Numa altura em que a Europa ultrapassou vertiginosamente a produção científica dos EUA, a realização do Nuclear Science Symposium (NSS) do IEEE pela segunda vez na Europa, em Roma (a primeira foi em Lyon em 2000), tem um significado especial. O NSS é a conferência científica internacional de maior prestígio nas áreas da física nuclear, da astrofísica e da medicina. O grande desenvolvimento que teve a física nuclear a partir dos anos 30 serviu de motor para o desenvolvimento da medicina nuclear e da instrumentação para astrofísica. Os princípios que são utilizados na física nuclear são os mesmos princípios que são utilizados no desenvolvimento de muita da instrumentação hospitalar de ponta e na concepção de telescópios espaciais utilizados para detectar radiação e partículas de altas energias, como os raios X, os raios gama, protões, etc. É por este motivo que a instrumentação médica e a instrumentação para astronomia e astrofísica ganham cada vez um espaço mais importante numa conferência que começou por ser apenas dedicada à física nuclear.
O Grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear, onde trabalho em Coimbra, é um participante habitual do NSS há cerca de 20 anos. Este ano participo com dois trabalhos numa sessão intitulada "Imaging Systems for Medical, Astrophysics and Cargo Monitoring Applications". Na sala dos computadores tive um encontro bloguístico do terceiro grau com o Nuno da Aba de Heisenberg que participa nas sessões dedicadas à medicina nuclear.
O avanço da ciência vive muito deste tipo de conferências internacionais em que os investigadores apresentam aos seus pares de outros países o fruto de um ou mais anos de trabalho. A discussão, a crítica e a troca de ideias geradas pelos trabalhos apresentados contribuem para a melhoria do trabalho futuro de investigação de cada investigador. Depois da conferência os trabalhos com melhor qualidade são propostos a publicação numa revista científica internacional, onde um júri composto por investigadores experientes avalia e autoriza a publicação dos trabalhos com qualidade. Hoje em dia, a ciência moderna avança deste modo, através do somatório de pequenas contribuições de muitos cientistas espalhados por todo o globo.
Depois de organizarmos um evento como o campeonato da Europa de futebol ficaria bem Portugal organizar um NSS, que é uma espécie de campeonato do mundo de física nuclear. Os meios necessários são ínfimos comparados com o Euro2004, bastaria um grande e moderno espaço de exposições ligado ou próximo de um hotel de grande capacidade. Gostaria muito de ver um dia um NSS organizado em Coimbra, mas é um sonho distante.
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