Quando vivi em Estrasburgo costumava ir a um bar chamado "Sous-sol", era um bar frequentado heteros, homossexuais, lésbicas, travestis, etc., enfim todas as variedades e sabores da cromodinâmica que rege a sexualidade. Nesse bar, por vezes havia campanhas de informação sobre a SIDA. À porta havia sempre um cestinho discreto com preservativos que podiam ser solicitados pelos clientes. Os empregados do bar também participavam nesse esforço de combate contra a SIDA. Ao servirem as bebidas aos casais que se sentavam ao balcão serviam igualmente uma mão cheia de preservativos, independentemente dos casais darem sinais de serem namorados ou apenas amigos, o que valia às vezes pequenos embaraços momentâneos a quem não conhecia a filosofia da casa.
E qual é o esforço que se faz em Portugal? Em Coimbra frequento locais nocturnos, bares, discotecas, etc. e só muito esporadicamente me cruzei com campanhas contra a SIDA. Na rua onde moro, como descrevo na entrada anterior, a prostituição de clientelas de homens casados que não usam preservativos não tem qualquer acesso a campanhas contra a SIDA. Não há distribuição de preservativos nem de informação, não se vê uma carrinha de apoio com assistentes sociais. Vê-se sim esporadicamente um carro da polícia. Param vão chatear as senhoras com um ar de engatatões, claro não têm coragem para chatear os clientes que fazem coisas muito mais graves na avenida, arranques, picanços com o motor a fundo, circulam sem luzes, uma parte conduz viaturas que não cumprem o código e viaturas que andam a largar couves para o meio da estrada. Enfim, uma miséria franciscana sem descrição. Estas pessoas que representam agora o grupo social onde a SIDA mais se tem propagado em Portugal vivem num mundo à parte, um mundo folclórico, manhoso, arrogante e machista. Ali o combate à SIDA não chega e não é bem-vindo. Assim ela continua a alastrar...
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