A Couraça de Lisboa é talvez a minha rua preferida de Coimbra. Desde logo porque nem sequer se chama rua chama-se couraça. Mas a Couraça é sobretudo especial porque é uma rua que fala connosco enquanto por ela caminhamos. A Couraça fala-nos sempre coisas diferentes, se levamos sapatilhas as suas pedras dizem-nos uma coisa se levamos sapatos de tacão de madeira dizem-nos outras. Na secção junto ao Departamento de Física, a Couraça é secreta e fala-nos coisas ao ouvido, sobretudo de madrugada, na restante calçada que se estende até à baixa a Couraça manda-nos olhar para o Mondego e aponta para lá do horizonte. Nesses momentos consigo ver as cidades invisíveis de Marco Polo, vejo Casanova de comboio com esquiços de geometria e Galileu a polir as suas lentes.
Sábado em Coimbra XIX
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