Ando a ler "To the Castle and Back", um livro de memórias de Vaclav (pronuncia-se Vatslav) Havel, e por mero acaso estava a ler a passagem sobre o seu primeiro discurso ao Parlamento Europeu em 1994 quando tomei conhecimento do ridículo discurso do primeiro-ministro Topolanek sobre as medidas de Obama para combater a crise. O seguidismo atlantista não tem limites, mesmo depois de Bush, de Palin e de Rumsfeld terem sido varridos da política americana. Vale a pena ler a caracterização do discurso de Topolanek feita pela Ana Gomes. O discurso de Havel de 1994 contrasta fortemente com os discursos no Parlamento Europeu de Topolanek e do presidente Vaclav Klaus, um político do nível de Alberto João Jardim. Nas palavras de Havel de 1994 há o desejo de construir uma Europa mais forte, simplificando os tratados numa constituição clara (pag. 18) e elegendo um presidente que substituiria as presidências rotativas (pag. 19). O discurso de Havel é um verdadeiro discurso de estadista, mas estadista é coisa que neste momento não existe na Rep. Checa. Os discursos de Klaus e de Topolanek são discursos típicos de bloguistas assanhados, de café de esquina, de velhos casmurros que nunca saíram da sua capelinha e têm raiva de tudo o que não conhecem. O discurso de Topolanek só tem uma coisa positiva, é que o seu governo vai ficar a ver por um canudo o radar anti-mísseis americano. É um duplo castigo depois de ter perdido as eleições regionais em todo o país em grande medida por querer impor o mesmo radar à revelia da população.
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