quarta-feira, dezembro 01, 2004

A Figueira e o Monstro

Perante os últimos acontecimentos penso na Figueira, a minha pobre Figueira da Foz. É que Lisboa só teve dois anos de dose santanista e o país apenas quatro meses, mas a Figueira sofreu durante quatro anos o efeito devastador do furacão santanista. Quando Santana concluiu o seu mandato na Figueira fui uma das poucas vozes que tentou alertar para o descalabro que estava a acontecer na Figueira. Cheguei ao ponto de telefonar para o Fórum da TSF na sexta antes das últimas autárquicas onde tive oportunidade de alertar os lisboetas para o buraco monstruoso nas finanças que Santana deixou na Figueira. Mas, os meus conterrâneos figueirenses estavam embriagados. Tinham prazer em ver a sua cidade na televisão a qualquer preço. A euforia era tão grande que se Santana não fosse para Lisboa voltaria a ganhar na Figueira. Conheço muita gente do PS e PCP que votou Santana, mas conheço também pessoas do PSD que tiveram um contacto próximo com Santana na Figueira, e que nele tinham votado, mas que perceberam rapidamente o estado de caos financeiro, as constantes fugas para a frente no endividamento da câmara, o clientelismo, as obras adjudicadas à velocidade da luz sem critérios, etc. Mas a minha voz e a dessas pessoas foi abafada eficazmente. Ficou por investigar muita coisa importante: a adjudicação do Centro de Artes e Espectáculos (CAE), a legalidade das dívidas contraídas pela câmara e qual o seu real valor, a atribuição de cargos nas empresas municipais, a venda do terreno onde foi instalado o Jumbo, a anormal onda de visitas de inspectores das finanças às lojas de roupa onde o executivo camarário se ía abastecer com promessas de pagar depois e o enriquecimento súbito de vereadores que antes de ir para a câmara não tinham onde cair mortos. A eleição de seguida de Duarte Silva do PSD para a câmara não ajuda nada ao esclarecimento destas questões, durante os últimos quatro anos muitas das pistas úteis foram apagadas.

Da Figueira o que resta da passagem de Santana é um buraco financeiro profundo que dificultou muito o trabalho do executivo de Duarte Silva, são bairros de caixotes sem qualquer critério urbanístico, é a cidade a crescer selvaticamente para cima da Serra da Boa Viagem, são obras fúteis ou desajustadas à dimensão da cidade como o CAE, o pindérico arco "Figueira da Foz" à entrada da cidade, a multiplicação selvagem de hipermercados (a Figueira tem mais hipermercados que Coimbra) que teve como consequência a devastação do comércio tradicional e a ruína dos próprio espaço comercial dos hipermercados, pois a Figueira não tem capacidade para dar lucro a tanta oferta. A Figueira neste momento está incaracterística e perdida no meio de tanto erro. A Figueira está a "curtir" uma ressaca monstruosa provocada pela grande bebedeira chamada Santana Lopes.

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