Na resposta de Vasco Graça Moura (edição de 3 de Agosto do DN) a um desinteressante comentário de um leitor podemos ler o seguinte:
"na verdade, a esquerda tem defendido o terrorismo ao longo das décadas: (...) fê-lo na defesa do Hamas, da Al-Qaeda, ou do Hezbollah..."
Esfreguem bem os olhos. Leram bem Al-Qaeda, não leram?
Ora, se Vasco Graça Moura se desse ao trabalho de ler as páginas 48 à 54 da obra "Against all enemies" de Richard Clarke - coordenador da Security Infrastructure Protection and Counterterrorism entre 1998 e 2003 - poderia poupar-nos de mais uma estrondosa bojarda. Ao longo dessas 7 páginas Richard Clarke explica detalhadamente como a CIA escolheu, formou e apoiou Ben Laden e os talibãs. Clarke descreve detalhadamente o apoio dado aos grupos armados constituídos por aqueles que viriam a ser os talibãs, nomeadamente através do fornecimento de mísseis Stinger, mísseis esses que foram essenciais para aniquilar os helicópteros soviéticos Hind-D. Podemos ler como o falcão Richard Perle teve a brilhante ideia de criar campos de treino para mujahedines no Paquistão (tão uteis que foram depois para Ben Laden). E podemos ainda ler o processo de recrutamento de Ben Laden seguindo a sugestão dos serviços secretos sauditas.
Esta forma de inverter a realidade, de dar cambalhotas à história, de transmutar o agredido em agressor e vice-versa tem sido uma arma frequentemente utilizada pelos mais radicais defensores da administração Bush. Não espanta pois o resultado da famosa sondagem em que os americanos designaram maioritariamente como sendo iraquiana a nacionalidade dos autores do 11 de Setembro e não a nacionalidade dominante: a Saudita.
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