Depois de cortes anunciados nos orçamentos do CERN, do Acelerador Europeu de Sincrotrão, da Estação Espacial Internacional e do futuro telescópio espacial James Webb (estes sobretudo da parte dos EUA), segue-se agora a intenção da Comissão Europeia em retirar do orçamento da União Europeia o projeto ITER e o programa GMES.
No caso do ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor:Reator Termonuclear Experimental Internacional) justifica-se a decisão com as derrapagens nos custos de um projecto que inicialmente se estimou em cerca de 5 mil milhões de euros em 2006 e que se estima agora em cerca de 15 mil milhões de euros. O ITER tem como objectivo produzir energia através da fusão nuclear (em vez da fissão dos reactores das centrais nucleares) e é financiado conjuntamente pela UE (União Europeia), os EUA, a China, a Índia, a Rússia, a Coreia do Sul e o Japão. A contribuição da UE no período compreendido entre 2014 e 2020 eleva-se a cerca de 2,7 mil milhões de euros.
O GMES (Global Monitoring for Environment and Security: Monotorização Global para o Ambiente e a Segurança) será uma constelação de satélites europeia que observará a superfície da Terra e a atmosfera em contínuo auxiliando os serviços meteorológicos de toda a Europa de modo a que estes prestem informações mais precisas aos cidadãos, a empresas e a instituições. Esta constelação será também especialmente vocacionada para detectar indicadores das alterações climáticas: risco de inundações, erosão dos solos e da costa, colheitas e recursos piscícolas, poluição atmosférica, gases de efeito de estufa, icebergs e glaciares. O custo total do GMES é de cerca de 5,8 mil milhões de euros.
A Comissão Europeia propôs a reposição do financiamento do ITER e do GMES através de novas organizações europeias financiadas directamente pelos estados membros e apenas em parte pela UE. Oito estados membros, entre os quais a Alemanha, a França e a Itália protestaram contra a comissária responsável pela investigação, Máire Geoghegan-Quinn, invocando que esta decisão atrasaria os referidos projectos e comprometeria a sua coordenação, colocando em risco a sua continuidade. Mas o mais grave é que estas políticas de cortes cegos da Comissão Europeia ignoram por completo as potencialidades da ciência para a resolução da crise, para a criação de novas tecnologias, novas empresas e criação de emprego qualificado, contrariando os chamados Objectivos de Barcelona que definem as linhas directoras do investimento em ciência na Europa. Lamentavelmente, esta Comissão considera mais a ciência como um problema do que propriamente uma solução para tirar a Europa da crise.
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