segunda-feira, dezembro 12, 2011

Mais cortes em grandes projetos europeus de investigação

(publicado no portal Esquerda.net)

Depois de cortes anunciados nos orçamentos do CERN, do Acelerador Europeu de Sincrotrão, da Estação Espacial Internacional e do futuro telescópio espacial James Webb (estes sobretudo da parte dos EUA), segue-se agora a intenção da Comissão Europeia em retirar do orçamento da União Europeia o projeto ITER e o programa GMES.

No caso do ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor:Reator Termonuclear Experimental Internacional) justifica-se a decisão com as derrapagens nos custos de um projecto que inicialmente se estimou em cerca de 5 mil milhões de euros em 2006 e que se estima agora em cerca de 15 mil milhões de euros. O ITER tem como objectivo produzir energia através da fusão nuclear (em vez da fissão dos reactores das centrais nucleares) e é financiado conjuntamente pela UE (União Europeia), os EUA, a China, a Índia, a Rússia, a Coreia do Sul e o Japão. A contribuição da UE no período compreendido entre 2014 e 2020 eleva-se a cerca de 2,7 mil milhões de euros.

O GMES (Global Monitoring for Environment and Security: Monotorização Global para o Ambiente e a Segurança) será uma constelação de satélites europeia que observará a superfície da Terra e a atmosfera em contínuo auxiliando os serviços meteorológicos de toda a Europa de modo a que estes prestem informações mais precisas aos cidadãos, a empresas e a instituições. Esta constelação será também especialmente vocacionada para detectar indicadores das alterações climáticas: risco de inundações, erosão dos solos e da costa, colheitas e recursos piscícolas, poluição atmosférica, gases de efeito de estufa, icebergs e glaciares. O custo total do GMES é de cerca de 5,8 mil milhões de euros.

A Comissão Europeia propôs a reposição do financiamento do ITER e do GMES através de novas organizações europeias financiadas directamente pelos estados membros e apenas em parte pela UE. Oito estados membros, entre os quais a Alemanha, a França e a Itália protestaram contra a comissária responsável pela investigação, Máire Geoghegan-Quinn, invocando que esta decisão atrasaria os referidos projectos e comprometeria a sua coordenação, colocando em risco a sua continuidade. Mas o mais grave é que estas políticas de cortes cegos da Comissão Europeia ignoram por completo as potencialidades da ciência para a resolução da crise, para a criação de novas tecnologias, novas empresas e criação de emprego qualificado, contrariando os chamados Objectivos de Barcelona que definem as linhas directoras do investimento em ciência na Europa. Lamentavelmente, esta Comissão considera mais a ciência como um problema do que propriamente uma solução para tirar a Europa da crise.

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