conhecimento à sociedade. Apesar da Universidade Católica ser um bocadinho melhor do que as outras privadas, os resultados mostram que a Católica é uma universidade um bocadinho cábula. Será que a direcção da Católica e os docentes que deveriam produzir ciência andam distraídos nas discotecas e andam com medo de encontrar por lá os alunos? Ou será que vão demasiado à missa? Ou será ainda que ficam em casa mas passam o tempo a ver o lixo transmitido pela TVI, a televisão criada pelos mesmos mentores da Católica, um verdadeiro mimo de cultura, disciplina e rigor?
Acabar o curso no tempo regulamentar
Aqui também dou razão ao Francisco. Apesar de estarmos longe do clima de há 30 ou 40 anos em que havia numerosos avôs a frequentar as universidades, filhos de boas famílias e que se podiam permitir esse luxo, hoje ainda encontramos aqui e ali umas lendas desculpabilizantes para abrandar o esforço de estudo. No entanto, advirto que não sou um adepto de uma universidade com um formato rígido de escola primária, em que os meninos andam em "fila indiana" do primeiro ao último ano, acho que a universidade deve estar preparada para ser uma instituição flexível e o mais aberta possível à sociedade (empresas, trabalhadores e pessoas licenciadas em reciclagem de conhecimento), mas sendo uma instituição de todos defendo que deve haver regras (ex: número limite de chumbos a cada disciplina) em nome do respeito que merecem todos aqueles que ficam de fora e dos contribuintes que financiam a universidade. Infelizmente, constatei que existe uma lenda que circula com sucesso entre um certo meio estudantil com tiques estalinistas que confunde comportamentos ociosos burgueses com o livre pensamento produtivo e dinâmico. Essa lenda é a de um estudante muito inteligente e esclarecido (imaginem assim uma aura dourada à volta da cabeça) que é tão bom tão bom que só tira notas altíssimas, mas como se interessa por outras coisas nobres da vida só faz uma ou duas cadeiras por ano. Portanto é um modelo a seguir, porque não estuda muito mas quando estuda só tira 19. O problema é que o modelo só é invocado para desculpar o número de cadeiras que se fazem por ano, a parte relativa às boas notas é esquecida porque dá muito trabalho. Este mítico Super-Estudante que inspira muitas cabeças cheias de mofo merecia sem dúvida uma revista da Marvel, se possível desenhada pelo Stan Lee!
Outra questão interessante a analisar é a de saber se a Católica é uma universidade exemplar no cumprimento das suas obrigações. Não basta apontar o dedo apenas aos alunos, devemos ser igualmente exigentes com os alunos e com a instituição. Qual é que tem sido o contributo de docentes, de investigadores e da direcção da Católica para o desenvolvimento da Universidade Portuguesa?
Tem sido fraco. Basta olhar para os resultados da recente classificação de universidades elaborada pela Universidade de Shangai Jiao Tong. A Católica sendo uma das universidades portuguesas mais antigas não aparece entre as cinco primeiras nacionais e é largamente ultrapassada por novas universidades públicas como a Universidade de Aveiro ou a Nova de Lisboa. Ao contrário das universidades privadas americanas que aparecem no topo da tabela, as privadas portuguesas têm uma produção científica paupérrima (refiro-me também às ciências humanas). O problema é que em geral as universidades privadas portuguesas estão mais preocupadas em rapar o máximo de dinheiro possível aos alunos do que produzir ciência, do que criar parcerias com empresas (nisto as públicas também são más) e de divulgar conhecimento à sociedade. Apesar da Universidade Católica ser um bocadinho melhor do que as outras privadas, os resultados mostram que a Católica é uma universidade um bocadinho cábula. Será que a direcção da Católica e os docentes que deveriam produzir ciência andam distraídos nas discotecas e andam com medo de encontrar por lá os alunos? Ou será que vão demasiado à missa? Ou será ainda que ficam em casa mas passam o tempo a ver o lixo transmitido pela TVI, a televisão criada pelos mesmos mentores da Católica, um verdadeiro mimo de cultura, disciplina e rigor?
Acabar o curso no tempo regulamentar
Aqui também dou razão ao Francisco. Apesar de estarmos longe do clima de há 30 ou 40 anos em que havia numerosos avôs a frequentar as universidades, filhos de boas famílias e que se podiam permitir esse luxo, hoje ainda encontramos aqui e ali umas lendas desculpabilizantes para abrandar o esforço de estudo. No entanto, advirto que não sou um adepto de uma universidade com um formato rígido de escola primária, em que os meninos andam em "fila indiana" do primeiro ao último ano, acho que a universidade deve estar preparada para ser uma instituição flexível e o mais aberta possível à sociedade (empresas, trabalhadores e pessoas licenciadas em reciclagem de conhecimento), mas sendo uma instituição de todos defendo que deve haver regras (ex: número limite de chumbos a cada disciplina) em nome do respeito que merecem todos aqueles que ficam de fora e dos contribuintes que financiam a universidade. Infelizmente, constatei que existe uma lenda que circula com sucesso entre um certo meio estudantil com tiques estalinistas que confunde comportamentos ociosos burgueses com o livre pensamento produtivo e dinâmico. Essa lenda é a de um estudante muito inteligente e esclarecido (imaginem assim uma aura dourada à volta da cabeça) que é tão bom tão bom que só tira notas altíssimas, mas como se interessa por outras coisas nobres da vida só faz uma ou duas cadeiras por ano. Portanto é um modelo a seguir, porque não estuda muito mas quando estuda só tira 19. O problema é que o modelo só é invocado para desculpar o número de cadeiras que se fazem por ano, a parte relativa às boas notas é esquecida porque dá muito trabalho. Este mítico Super-Estudante que inspira muitas cabeças cheias de mofo merecia sem dúvida uma revista da Marvel, se possível desenhada pelo Stan Lee!
domingo, outubro 24, 2004
quinta-feira, outubro 21, 2004
Nuclear Science Symposium na Europa
Numa altura em que a Europa ultrapassou vertiginosamente a produção científica dos EUA, a realização do Nuclear Science Symposium (NSS) do IEEE pela segunda vez na Europa, em Roma (a primeira foi em Lyon em 2000), tem um significado especial. O NSS é a conferência científica internacional de maior prestígio nas áreas da física nuclear, da astrofísica e da medicina. O grande desenvolvimento que teve a física nuclear a partir dos anos 30 serviu de motor para o desenvolvimento da medicina nuclear e da instrumentação para astrofísica. Os princípios que são utilizados na física nuclear são os mesmos princípios que são utilizados no desenvolvimento de muita da instrumentação hospitalar de ponta e na concepção de telescópios espaciais utilizados para detectar radiação e partículas de altas energias, como os raios X, os raios gama, protões, etc. É por este motivo que a instrumentação médica e a instrumentação para astronomia e astrofísica ganham cada vez um espaço mais importante numa conferência que começou por ser apenas dedicada à física nuclear.
O Grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear, onde trabalho em Coimbra, é um participante habitual do NSS há cerca de 20 anos. Este ano participo com dois trabalhos numa sessão intitulada "Imaging Systems for Medical, Astrophysics and Cargo Monitoring Applications". Na sala dos computadores tive um encontro bloguístico do terceiro grau com o Nuno da Aba de Heisenberg que participa nas sessões dedicadas à medicina nuclear.
O avanço da ciência vive muito deste tipo de conferências internacionais em que os investigadores apresentam aos seus pares de outros países o fruto de um ou mais anos de trabalho. A discussão, a crítica e a troca de ideias geradas pelos trabalhos apresentados contribuem para a melhoria do trabalho futuro de investigação de cada investigador. Depois da conferência os trabalhos com melhor qualidade são propostos a publicação numa revista científica internacional, onde um júri composto por investigadores experientes avalia e autoriza a publicação dos trabalhos com qualidade. Hoje em dia, a ciência moderna avança deste modo, através do somatório de pequenas contribuições de muitos cientistas espalhados por todo o globo.
Depois de organizarmos um evento como o campeonato da Europa de futebol ficaria bem Portugal organizar um NSS, que é uma espécie de campeonato do mundo de física nuclear. Os meios necessários são ínfimos comparados com o Euro2004, bastaria um grande e moderno espaço de exposições ligado ou próximo de um hotel de grande capacidade. Gostaria muito de ver um dia um NSS organizado em Coimbra, mas é um sonho distante.
O Grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear, onde trabalho em Coimbra, é um participante habitual do NSS há cerca de 20 anos. Este ano participo com dois trabalhos numa sessão intitulada "Imaging Systems for Medical, Astrophysics and Cargo Monitoring Applications". Na sala dos computadores tive um encontro bloguístico do terceiro grau com o Nuno da Aba de Heisenberg que participa nas sessões dedicadas à medicina nuclear.
O avanço da ciência vive muito deste tipo de conferências internacionais em que os investigadores apresentam aos seus pares de outros países o fruto de um ou mais anos de trabalho. A discussão, a crítica e a troca de ideias geradas pelos trabalhos apresentados contribuem para a melhoria do trabalho futuro de investigação de cada investigador. Depois da conferência os trabalhos com melhor qualidade são propostos a publicação numa revista científica internacional, onde um júri composto por investigadores experientes avalia e autoriza a publicação dos trabalhos com qualidade. Hoje em dia, a ciência moderna avança deste modo, através do somatório de pequenas contribuições de muitos cientistas espalhados por todo o globo.
Depois de organizarmos um evento como o campeonato da Europa de futebol ficaria bem Portugal organizar um NSS, que é uma espécie de campeonato do mundo de física nuclear. Os meios necessários são ínfimos comparados com o Euro2004, bastaria um grande e moderno espaço de exposições ligado ou próximo de um hotel de grande capacidade. Gostaria muito de ver um dia um NSS organizado em Coimbra, mas é um sonho distante.
Foi voce que pediu para dar porrada nos estudantes?
Foi, foi uma carga de porrada a pedido. Lembram-se dos artigos de opiniao do ano passado sobre as propinas? Este ano os bastoes ja estavam a abanar, à espera do inicio do ano lectivo. E' pena nao terem pedido tambem uma carga de porrada para o Ministro Pedro Lynce quando este se "esqueceu" de pagar as propinas/quotas do CERN, da ESA e do ESO. E' que apesar de alguns excessos dos estudantes nunca ninguem me impediu de entrar na Universidade de Coimbra para trabalhar. Pelo contrario o senhor Pedro Lynce destruiu uma boa parte do pouco que os investigadores nacionais conseguiram construir nos ultimos anos, cortando-nos as pernas em muitas areas e mandando a nossa reputacao de volta para a sarjeta. Entao e Pedro Lynce nao merece porrada? Nao! Porque os estudantes de Coimbra (75% dos quais deslocados) é que sao uns "priviligiados"! Eu tambem era um desses "priviligiados" cujos pais se viram aflitos para me pagar os estudos. Se tivesse tido que pagar propinas a 200 contos se calhar nao estaria hoje aqui a escrever-vos de Roma do Nuclear Science Symposium onde vim apresentar dois trabalhos. Estaria talvez inscrito num centro de desemprego qualquer. Este pais é miseravel, é atrasado, é retrogado e ha quem tenha o rei na barriga e nao perceba um cu do pais onde vive!
quarta-feira, outubro 20, 2004
Panteao de Roma - descapotavel mesmo quando chove
O Panteao de Roma, apesar de ter quase 1900 anos, é ainda hoje uma obra de engenharia notavel. Continua a ser a cupula de maior diametro do mundo (43m, a Catedral de S. Pedro tem 42m), mas essa nao é a sua caracteristica mais notavel. A cupula do Panteao é aberta no topo, tem um buraco de 9 metros que é a unica fonte de iluminacao do Panteao, e o mais impressionante é que nao chove dentro do Panteao! O truque é deixar a porta aberta. Como a porta é enorme produz-se uma corrente de ar suficientemente forte através da abertura no topo da cupula para desviar as gotas da chuva para longe da abertura do Panteao! Outro aspecto impressionante é que os Romanos tinham uma matematica pouco desenvolvida por causa do seu sistema de numeracao. Era complicado fazer operacoes matematicas, havia apenas algumas pessoas capazes de fazer operacoes de multiplicacao muito simples. O metodo alternativo ao calculo era a construcao de maquetes à escala de um salao. Se tudo corresse bem com a maquete entao construiam o edificio. Como todas as operacoes com areas funcionam com potencias de dois e com volumes com potencias de tres, muitas frequentemente as coisas corriam mal. Mas esse nao é o caso do Panteao.
segunda-feira, outubro 18, 2004
ESA para professores
A Agência Espacial Europeia criou uma página para professores, cobrindo quase todos os níveis de ensino. Vale a pena passar por lá. São anunciadas actividades para professores de todos os países membros, há muitas imagens e pequenos filmes, modelos interactivos e para montar de todos os satélites da ESA, exercícios para as aulas, pequenas publicações para crianças, dicas para professores, etc. Para já a página está apenas em inglês, com alguns itens nas outras línguas dos países membros.
domingo, outubro 17, 2004
Rvdericvs dixit
Sinto-me ligado a esta cidade, quiçá geneticamente. "Em Roma faz como os Romanos". Vou mais longe, vou ser Romano. Adopto o meu nome latino e tudo, assino Rvdericvs
Rvdericvs, Roma, MMIV
Rvdericvs, Roma, MMIV
sábado, outubro 16, 2004
Sábado em Coimbra XVIII: Coimbra->Roma
Olho pela janela, um nevoeiro matinal paira sobre o Choupal e o Mondego corre fresco. Daqui a algumas horas verei Roma pela primeira vez, a capital do Império no tempo em que os impérios eram cruéis e os imperadores não se armavam em virgens salvadoras do mundo. A distância que vou percorrer em algumas horas foi outrora percorrida durante semanas pela Sétima Legião. Quando aqui chegaram, a Aeminium e a Conimbriga, como terão visto o Mondego e o Choupal?
Sábado em Coimbra XVII
Sábado em Coimbra XVII
sexta-feira, outubro 15, 2004
Week-end à Rome
Week-end à Rome, tous les deux sans personne
Florence, Milan, s'il y a le temps
Week-end rital, en bagnole de fortune
Variété mélo à la radio
Week-end rital, Paris est sous la pluie
Bonheur, soupirs, chanson pour rire
Chanson ritale, humm, chanson ritale pour une escale
Week-end à Rome
Afin de coincer la bulle dans ta bulle
D'poser mon coeur bancal dans ton bocal, ton aquarium
Une escapade à deux, la pluie m'assomme
L'gris m'empoisonne, week-end à Rome
Pour la douceur de vivre, et pour le fun
Puisqu'on est jeunes, week-end rital
Retrouver le sourire, j'préfère te dire
J'ai failli perdre mon sang froid
Humm, j'ai failli perdre mon sang froid
Oh j'voudrais, j'voudrais
J'voudrais coincer la bulle dans ta bulle
Poser mon coeur bancal dans ton bocal, ton aquarium
Humm, chanson ritale pour une escale
Oh, j'voudrais tant
J'voudrais tant coincer la bulle dans ta bulle
Et traîner avec toi qui ne ressemble à personne
Etienne Daho
Florence, Milan, s'il y a le temps
Week-end rital, en bagnole de fortune
Variété mélo à la radio
Week-end rital, Paris est sous la pluie
Bonheur, soupirs, chanson pour rire
Chanson ritale, humm, chanson ritale pour une escale
Week-end à Rome
Afin de coincer la bulle dans ta bulle
D'poser mon coeur bancal dans ton bocal, ton aquarium
Une escapade à deux, la pluie m'assomme
L'gris m'empoisonne, week-end à Rome
Pour la douceur de vivre, et pour le fun
Puisqu'on est jeunes, week-end rital
Retrouver le sourire, j'préfère te dire
J'ai failli perdre mon sang froid
Humm, j'ai failli perdre mon sang froid
Oh j'voudrais, j'voudrais
J'voudrais coincer la bulle dans ta bulle
Poser mon coeur bancal dans ton bocal, ton aquarium
Humm, chanson ritale pour une escale
Oh, j'voudrais tant
J'voudrais tant coincer la bulle dans ta bulle
Et traîner avec toi qui ne ressemble à personne
Etienne Daho
quinta-feira, outubro 14, 2004
quarta-feira, outubro 13, 2004
Os livros de que se fala
No "Tout le Monde en Parle" deste domingo foram apresentados pelos seus autores dois novos livros que prometem:
"La télévision au pouvoir" é um livro de Dominique Wolton um investigador do CNRS especialista em comunicação social que apresenta uma perspectiva da televisão fora do comum, sendo essa perspectiva mais optimista do que a crítica geralmente feita às televisões. Objecto de algumas reservas de Pedro Caeiro do Mar Salgado, uma das vantagens da televisão segundo Wolton é que uma mentira não pode ser proferida indefinidamente na televisão. O assunto da minha entrada anterior é disso um exemplo, o problema é que a mentira só se tornou evidente tarde demais.
"Nous existons encore" é o testemunho de Annick Kayitesi, uma tutsi Ruandesa que descreve os dias infernais em que a sua família e os seus amigos foram torturados e mortos à sua frente, a forma como conseguiu sobreviver ao massacre organizado pelos Utus e a sua fuga para França onde começou a reorganizar a sua vida a partir do zero.
Por cá, a Sofia Vilarigues do blogue Fénix venceu o Prémio Literário Horácio Bento de Gouveia de 2003 com o seu livro "A conspiração dos Espelhos". Parabéns ;)
"La télévision au pouvoir" é um livro de Dominique Wolton um investigador do CNRS especialista em comunicação social que apresenta uma perspectiva da televisão fora do comum, sendo essa perspectiva mais optimista do que a crítica geralmente feita às televisões. Objecto de algumas reservas de Pedro Caeiro do Mar Salgado, uma das vantagens da televisão segundo Wolton é que uma mentira não pode ser proferida indefinidamente na televisão. O assunto da minha entrada anterior é disso um exemplo, o problema é que a mentira só se tornou evidente tarde demais.
"Nous existons encore" é o testemunho de Annick Kayitesi, uma tutsi Ruandesa que descreve os dias infernais em que a sua família e os seus amigos foram torturados e mortos à sua frente, a forma como conseguiu sobreviver ao massacre organizado pelos Utus e a sua fuga para França onde começou a reorganizar a sua vida a partir do zero.
Por cá, a Sofia Vilarigues do blogue Fénix venceu o Prémio Literário Horácio Bento de Gouveia de 2003 com o seu livro "A conspiração dos Espelhos". Parabéns ;)
segunda-feira, outubro 11, 2004
Desmontado o cenário apocalítico das ADM no Iraque
Durante o processo de inspecções do Iraque lideradas por Hans Blix existiu uma constante pressão da administração Bush para montar um cenário de uma suposta ameaça apocalíptica da parte do Iraque sobre o mundo ocidental, os EUA e Israel em particular. Esse cenário em que supostamente armas de destruição em massa (ADM) estariam prontas a ser disparadas em 45 minutos nunca foi verificado por qualquer observação dos inspectores no Iraque liderados por Hans Blix, nem pelos melhores especialistas mundiais de ADM (Departamento de Energia dos EUA, DE; Institute for Science and International Security, ISIS; e Agência Internacional de Energia Atómica, AIEA). Por outro lado a tentativa de montar um cenário apocalíptico por parte dos EUA e do Reino Unido não é uma simples opinião política, essa tentativa foi bem real, está documentada e registada e ironicamente acabou por obter resultados em países em que existe um défice de consciência crítica e de falta de rigor dos políticos em assuntos de carácter científico, como em Portugal.
Hans Blix no seu livro "Irak, les armes introuvables" descreve com detalhe e de uma forma muito fundamentada as ilusões que a propaganda americana e britânica impingiram ao mundo com algum sucesso. Depois do anúncio da comissão americana de inspecções de armamento no Iraque de que não existiam ADM, todos os argumentos apresentados pela administração Bush parecem hoje particularmente ridículos e falsos. No entanto convém recordar os argumentos que sustentaram a existência de ADM no Iraque, para que não caiam no esquecimento:
1- Uma ogiva para explosivos de fragmentação para mísseis de curto alcance encontrada numa sucata de uma fábrica encerrada e decadente. Supostamente serviria para espalhar agentes químicos. Não foi encontrado qualquer vestígio de agentes químicos ou biológico na ferrugem dos restos da ogiva.
2- Um drone com um raio de acção de controlo a partir do solo de 8 km, cuja capacidade de carga útil era inferior a 20 kg. Supostamente serviria para espalhar agentes químicos. Com uma carga útil de 20 kg e um raio de controlo de 8 km deveria ser para matar pássaros na periferia de Bagdad...
3- Tubos de alumínio para enriquecimento de urânio por centrifugação - Foram comprados ilegalmente, mas serviam para a construção de foguetes. O DE e AIEA declararam vezes sem conta que aqueles tubos não serviam para as centrifugadoras. Um dos inspectores americanos depois intervenção no Iraque sugeriu que fossem utilizados em canalizações...
4- "Yellow stone" ou urânio natural supostamente importados pelo Iraque ao Niger é um material cuja utilização em armas nucleares requer um tratamento industrial complexo que a caduca indústria Iraquiana nunca poderia executar. O mais engraçado, é que a suposta importação de "yellow stone" por parte do Iraque é baseada num recibo apresentado pela administração americana e que se provou ser uma falsificação. A administração Bush declarou mais tarde que "alguém" falsificou esse recibo, eles só o tinham apresentado. Nunca se soube quem era esse "alguém". É outra forma de dizer "não sei quem FUI"...
5- Os famosos camiões de armas biológicas apresentados por Powell na ONU, como se veio a confirmar no fim da guerra, eram camiões de transporte de hidrogénio utilizados em balões meteorológicos de alta altitude. Já assisti a um lançamento de um balão a hidrogénio desse tipo e posso garantir que é algo de muito corrente o facto do enchimento ser feito por camiões. Mas o pior de toda esta história é que a ISIS, os especialistas em armas biológicas dos EUA, da Rússia e do Iraque disseram que aquela acusação só revelava uma ignorância tremenda dos serviços secretos britânicos. É que todos os especialistas em armas biológicas, inclusive os Iraquianos, consideravam a opção de utilização de camiões como uma opção perigosíssima, pois basta um pequeno acidente de trânsito para provocar uma catástrofe. O calor que se faz sentir no Iraque torna impraticável a utilização de laboratórios móveis que pudessem funcionar a uma temperatura aceitável sem adulterar os agentes biológicos.
Quase todas estas informações eram conhecidas antes da intervenção, mesmo assim avançou-se para o Iraque sob o pretexto das ADM. O cúmulo do propagandismo americano foi quando Condoleza Rice algumas semanas antes da intervenção no Iraque declarou: "as pessoas só vão dar razão aos EUA quando virem um cogumelo nuclear [produzido pelo Iraque]". Isto depois da AIEA, do DE dos EUA e da ISIS terem dado como finalizadas as inspecções de armas nucleares e como encerrado o programa nuclear Iraquiano...
Hans Blix no seu livro "Irak, les armes introuvables" descreve com detalhe e de uma forma muito fundamentada as ilusões que a propaganda americana e britânica impingiram ao mundo com algum sucesso. Depois do anúncio da comissão americana de inspecções de armamento no Iraque de que não existiam ADM, todos os argumentos apresentados pela administração Bush parecem hoje particularmente ridículos e falsos. No entanto convém recordar os argumentos que sustentaram a existência de ADM no Iraque, para que não caiam no esquecimento:
1- Uma ogiva para explosivos de fragmentação para mísseis de curto alcance encontrada numa sucata de uma fábrica encerrada e decadente. Supostamente serviria para espalhar agentes químicos. Não foi encontrado qualquer vestígio de agentes químicos ou biológico na ferrugem dos restos da ogiva.
2- Um drone com um raio de acção de controlo a partir do solo de 8 km, cuja capacidade de carga útil era inferior a 20 kg. Supostamente serviria para espalhar agentes químicos. Com uma carga útil de 20 kg e um raio de controlo de 8 km deveria ser para matar pássaros na periferia de Bagdad...
3- Tubos de alumínio para enriquecimento de urânio por centrifugação - Foram comprados ilegalmente, mas serviam para a construção de foguetes. O DE e AIEA declararam vezes sem conta que aqueles tubos não serviam para as centrifugadoras. Um dos inspectores americanos depois intervenção no Iraque sugeriu que fossem utilizados em canalizações...
4- "Yellow stone" ou urânio natural supostamente importados pelo Iraque ao Niger é um material cuja utilização em armas nucleares requer um tratamento industrial complexo que a caduca indústria Iraquiana nunca poderia executar. O mais engraçado, é que a suposta importação de "yellow stone" por parte do Iraque é baseada num recibo apresentado pela administração americana e que se provou ser uma falsificação. A administração Bush declarou mais tarde que "alguém" falsificou esse recibo, eles só o tinham apresentado. Nunca se soube quem era esse "alguém". É outra forma de dizer "não sei quem FUI"...
5- Os famosos camiões de armas biológicas apresentados por Powell na ONU, como se veio a confirmar no fim da guerra, eram camiões de transporte de hidrogénio utilizados em balões meteorológicos de alta altitude. Já assisti a um lançamento de um balão a hidrogénio desse tipo e posso garantir que é algo de muito corrente o facto do enchimento ser feito por camiões. Mas o pior de toda esta história é que a ISIS, os especialistas em armas biológicas dos EUA, da Rússia e do Iraque disseram que aquela acusação só revelava uma ignorância tremenda dos serviços secretos britânicos. É que todos os especialistas em armas biológicas, inclusive os Iraquianos, consideravam a opção de utilização de camiões como uma opção perigosíssima, pois basta um pequeno acidente de trânsito para provocar uma catástrofe. O calor que se faz sentir no Iraque torna impraticável a utilização de laboratórios móveis que pudessem funcionar a uma temperatura aceitável sem adulterar os agentes biológicos.
Quase todas estas informações eram conhecidas antes da intervenção, mesmo assim avançou-se para o Iraque sob o pretexto das ADM. O cúmulo do propagandismo americano foi quando Condoleza Rice algumas semanas antes da intervenção no Iraque declarou: "as pessoas só vão dar razão aos EUA quando virem um cogumelo nuclear [produzido pelo Iraque]". Isto depois da AIEA, do DE dos EUA e da ISIS terem dado como finalizadas as inspecções de armas nucleares e como encerrado o programa nuclear Iraquiano...
sábado, outubro 09, 2004
Sábado em Coimbra XVII: o enigma da Romã
Hoje de manhã no mercado ao reparar na enorme oferta de romãs, lembrei-me de uma descoberta simpática que fiz com um ex-colega libanês com quem almoçava diariamente quando trabalhei no CNRS de Estrasburgo. Para espanto nosso, o raro fruto que em francês ambos chamávamos grenadine pronunciava-se romã tanto em português como em árabe. Ao chegar do mercado decidi clarificar o enigma da origem da palavra. Tal como desconfiava, romã é uma palavra latina que foi absorvida pelos árabes. Em latim era a maçã romana ou mala romana.
Sábado em Coimbra XVI
Sábado em Coimbra XVI
quinta-feira, outubro 07, 2004
O "contraditório" não se aplica à RTP
O argumento do "contraditório" aplicado a uma televisão privada como a TVI é sem dúvida ridículo, mas em relação à estatal RTP a coisa deveria piar mais fino, sendo ela paga por todos nós.
Quem é que faz o contraditório desta astróloga que tem 15 min de antena por dia, 75 min por semana?
(Diariamente na RTP 1 entre as 10h e as 13h, a senhora astróloga Cristina Candeias tem 15 generosos minutos de tempo de antena)
Como "contraditório" a esta senhora bastaria um simples livro de astronomia ou de estatística do secundário para desmontar todos os seus mecanismos de charlatanice básica. Mas não, ela tem mais tempo de antena por semana numa estação pública que Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, mais tempo de antena que outras formas de espiritualidade reconhecidas pelo estado como o Judaísmo e o Islão, mais tempo de antena do que qualquer investigador ou professor, para transmitir as suas consultas astrológicas em directo fazendo publicidade de uma forma gratuita à sua actividade profissional fora da RTP . Tudo isto sem o tal "contraditório", aldrabando e deturpando alegremente conceitos ensinados em qualquer escola secundária pública e ainda recebendo por isso. Mas pelos vistos o Prof. Marcelo é uma pior ameaça para país, a propagação da estupidez não interessa muito ao governo, aliás o primeiro-ministro até vai à bruxa e usa pulseirinha de boa-sorte.
Quem é que faz o contraditório desta astróloga que tem 15 min de antena por dia, 75 min por semana?
(Diariamente na RTP 1 entre as 10h e as 13h, a senhora astróloga Cristina Candeias tem 15 generosos minutos de tempo de antena)
Como "contraditório" a esta senhora bastaria um simples livro de astronomia ou de estatística do secundário para desmontar todos os seus mecanismos de charlatanice básica. Mas não, ela tem mais tempo de antena por semana numa estação pública que Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, mais tempo de antena que outras formas de espiritualidade reconhecidas pelo estado como o Judaísmo e o Islão, mais tempo de antena do que qualquer investigador ou professor, para transmitir as suas consultas astrológicas em directo fazendo publicidade de uma forma gratuita à sua actividade profissional fora da RTP . Tudo isto sem o tal "contraditório", aldrabando e deturpando alegremente conceitos ensinados em qualquer escola secundária pública e ainda recebendo por isso. Mas pelos vistos o Prof. Marcelo é uma pior ameaça para país, a propagação da estupidez não interessa muito ao governo, aliás o primeiro-ministro até vai à bruxa e usa pulseirinha de boa-sorte.
quarta-feira, outubro 06, 2004
A propósito de Kennedy
A excelente cadeia de televisão ARTE passa hoje uma reportagem de 75 min sobre o assassinato de JFK às 19.45 h (a hora é chata, mas é melhor do que assistir a câmaras de televisão a assanharem pobres de espírito nos nossos telejornais). Esta reportagem é integrada numa série sobre assassinatos políticos (Luther King, Rabin, Gandhi etc.) a transmitir todas as quartas, a que a ARTE chama "Les mercredis de l'histoire".
Só nestas "Quartas-feiras da História", a ARTE transmite mais reportagens e debates sobre a história de Portugal que todas as televisões portuguesas juntas. As melhores reportagens que vi sobre história de Portugal eram reportagens alemãs e francesas produzidas pela ARTE.
Só nestas "Quartas-feiras da História", a ARTE transmite mais reportagens e debates sobre a história de Portugal que todas as televisões portuguesas juntas. As melhores reportagens que vi sobre história de Portugal eram reportagens alemãs e francesas produzidas pela ARTE.
Tudo ao contrário: auto-estradas e petróleo
1- Portugal do ponto de vista energético é dos países da União Europeia que mais depende do petróleo, que é uma matéria prima que importamos na totalidade.
2- Portugal tem uma das piores redes de auto-estradas e de estradas nacionais da UE (e já conto com os novos 10 países da UE), e possui a segunda taxa de sinistralidade mais elevada. Esta sinistralidade deve-se sobretudo aos acidentes nas estradas nacionais, pois as auto-estradas portuguesas possuem uma sinistralidade comparável à média da UE.
Perante estes dois factos seria muito mais lógico Portugal fazer um esforço de obtenção de receitas taxando mais o petróleo em vez de taxar as auto-estradas. Deste modo, penalizava-se o uso de combustíveis fósseis que não produzimos e aproveitavam-se as receitas para pagar as auto-estradas e para transformar a rede transportes públicos para operarem com energias renováveis. A longo prazo reduziríamos a dependência do petróleo, logo as importações, logo perderíamos menos dinheiro e o ambiente agradeceria.
Mas não, faz-se tudo ao contrário! Debitam-se expressões infantis como o "utilizador-pagador", como quem diz "gostas de amoras-então já namoras", que são tanto ao gosto dos populistas recém chegados ao governo. Aliás, com um novo Ministro das Obras Públicas que veio da GALP, a questão de taxar preferencialmente os combustíveis fósseis deixa automaticamente de ser ponderada. E por aqui andaremos nós mais uns anos a penar, num país com problemas de dinamismo, com o problema mais grave de centralismo da EU, a pagar as portagens mais caras da Europa em auto-estradas vazias, a beber desalmadamente petróleo importado, esquecendo que em breve temos que mudar radicalmente os nossos hábitos de consumo de energia, até ao dia em que alguém responsável perceber em que buraco nos metemos.
2- Portugal tem uma das piores redes de auto-estradas e de estradas nacionais da UE (e já conto com os novos 10 países da UE), e possui a segunda taxa de sinistralidade mais elevada. Esta sinistralidade deve-se sobretudo aos acidentes nas estradas nacionais, pois as auto-estradas portuguesas possuem uma sinistralidade comparável à média da UE.
Perante estes dois factos seria muito mais lógico Portugal fazer um esforço de obtenção de receitas taxando mais o petróleo em vez de taxar as auto-estradas. Deste modo, penalizava-se o uso de combustíveis fósseis que não produzimos e aproveitavam-se as receitas para pagar as auto-estradas e para transformar a rede transportes públicos para operarem com energias renováveis. A longo prazo reduziríamos a dependência do petróleo, logo as importações, logo perderíamos menos dinheiro e o ambiente agradeceria.
Mas não, faz-se tudo ao contrário! Debitam-se expressões infantis como o "utilizador-pagador", como quem diz "gostas de amoras-então já namoras", que são tanto ao gosto dos populistas recém chegados ao governo. Aliás, com um novo Ministro das Obras Públicas que veio da GALP, a questão de taxar preferencialmente os combustíveis fósseis deixa automaticamente de ser ponderada. E por aqui andaremos nós mais uns anos a penar, num país com problemas de dinamismo, com o problema mais grave de centralismo da EU, a pagar as portagens mais caras da Europa em auto-estradas vazias, a beber desalmadamente petróleo importado, esquecendo que em breve temos que mudar radicalmente os nossos hábitos de consumo de energia, até ao dia em que alguém responsável perceber em que buraco nos metemos.
terça-feira, outubro 05, 2004
Já temos Nobel da Física
Três americanos com genes da europa central e de leste: David J. Gross, H. David Politzer e Frank Wilczek. Mais um nobel para o MIT, em conjunto com o CIT de Pasadena e a Universidade da Califórnia em Santa Bárbara.
segunda-feira, outubro 04, 2004
Apocalipses destes nem na Bíblia
O telescópio de raios X da ESA, o XMM-Newton, observou uma colisão frontal entre dois aglomerados de galáxias que destruiu milhares de galáxias e milhões de estrelas. A seguir ao Big Bang, este é o fenómeno cósmico capaz de libertar mais energia (gif de animação da NASA).
Os livros de que se fala
Já falei aqui várias vezes no programa "Tout Le Monde En Parle" (TV5, domingos às 23.50), aquele que eu classifico como provavelmente o melhor talk-show do mundo. A incomparável rentrée literária francesa tem um espaço especial neste programa, tal como os novos discos, os novos filmes, as novas peças de teatro. Tudo num ambiente descontraído e de aceso debate, só como em França. Em que outro talk-show do planeta podemos ver debates entre americanos (às vezes anti-franceses) e franceses (às vezes anti-americanos)?
Este domingo, mais dois livros que me parecem ser muito interessantes:
"Le Guignol et Le Magistrat", Philippe Bilger & Bruno Gaccio, Flammarion. Bruno Gaccio é um dos produtores das "guignoles" (o equivalente francês dos bonecos da Contra-Informação) e Philippe Bilger é um destacado magistrado francês. Em conjunto e em jeito de confrontação ambos produzem um texto interessantíssimo sobre a liberdade de expressão nos meios de comunicação. Como estamos longe do nosso portugaleco das TVIs a filmar os "populares" assanhados...
"What We've Lost", de Graydon Carter (editor da Vanity Fair). Trata-se de uma reflexão sobre os danos causados na democracia americana pela ideologia que se implantou nos EUA a pretexto do 11 de Setembro.
Este domingo, mais dois livros que me parecem ser muito interessantes:
"Le Guignol et Le Magistrat", Philippe Bilger & Bruno Gaccio, Flammarion. Bruno Gaccio é um dos produtores das "guignoles" (o equivalente francês dos bonecos da Contra-Informação) e Philippe Bilger é um destacado magistrado francês. Em conjunto e em jeito de confrontação ambos produzem um texto interessantíssimo sobre a liberdade de expressão nos meios de comunicação. Como estamos longe do nosso portugaleco das TVIs a filmar os "populares" assanhados...
"What We've Lost", de Graydon Carter (editor da Vanity Fair). Trata-se de uma reflexão sobre os danos causados na democracia americana pela ideologia que se implantou nos EUA a pretexto do 11 de Setembro.
sábado, outubro 02, 2004
Sábado em Coimbra XVI: no video clube Avenida
..."as Invasões Bárbaras de Denys Arcand"..."olha, o Declínio do Império Americano, outro do Arcand, ando há anos para ver este filme".
Fica na prateleira.
"Os Idiotas do Von Trier, este fica já escolhido"...
"Intimidade, já vimos", "tu viste, eu estava a escrever a tese e ia só espreitando"...
"Romance X com o Rocco também já vimos, uma bela seca".
Os Hitchcocks da prateleira de baixo também não convencem.
Olho para um Spike Lee e fico calado, não quero impor mais uma escolha.
"A Minha Mulher é uma Actriz, do Yvan Attal, o mesmo realizador de Casaram e Tiveram Muitos Filhos, aquele filme de que te falei com a Charlotte Gainsbourg", "não conheço, mas levamos, passo a conhecer!"
Sábado em Coimbra XV
Fica na prateleira.
"Os Idiotas do Von Trier, este fica já escolhido"...
"Intimidade, já vimos", "tu viste, eu estava a escrever a tese e ia só espreitando"...
"Romance X com o Rocco também já vimos, uma bela seca".
Os Hitchcocks da prateleira de baixo também não convencem.
Olho para um Spike Lee e fico calado, não quero impor mais uma escolha.
"A Minha Mulher é uma Actriz, do Yvan Attal, o mesmo realizador de Casaram e Tiveram Muitos Filhos, aquele filme de que te falei com a Charlotte Gainsbourg", "não conheço, mas levamos, passo a conhecer!"
Sábado em Coimbra XV
sexta-feira, outubro 01, 2004
A melhor notícia para o planeta dos últimos anos
Essa notícia é que a Rússia irá ratificar o protocolo de Quioto. Ao ratificar o protocolo a Rússia dá dois contributos importantíssimos para um melhor futuro do planeta:
1 - Sendo um dos países que mais polui no mundo (responsável por cerca de 6 % de poluição equivalente CO2), a Rússia ao aceitar as condições do protocolo estará vinculada a implementar medidas importantíssimas que irão reduzir o seu volume emissões poluentes nos próximos anos. Isso é excelente para a saúde do planeta!
2- Com a adesão da Rússia o protocolo de Quioto ganha estatuto internacional. Para obter esse estatuto o protocolo precisava de um número mínimo de países aderentes, condição que já se verificava, e de uma percentagem mínima da população do mundo, com a adesão da Rússia essa percentagem mínima foi ultrapassada.
Os louros desta decisão da Rússia vão em grande parte para a União Europeia, que tem pressionado constantemente o governo russo a tomar esta decisão.
A notícia poderia ser ainda melhor se os dois países que mais poluem o planeta aderissem a este tratado: os EUA (25 % da poluição global) e a China (14%).
1 - Sendo um dos países que mais polui no mundo (responsável por cerca de 6 % de poluição equivalente CO2), a Rússia ao aceitar as condições do protocolo estará vinculada a implementar medidas importantíssimas que irão reduzir o seu volume emissões poluentes nos próximos anos. Isso é excelente para a saúde do planeta!
2- Com a adesão da Rússia o protocolo de Quioto ganha estatuto internacional. Para obter esse estatuto o protocolo precisava de um número mínimo de países aderentes, condição que já se verificava, e de uma percentagem mínima da população do mundo, com a adesão da Rússia essa percentagem mínima foi ultrapassada.
Os louros desta decisão da Rússia vão em grande parte para a União Europeia, que tem pressionado constantemente o governo russo a tomar esta decisão.
A notícia poderia ser ainda melhor se os dois países que mais poluem o planeta aderissem a este tratado: os EUA (25 % da poluição global) e a China (14%).
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