Entre os díspares NÃO franceses, o que mais pode reclamar vitória é o NÃO de parte do PS, de parte dos Verdes, da LCR e da Lutte Ouvrière. Os discursos da Europa das Nações de Le Pen, de De Villiers e de um punhado de neo-liberais não atraiu mais eleitores à causa do NÃO, eram os mesmos de sempre. Esse NÃO de esquerda que ganhou adeptos nas últimas semanas, foi o NÃO que exigia uma "Europa mais social". Apesar de ser de esquerda devo dizer que nunca simpatizei com este discurso, acho-o mal informado e algo populista. Não tenhamos ilusões, Fabius (PS) e Besancenot (LCR) são um autêntico deserto de ideias sobre a Europa, muitos dos seus assuntos de campanha eram provincianos e sem interesse para os não franceses, era um discurso essencialmente para a paróquia gaulesa.
Pedir à Europa apenas para ser mais social, é pedir muito pouco. Convém realçar que apesar de não ser nenhuma perfeição, a Europa de hoje quando comparada com outras regiões do mundo é um espaço geográfico mais ecológico, com mais qualidade de vida, mais sensível às mulheres, mais respeitadora da espiritualidade e da religião, mais sensível à sexualidade e muito mais do que apenas uma Europa Social. Com ou sem Tratado, a Europa deve continuar esta tradição, se não deixa de ser a Europa e passa a ser o Bobby do Tio Sam (Busca Bobby! Busca as armas no Iraque!). A esquerda tem obrigação de ser mais exigente, deve exigir mais das referidas saudáveis políticas em que é líder, mais Europa social obviamente, mas deve exigir sobretudo uma Europa mais defensora da diplomacia internacional, mais tecnológica, mais multicultural, mais aberta à imigração, mais científica e mais justa no mercado mundial em relação a parceiros mais fracos.
Não há nexcedidade de ficarmos histéricos
Ao contrário do que muitos defensores do SIM e do NÃO mais histéricos alegaram, não haverá nenhuma catástrofe se o Tratado Constitucional entrar ou não entrar em vigor. Qualitativamente a Europa deste Tratado muda pouco em relação à Europa depois do Tratado de Nice. Grosso modo a orientação política mantém-se. Agora, há que deixar os outros países que escolheram a via do referendo pronunciarem-se. Apesar do NÃO francês ser simbolicamente poderosíssimo, a França não é a UE. Mas existem já lições políticas a serem tiradas:
1- O pobre esforço da esmagadora maioria dos responsáveis políticos das instituições europeias para informar os cidadãos sobre o funcionamento da UE deveria ser alvo de uma severa reflexão. Talvez ensinando a UE na escola integrada numa disciplina de ciência política. Isto tudo não invalida o esforço individual que cada um deverá fazer no futuro para se informar.
2- Os referendos europeus deverão ser mais frequentes. Isso ajuda os eleitores a distinguir quando o seu voto é utilizado para o fim ao qual se destina o referendo da situação em que o seu voto é manipulado para fins de política interna. Além disso ajuda a limpar o debate político europeu de toxinas provincianas quando este é debatido por políticos nacionais.
terça-feira, maio 31, 2005
segunda-feira, maio 30, 2005
Breve história do NÃO na Europa
1965- De Gaulle recusa-se a participar nas reuniões do Conselho. Resolvido com o chamado compromisso do Luxemburgo em que o voto maioritário é substituído pelo voto por unanimidade nos casos em que um estado considere que "assuntos de importância fundamental" estão em causa.
1986- O Acto Único Europeu para a reforma das instituições e dos tratados é rejeitado pelo parlamento dinamarquês, mas aprovado pelos cidadãos dinamarqueses por Referendo.
1992- Por referendo a Dinamarca diz NÃO ao Tratado de Maastricht. Em 1993, os dinamarqueses voltam às urnas e aprovam o Tratado.
1994- A Noruega vota NÃO à sua adesão à União Europeia.
2000- A Dinamarca recusa o Euro por referendo.
2001- A Irlanda diz NÃO ao Tratado de Nice por referendo. Igualmente por referendo a Irlanda aprovou o Tratado em 2002
2003- A Suécia reprova a adesão ao Euro por referendo.
2005- A França chumba o Tratado Constitucional.
1986- O Acto Único Europeu para a reforma das instituições e dos tratados é rejeitado pelo parlamento dinamarquês, mas aprovado pelos cidadãos dinamarqueses por Referendo.
1992- Por referendo a Dinamarca diz NÃO ao Tratado de Maastricht. Em 1993, os dinamarqueses voltam às urnas e aprovam o Tratado.
1994- A Noruega vota NÃO à sua adesão à União Europeia.
2000- A Dinamarca recusa o Euro por referendo.
2001- A Irlanda diz NÃO ao Tratado de Nice por referendo. Igualmente por referendo a Irlanda aprovou o Tratado em 2002
2003- A Suécia reprova a adesão ao Euro por referendo.
2005- A França chumba o Tratado Constitucional.
domingo, maio 29, 2005
sexta-feira, maio 27, 2005
O NÃO das vírgulas e das vítimas
Voto NÃO por causa das vírgulas
Estou a apreciar toda aquela malta americanófila e apoiante do Partido Republicano que defende o NÃO à cata de todas as vírgulas do Tratado Constitucional. Não percam o balanço e sigam para os textos da Aliança Atlântica e apliquem a esses textos os mesmos padrões de exigência que estão a aplicar ao Tratado. O resultado seria sairmos da NATO ainda ontem!
Voto NÃO porque sou uma vítima
Já se sabe que ELES lá da Europa (apesar de sermos nós) são as forças do mal (até têm eixos e tudo) e ELES lá de Bruxelas (também somos nós, com presidente da comissão na manga e tudo) manobram as nossas televisões. Ora, os lobbies são permitidos pela UE e são as forças que manobram a sério em Bruxelas (e não somos nós). Esses já ninguém diz nada. Os cocktails oferecidos e organizados por eurodeputados (pagos por petrolíferas e afins) são porreiros, o melhor é culpar a Euronews ou a RTP por manobras de bastidores. Não vá a Constituição atrapalhar os cocktails.
O sítio do NÃO, apesar da boa iniciativa do autor para fomentar o debate, não passa de um imenso vazio de opiniões sobre a Europa, não se lê lá nada de novo. Os textos vão desde a vitimização dos defensores do NÃO até a uma furiosa busca da vírgula que denunciaria as intenções maléficas do Tratado, isto tudo polvilhado com doses altamente calóricas de Anti-francesismo.
Estou a apreciar toda aquela malta americanófila e apoiante do Partido Republicano que defende o NÃO à cata de todas as vírgulas do Tratado Constitucional. Não percam o balanço e sigam para os textos da Aliança Atlântica e apliquem a esses textos os mesmos padrões de exigência que estão a aplicar ao Tratado. O resultado seria sairmos da NATO ainda ontem!
Voto NÃO porque sou uma vítima
Já se sabe que ELES lá da Europa (apesar de sermos nós) são as forças do mal (até têm eixos e tudo) e ELES lá de Bruxelas (também somos nós, com presidente da comissão na manga e tudo) manobram as nossas televisões. Ora, os lobbies são permitidos pela UE e são as forças que manobram a sério em Bruxelas (e não somos nós). Esses já ninguém diz nada. Os cocktails oferecidos e organizados por eurodeputados (pagos por petrolíferas e afins) são porreiros, o melhor é culpar a Euronews ou a RTP por manobras de bastidores. Não vá a Constituição atrapalhar os cocktails.
O sítio do NÃO, apesar da boa iniciativa do autor para fomentar o debate, não passa de um imenso vazio de opiniões sobre a Europa, não se lê lá nada de novo. Os textos vão desde a vitimização dos defensores do NÃO até a uma furiosa busca da vírgula que denunciaria as intenções maléficas do Tratado, isto tudo polvilhado com doses altamente calóricas de Anti-francesismo.
Dica finlandesa para tratar do défice
Choca-me o valor do défice depois de tudo o que se discutiu. Algumas medidas de Sócrates vão no bom sentido, mas faltam medidas estruturais que possam catalizar o aparecimento de um "motor" que nos ajude a sair mais depressa e de uma forma mais consistente desta situação. A dica para esse "motor" vem da Finlândia:
"In the early 1990s, an economic crisis struck Finland. Until then, Finland had traditionally depended on the Soviet Union for up to a third of its exports. When the Soviet Union collapsed in 1991, as much as 25% of Finland’s export trade contracts became irrelevant virtually overnight. What followed was the deepest economic recession experienced by any European market economy since the second World War, as Finland’s unemployment rate rose from around 3-4% to nearly 20% within the space of a few months. At the same time, Finland’s foreign debt was virtually exploding.
The depth of the economic crisis in the early 1990s helped create a general national sense of urgency, which helped further bolster the role of science and technology policy in Finnish economic policy. By the early 1990s, the importance of technological development for societal and economic development had become widely accepted. There was a strong consensus regarding this issue. Thus, in spite of deep cuts being made elsewhere, the funding for science and technology remained the same and even grew. Because of the widespread sense of urgency, there was little resistance to this policy, even though it largely had to be funded by reallocating funds from other purposes and, notably, from privatisation of governmentowned
companies, as the soaring rate of government debt did not permit funding through loans."
"Towards 3%: attainment of the Barcelona target", European Academies, Science Advisory Council.
Os resultados na Finlândia destas políticas são conhecidos. Porque não apostar em algo que poderá dar frutos importantes a longo e a médio prazo? Como na ciência, por exemplo.
Ler sobre o modelo nórdico e ainda ler aqui. (Sob a Estrela do Norte).
"In the early 1990s, an economic crisis struck Finland. Until then, Finland had traditionally depended on the Soviet Union for up to a third of its exports. When the Soviet Union collapsed in 1991, as much as 25% of Finland’s export trade contracts became irrelevant virtually overnight. What followed was the deepest economic recession experienced by any European market economy since the second World War, as Finland’s unemployment rate rose from around 3-4% to nearly 20% within the space of a few months. At the same time, Finland’s foreign debt was virtually exploding.
The depth of the economic crisis in the early 1990s helped create a general national sense of urgency, which helped further bolster the role of science and technology policy in Finnish economic policy. By the early 1990s, the importance of technological development for societal and economic development had become widely accepted. There was a strong consensus regarding this issue. Thus, in spite of deep cuts being made elsewhere, the funding for science and technology remained the same and even grew. Because of the widespread sense of urgency, there was little resistance to this policy, even though it largely had to be funded by reallocating funds from other purposes and, notably, from privatisation of governmentowned
companies, as the soaring rate of government debt did not permit funding through loans."
"Towards 3%: attainment of the Barcelona target", European Academies, Science Advisory Council.
Os resultados na Finlândia destas políticas são conhecidos. Porque não apostar em algo que poderá dar frutos importantes a longo e a médio prazo? Como na ciência, por exemplo.
Ler sobre o modelo nórdico e ainda ler aqui. (Sob a Estrela do Norte).
quarta-feira, maio 25, 2005
"La Promesse": du Dardenne avant la Palme d'Or
"La Promesse" é um filme dos irmãos Dardenne ao qual tive o prazer de assistir ainda antes destes terem conseguido arrebatar a sua primeira Palma de Ouro com "Rosetta". "La Promesse" fala-nos sobre a crueldade a que estão sujeitos os imigrantes clandestinos. O desenrolar da acção passa-se na Bélgica, mas poderia passar-se em Portugal, certamente de uma forma mais folclórica. Perante a crueldade cometida sobre um imigrante, a resposta do jovem Igor parece ilustrar uma metáfora sobre a Europa de hoje. Os jovens, mais multiculturalistas que a geração dos pais, já não estão tão dispostos a erguer muros entre as pessoas baseados em critérios exclusivamente nacionalistas e grupais. O referendo ao Tratado Constitucional também é sobre isto.
terça-feira, maio 24, 2005
O açúcar que bebemos (caixa de comentários)
"O pior é que os bolos e outros doces dão realmente a ideia de estarem carregados de açucar. Os refrigerantes, por sua vez... ninguém pensa nisso.
A proibição de venda de refrigerantes nas escolas é outra medida que acho correcta. Se as crianças não conseguem olhar por elas, algúem tem que o fazer"
Carriço
"parece que cá na terrinha se passou da ideia de gordura-formosura ou pelo menos gordura=saúde - aliás não passou porque muita gente ainda acredita nisto e adora ver crianças "cheiinhas" - directamente para os efeitos da fast-food (muito açucar e muito sal) Não houve quase tempo de ficarmos elegantes. E ainda por cima praticamos pouco desporto de ar livre."
PC
"Foi feito um estudo nos EUA recentemente em que se conclui, sem surpresa, que o principal motivo para o obesidade das crianças é a ingestão excessiva de refrigerantes e não, como se poderia pensar, bolos ou outros "doces"."
Random
A proibição de venda de refrigerantes nas escolas é outra medida que acho correcta. Se as crianças não conseguem olhar por elas, algúem tem que o fazer"
Carriço
"parece que cá na terrinha se passou da ideia de gordura-formosura ou pelo menos gordura=saúde - aliás não passou porque muita gente ainda acredita nisto e adora ver crianças "cheiinhas" - directamente para os efeitos da fast-food (muito açucar e muito sal) Não houve quase tempo de ficarmos elegantes. E ainda por cima praticamos pouco desporto de ar livre."
PC
"Foi feito um estudo nos EUA recentemente em que se conclui, sem surpresa, que o principal motivo para o obesidade das crianças é a ingestão excessiva de refrigerantes e não, como se poderia pensar, bolos ou outros "doces"."
Random
segunda-feira, maio 23, 2005
domingo, maio 22, 2005
2001
Filme Klepsýdra da semana que agora finda, "2001: Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrick é um daqueles filmes obrigatórios para quem gosta de boa ficção científica. Baseado no livro do mesmo nome de Sir Arthur Clarke, 2001 é a primeira de uma série de quatro odisseias (2001, 2010, 2061 e 3001). 2010 também mereceu uma adaptação ao cinema por Peter Hyams, feita com alguma qualidade, mas longe do brilhantismo de 2001 do Mestre Kubrick. As gerações contemporâneas poderão achar o filme algo maçudo em certas passagens em que Kubrick, talvez deslumbrado pela qualidade que aqueles efeitos especiais tinham para a época, brinda o espectador com longas cenas em que se pode apreciar uma série de pormenores e particularidades das viagens espaciais tripuladas.
Fui um dos que revi o filme em 2001 e não deixa de ser curioso fazer uma comparação entre as previsões de Clarke em 1968 e a realidade em 2001. Apesar dos voos tripulados no espaço estarem muito mais atrasados do que a ficção de Clarke, o imenso computador de bordo composto de cristais rectangulares, o HAL 9000, foi já largamente ultrapassado pela tecnologia actual. Hoje um Pentium bateria o HAL 9000 aos pontos. Mas atenção, no filme o HAL 9000 fica muito esperto. A batota deve-se à proximidade do monólito.
Neste sítio é apresentada uma interpretação de 2001 em português.
sexta-feira, maio 20, 2005
Mundo de Aventuras XXVII
Vendedora de pérolas, Pequim, Janeiro de 2005
Aprendi as diferenças entre pérolas, a fancaria, as de viveiro e as do mar.
As pérolas negras não são do agrado dos chineses, dizem eles.
Nós, talvez influenciados pelo nosso passado gótico, gostamos.
A pérola negra, essa, tem por destino ornamentar o pescoço de quem se beija...
Mundo de Aventuras XXVI
O Presidente da Pró-Ordem deveria demitir-se
Faço minhas as palavras do Nuno na caixa de comentários da minha entrada "Casa Pia: depois da pedofilia, a astrologia!":
"...interessante ver a argumentação da dita "pró-ordem", procurando "desmentir as inverdades postas a circular", como se lê no destaque do respectivo site. Ficamos com a confirmação de que tudo o que é dito no post se passou mesmo! Aparentemente, tudo se justifica pelo facto dos professores terem gostado!"
Como se pode ler no sítio indicado, o Presidente da Pró-Ordem dos Professores ao tentar defender actos indefensáveis acabou por se enterrar ainda mais. Os associados da Pró-Ordem deveriam convocar uma reunião de urgência e pedir a demissão do seu Presidente. Seria mais fácil se ele próprio se demitisse e pedisse desculpa à Casa Pia.
"...interessante ver a argumentação da dita "pró-ordem", procurando "desmentir as inverdades postas a circular", como se lê no destaque do respectivo site. Ficamos com a confirmação de que tudo o que é dito no post se passou mesmo! Aparentemente, tudo se justifica pelo facto dos professores terem gostado!"
Como se pode ler no sítio indicado, o Presidente da Pró-Ordem dos Professores ao tentar defender actos indefensáveis acabou por se enterrar ainda mais. Os associados da Pró-Ordem deveriam convocar uma reunião de urgência e pedir a demissão do seu Presidente. Seria mais fácil se ele próprio se demitisse e pedisse desculpa à Casa Pia.
quinta-feira, maio 19, 2005
O Não, a Europa de Nações e a extrema-direita
"...para quem deseja uma Europa unida mas uma Europa de nações e não uma híbrida construção transnacional, pouco democrática, subordinada a um directório franco-alemão e a uma burocracia internacional que funciona, como todas as burocracias, para aumentar o seu poder." JPP, Abrupto, 18 de Maio de 2005.
Li todos os artigos de Pacheco Pereira sobre a Europa e sempre tive alguma dificuldade em perceber quais eram as suas ideias sobre o futuro da Europa, ideias que saíssem do seu discurso habitual em que resume a Europa a um cão de companhia dos EUA. Na transcrição acima consegui retirar uma ideia: "uma Europa unida, mas uma Europa de Nações". Ora, uma grande fatia dos subscritores do "Não" na Europa são nacionalistas e partidos de extrema-direita, curiosamente estas tendências políticas apelam ao mesmo tipo de modelo europeu: uma Europa unida sobre a matriz de uma Europa de nações. No cartaz ao lado do partido de extrema-direita da Independência Britânica (UKIP), favorável ao "Não", percebemos bem o que significa a Europa das nações para este tipo de movimentos. O UKIP di-lo abertamente, tal como a Frente Nacional de Le Pen, mas os restantes partidos nacionalistas europeus (no qual se enquadra o PP de Paulo Portas agora à nora com opções passadas) não o dizem mas pensam-no.
Atenção, não quero insinuar que Pacheco Pereira anda próximo da extrema-direita só porque esta também defende um "Não diferente do PCP e do BE", saliento apenas que é confrangedor perceber que o projecto Europeu defendido pela extrema-direita também apele à Europa de Nações.
A UE é a instituição internacional mais democrática em que Portugal participa, mas segundo JPP esta é "pouco democrática" e subordinada ao eixo Franco-Alemão (vá lá, desta vez não entra Moscovo no eixo). E a NATO é democrática? E não estão todos os países da NATO subordinados aos EUA? Todos conhecemos a JPP a defesa acérrima de quase todas as decisões unilaterais dos EUA dentro e fora da NATO. Estamos conversados.
JPP queixa-se da burocracia internacional, isto pode ter duas leituras. Se burocracia significa burocracia, as queixas de JPP não fazem muito sentido pois qualquer leitor de fim-de-semana do Tratado Constitucional percebe que a principal vantagem do Tratado é a simplificação do emaranhado de tratados que regem a Europa (o do Carvão e do Aço só expirou em 2002). Se burocracia internacional significa direito internacional (estou mais inclinado para esta hipótese) isso significa uma regressão na Europa, um regresso à tal Europa das nações e dos nacionalismos que puseram a ferro e fogo a Europa no início do sec. XX e significa uma Europa a caminhar no sentido dos mandamentos deste belo cartaz do UKIP e dos discursos do Paulo Portas. Dessa Europa não beberei!
PS- Não deixa de ser irónico que o Partido Democrata Liberal, herdeiro do liberalismo britânico, corrente muitas vezes objecto de elogios por parte de JPP, seja pelo "Sim". Fico com a sensação que JPP imagina que no Reino Unido existe um partido semi-liberal, como o Partido Republicano americano; um liberalismo total do ponto de vista económico (neo-liberalismo no jargão político) mas um conservadorismo do ponto de vista social, ou seja, o verdadeiro neo-conservadorismo.
Li todos os artigos de Pacheco Pereira sobre a Europa e sempre tive alguma dificuldade em perceber quais eram as suas ideias sobre o futuro da Europa, ideias que saíssem do seu discurso habitual em que resume a Europa a um cão de companhia dos EUA. Na transcrição acima consegui retirar uma ideia: "uma Europa unida, mas uma Europa de Nações". Ora, uma grande fatia dos subscritores do "Não" na Europa são nacionalistas e partidos de extrema-direita, curiosamente estas tendências políticas apelam ao mesmo tipo de modelo europeu: uma Europa unida sobre a matriz de uma Europa de nações. No cartaz ao lado do partido de extrema-direita da Independência Britânica (UKIP), favorável ao "Não", percebemos bem o que significa a Europa das nações para este tipo de movimentos. O UKIP di-lo abertamente, tal como a Frente Nacional de Le Pen, mas os restantes partidos nacionalistas europeus (no qual se enquadra o PP de Paulo Portas agora à nora com opções passadas) não o dizem mas pensam-no.
Atenção, não quero insinuar que Pacheco Pereira anda próximo da extrema-direita só porque esta também defende um "Não diferente do PCP e do BE", saliento apenas que é confrangedor perceber que o projecto Europeu defendido pela extrema-direita também apele à Europa de Nações.
A UE é a instituição internacional mais democrática em que Portugal participa, mas segundo JPP esta é "pouco democrática" e subordinada ao eixo Franco-Alemão (vá lá, desta vez não entra Moscovo no eixo). E a NATO é democrática? E não estão todos os países da NATO subordinados aos EUA? Todos conhecemos a JPP a defesa acérrima de quase todas as decisões unilaterais dos EUA dentro e fora da NATO. Estamos conversados.
JPP queixa-se da burocracia internacional, isto pode ter duas leituras. Se burocracia significa burocracia, as queixas de JPP não fazem muito sentido pois qualquer leitor de fim-de-semana do Tratado Constitucional percebe que a principal vantagem do Tratado é a simplificação do emaranhado de tratados que regem a Europa (o do Carvão e do Aço só expirou em 2002). Se burocracia internacional significa direito internacional (estou mais inclinado para esta hipótese) isso significa uma regressão na Europa, um regresso à tal Europa das nações e dos nacionalismos que puseram a ferro e fogo a Europa no início do sec. XX e significa uma Europa a caminhar no sentido dos mandamentos deste belo cartaz do UKIP e dos discursos do Paulo Portas. Dessa Europa não beberei!
PS- Não deixa de ser irónico que o Partido Democrata Liberal, herdeiro do liberalismo britânico, corrente muitas vezes objecto de elogios por parte de JPP, seja pelo "Sim". Fico com a sensação que JPP imagina que no Reino Unido existe um partido semi-liberal, como o Partido Republicano americano; um liberalismo total do ponto de vista económico (neo-liberalismo no jargão político) mas um conservadorismo do ponto de vista social, ou seja, o verdadeiro neo-conservadorismo.
quarta-feira, maio 18, 2005
O açúcar que bebemos
Sou um consumidor habitual de bebidas energéticas durante as minhas saídas nocturnas. Uma destas noites, à falta do habitual Red Bull, foi-me proposto o Red Bull light (sem açúcar), que aceitei. Olhei para a informação inscrita na lata desta bebida e nem queria acreditar no que os meus olhos viam: 8 kcal! Uma normal lata de 250 ml de Red Bull possui 110 kcal. No dia seguinte fui à pagina da Red Bull para ver as diferenças. Em relação aos ingredientes de base, um Red Bull light é igual a um normal Red Bull excepto no conteúdo de sacarose e glucose (açúcar), que é zero! Apesar do Red Bull light possuir dois adoçantes extra (acesulfame K e aspartame) que não são inofensivos, a quantidade de açúcar que se adiciona ao Red Bull normal, tal como à generalidade dos refrigerantes, é obscena. Uma lata de Coca-cola tem 140 kcal e a sua versão light tem cerca de 1,2 kcal! Uma garrafa de 1,5l de Fanta contem o equivalente a 23 colheres de açúcar!
Esta semana foi divulgada a notícia de que uma em cada três crianças portuguesas sofre de excesso de peso ou obesidade, um número escandaloso diga-se. E que tal limitar ou interditar o acesso das crianças a bebidas açucaradas pelo menos nas escolas primárias e secundárias?
Esta semana foi divulgada a notícia de que uma em cada três crianças portuguesas sofre de excesso de peso ou obesidade, um número escandaloso diga-se. E que tal limitar ou interditar o acesso das crianças a bebidas açucaradas pelo menos nas escolas primárias e secundárias?
terça-feira, maio 17, 2005
O Sonho Europeu II
Aqui, mais uma análise ao livro de Rifkin, "The European Dream", e não só. Recomendo especialmente ao Paulo César. Agradeço a referência ao leitor MP, nos EUA. Aqui fica um aperitivo:
"Consider a mug of American coffee. It is found everywhere. It can be made by anyone. It is cheap—and refills are free. Being largely without flavor it can be diluted to taste. What it lacks in allure it makes up in size. It is the most democratic method ever devised for introducing caffeine into human beings. Now take a cup of Italian espresso. It requires expensive equipment. Price-to-volume ratio is outrageous, suggesting indifference to the consumer and ignorance of the market. The aesthetic satisfaction accessory to the beverage far outweighs its metabolic impact. It is not a drink; it is an artifact."
Para um Europeu que vai aos EUA quase todas as coisas que encontra e que podem ser produzidas como artefactos (não falo de computadores, nem de mísseis), como é o caso dos alimentos, dão a sensação de serem de "plástico", de baixa qualidade, até os fast-food em geral têm um aspecto manhoso, cheiram mal e a comida é bem pior do que a das suas filiais europeias. Aqui vai a minha pergunta de economista leigo: será que esta diferença de qualidade não terá influência na desvalorização do Dólar face ao Euro, à medida que os dois mercados se vão ligando cada vez mais?
"Consider a mug of American coffee. It is found everywhere. It can be made by anyone. It is cheap—and refills are free. Being largely without flavor it can be diluted to taste. What it lacks in allure it makes up in size. It is the most democratic method ever devised for introducing caffeine into human beings. Now take a cup of Italian espresso. It requires expensive equipment. Price-to-volume ratio is outrageous, suggesting indifference to the consumer and ignorance of the market. The aesthetic satisfaction accessory to the beverage far outweighs its metabolic impact. It is not a drink; it is an artifact."
Para um Europeu que vai aos EUA quase todas as coisas que encontra e que podem ser produzidas como artefactos (não falo de computadores, nem de mísseis), como é o caso dos alimentos, dão a sensação de serem de "plástico", de baixa qualidade, até os fast-food em geral têm um aspecto manhoso, cheiram mal e a comida é bem pior do que a das suas filiais europeias. Aqui vai a minha pergunta de economista leigo: será que esta diferença de qualidade não terá influência na desvalorização do Dólar face ao Euro, à medida que os dois mercados se vão ligando cada vez mais?
segunda-feira, maio 16, 2005
Casa Pia: depois da pedofilia, a astrologia!
Este artigo do Nuno Crato publicado no Expresso que relata um curso de formação de professores dado por astrólogos na Casa Pia denuncia uma prática bastante grave que deveria ter consequências disciplinares à altura para todos os envolvidos na história, em particular a Pró-Ordem dos Professores. Para quem não consegue aceder à edição do Expresso, deixo aqui algum extratos do texto bem elucidativos:
"...o que acabou de se passar numa acção de formação de professores ontem em Lisboa, na Casa Pia.
Duas senhoras fizeram uma análise astral dos presentes e chegaram à conclusão que havia uma falta de «elementos terrenos». Então, para compensar essa evidente deficiência e criar «energias positivas» na sala, pediram aos professores que se descalçassem, de forma a ficarem em contacto mais directo com o solo. No escuro, aumentando o efeito de comunhão com «a Terra», os formandos, de olhos fechados, foram incitados a gritar, com os braços erguidos, para criar energias positivas que se propagassem pelo grupo.
As monitoras explicaram, imperturbáveis, que essa técnica podia ser aplicada nas aulas e ser benéfica para os alunos. Explicaram outras coisas, também. Uma senhora «graduada em astropsicologia», em simbiose com uma outra, que se apresentava como «terapeuta holística e energética», deram várias «dicas» para melhorar o ambiente da sala de aula. Explicaram que, nos exames, seria bom que os alunos vissem objectos de cores azuis e vermelhas. E discutiram as cores que são mais benéficas às diversas aprendizagens. Azul e amarelo para língua materna, como toda a gente sabe, e verde para as ciências. Pois claro...
Explicaram também como se podia fazer a «leitura e limpeza da aura» e mostraram gestos que se podiam praticar nas costas dos alunos, sem lhes tocar e sem eles repararem, mas que teriam um impacto extraordinário na sua «aura». Como isso é importante para o sucesso no ensino! Que estranho que não seja mais usado...
Custa a crer, mas tudo isto se passou num seminário que se intitulava «Dicas para ser melhor professor(a)» e que foi promovido pela Pró-Ordem dos Professores. É um dos «seminários alternativos que têm todo o cabimento», como o defendeu o presidente da dita Pró-Ordem, que disse estar assim a contribuir «indubitavelmente para a melhoria do desempenho da profissão docente»."
Nuno Crato, Expresso, 12 de Maio de 2005
"...o que acabou de se passar numa acção de formação de professores ontem em Lisboa, na Casa Pia.
Duas senhoras fizeram uma análise astral dos presentes e chegaram à conclusão que havia uma falta de «elementos terrenos». Então, para compensar essa evidente deficiência e criar «energias positivas» na sala, pediram aos professores que se descalçassem, de forma a ficarem em contacto mais directo com o solo. No escuro, aumentando o efeito de comunhão com «a Terra», os formandos, de olhos fechados, foram incitados a gritar, com os braços erguidos, para criar energias positivas que se propagassem pelo grupo.
As monitoras explicaram, imperturbáveis, que essa técnica podia ser aplicada nas aulas e ser benéfica para os alunos. Explicaram outras coisas, também. Uma senhora «graduada em astropsicologia», em simbiose com uma outra, que se apresentava como «terapeuta holística e energética», deram várias «dicas» para melhorar o ambiente da sala de aula. Explicaram que, nos exames, seria bom que os alunos vissem objectos de cores azuis e vermelhas. E discutiram as cores que são mais benéficas às diversas aprendizagens. Azul e amarelo para língua materna, como toda a gente sabe, e verde para as ciências. Pois claro...
Explicaram também como se podia fazer a «leitura e limpeza da aura» e mostraram gestos que se podiam praticar nas costas dos alunos, sem lhes tocar e sem eles repararem, mas que teriam um impacto extraordinário na sua «aura». Como isso é importante para o sucesso no ensino! Que estranho que não seja mais usado...
Custa a crer, mas tudo isto se passou num seminário que se intitulava «Dicas para ser melhor professor(a)» e que foi promovido pela Pró-Ordem dos Professores. É um dos «seminários alternativos que têm todo o cabimento», como o defendeu o presidente da dita Pró-Ordem, que disse estar assim a contribuir «indubitavelmente para a melhoria do desempenho da profissão docente»."
Nuno Crato, Expresso, 12 de Maio de 2005
Obesidade (caixa de comentários)
"Não me parece que a Europa esteja assim tanto melhor, infelizmente e pior a tendência é para o crescimento (das cinturas). O fenomeno é já visivel no R.Unido e nos próximos anos tenderá a alastrar se não se tomarem medidas." "...a Europa é bem mais heterogénea e diversificada que os EUA, a obesidade é uma praga dos países ricos (..) 30% dos miudos espanhois têm excesso de peso."
Homem das Neves
"Eu nao sei se o fenomeno tende, ou nao, a alastrar-se 'a Europa. Posso, isso sim, confirmar que ao caminhar pelas ruas de cidades americanas cruzo-me com pessoas obesas (...) todos os cinco minutos. E, acreditem, nao e' nada bonito.
O mais misterioso para mim: qual e' a psicologia/sociologia por detras deste fenomeno. Se as pessoas sao indiferentes ao seu proprio aspecto exterior mesmo quando este atinge aspectos caricatos, como e' que isso se reflectira' na sua etica de cidadaos? Ou sera' que estas pessoas obesas sao aquelas que mal conseguem "to make the ends meet"? E' que tambem se nota a olho nu uma correlacao negativa entre obesidade e "status" social. Os mais ricos sao menos obesos."
MP, leitor nos EUA
Homem das Neves
"Eu nao sei se o fenomeno tende, ou nao, a alastrar-se 'a Europa. Posso, isso sim, confirmar que ao caminhar pelas ruas de cidades americanas cruzo-me com pessoas obesas (...) todos os cinco minutos. E, acreditem, nao e' nada bonito.
O mais misterioso para mim: qual e' a psicologia/sociologia por detras deste fenomeno. Se as pessoas sao indiferentes ao seu proprio aspecto exterior mesmo quando este atinge aspectos caricatos, como e' que isso se reflectira' na sua etica de cidadaos? Ou sera' que estas pessoas obesas sao aquelas que mal conseguem "to make the ends meet"? E' que tambem se nota a olho nu uma correlacao negativa entre obesidade e "status" social. Os mais ricos sao menos obesos."
MP, leitor nos EUA
domingo, maio 15, 2005
O sindroma Charisteas
Amigos sportinguistas, antes achava sinceramente que vocês mereciam ganhar o campeonato, mas depois de ver golo de Luisão percorreu-me uma colerazinha que me fez mudar radicalmente de opinião. Este golo fez-me lembrar o amargo golo da final do Europeu (fotos Jornal Record e sítio UEFA). Na altura, após ter passado por alguns segundos de perplexidade ao reparar na manhosa simulação de falta ensaiada pelo nosso guarda-redes, comunguei com aquela alegria grega. Aquela rapaziada veio lá do outro lado da Europa, com uma equipa de formiguinhas modestas e deram uma lição à cigarra na sua própria casa.
Ontem ao ver a forma como o golo do Benfica foi consentido não fui indiferente às semelhanças entre os dois grandes momentos. Desejei que as bancadas gritassem golo em grego, que Luisão se transformasse em Charisteas e que Peseiro se transformasse em Scolari da Cunha. Trappa merece ganhar, ele foi o gestor de uma equipa de formigas modestas e trabalhadoras. Quanto a Ricardo da Cunha, como é habitual, pode queixar-se mais uma vez de mau olhado, das entrevistas de Vítor Baía e prometer mais umas idas a Fátima. Mas se na próxima quarta-feira nos quiser dar uma grande alegria o melhor é treinar muito os cruzamentos ou...ficar no banco.
Quanto à minha equipa, a das cigarras do FCP, mesmo que ganhe o campeonato acho que não será mereceido pela acumulação de asneiras que aconteceram este ano, para além do mais seria aquilo que se designa por uma "grande vaca"!
sábado, maio 14, 2005
Super size me
Filme Klepsýdra da semana, "Super size me" é um excelente filme de denúncia, filme classificado em Portugal como documentário, como se todos os filmes tivessem que ter uma estrutura clássica de um romance. Morgan Spurlock, o realizador e cobaia do filme, apresenta-nos as consequências de uma dieta diária à base de fast-food durante um mês. A primeira vez que fui aos EUA tinha pouco dinheiro e o dólar estava caro, pelo que passei por uma experiência parecida com a de Morgan quando descobri que comer num restaurante normal era caríssimo e comprar legumes e frutas frescas saía mais caro que comer fast-food. Apenas ao fim de alguns dias já me sentia muito esquisito. A maior parte dos alimentos que comia eram bastante artificiais, especialmente uns queques (muffins) colossais de consistência borracha de camião. A semelhança dos meus sintomas com os do filme não são fruto do acaso.
Actualmente nos EUA, entre as causas de morte que podem ser evitadas, a obesidade é a causa principal tendo ultrapassado recentemente o tabagismo. Este facto faz de "Super size me" um filme de grande actualidade e, coincidência ou não, desde que o filme saiu algumas companhias de fast-food iniciaram campanhas com mais saladas e produtos mais saudáveis. Morgan apresenta uma série de factos perturbantes, como os menus escolares à base de snacks e comida pré-processada de 1200 kcal e diversas estatísticas chocantes. Deixo aqui algumas em jeito de aperitivo ao filme:
- You would have to walk for seven hours straight to burn off a Super Sized Coke, fry and Big Mac.
- 60 % of all Americans are either overweight or obese.
- One in every three children born in the year 2000 will develop diabetes in their lifetime.
- Each day, 1 in 4 Americans visits a fast food restaurant.
- French fries are the most eaten vegetable in America.
- McDonald's distributes more toys per year than Toys-R-Us.
Para quem estiver interessado eis a ligação para o blogue de Morgan Spurlock.
Actualmente nos EUA, entre as causas de morte que podem ser evitadas, a obesidade é a causa principal tendo ultrapassado recentemente o tabagismo. Este facto faz de "Super size me" um filme de grande actualidade e, coincidência ou não, desde que o filme saiu algumas companhias de fast-food iniciaram campanhas com mais saladas e produtos mais saudáveis. Morgan apresenta uma série de factos perturbantes, como os menus escolares à base de snacks e comida pré-processada de 1200 kcal e diversas estatísticas chocantes. Deixo aqui algumas em jeito de aperitivo ao filme:
- You would have to walk for seven hours straight to burn off a Super Sized Coke, fry and Big Mac.
- 60 % of all Americans are either overweight or obese.
- One in every three children born in the year 2000 will develop diabetes in their lifetime.
- Each day, 1 in 4 Americans visits a fast food restaurant.
- French fries are the most eaten vegetable in America.
- McDonald's distributes more toys per year than Toys-R-Us.
Para quem estiver interessado eis a ligação para o blogue de Morgan Spurlock.
A foto mostra um diabético que se prepara para fazer uma operação de redução do volume estomacal. O sr. bebia dois "baldes" de refrigerante por dia semelhantes ao que segura Morgan.
quinta-feira, maio 12, 2005
A obesidade faz aumentar o PIB
"When I'm in Europe, I rarely come across multitudes of fat and obese people. Sometimes, I can walk an entire day without encountering a single overweight person. In America,by contrast, it seems everyone is grossly overweight and, even more shocking, unaware or unconcerned about their appearance.", pag. 74-75
"The GDP and nation's health intersects in many interesting ways that are seldom discussed by economists. For example, obesity in U.S. has now reached epidemic proportions, with more than 30% of all Americans now considered chronically obese. (...) Much of the growth in girth is attributable to junk food and a snacking culture promoted in the U.S. and now being exported (...) In E.U. countries the percentage of people obese is 11.3%. The more obese the American population, the bigger the GDP. (...) The margins on fast foods, junk foods and processed foods are much higher than unprepared, unprocessed, raw foods. All of this jacks up the GDP still further. And then there are medical costs. The World Health Organization estimates that obesity alone increases health-care by as much as 7% in some countries. So the U.S. GDP continues to expand along with our waistlines, but our quality of life continues to diminish.", pag. 80-81
"The European Dream", Jeremy Rifkin, Polity, 2004.
Durante as minhas viagens aos EUA reparei na chocante realidade descrita por Rifkin. Muito antes de ler o seu livro tinha ficado com a sensação de que as empresas americanas tinham conseguido transformar com sucesso o povo americano em máquinas de consumir. As pessoas pareciam pesar uma vez e meia o peso dos Europeus, na altura em jeito de gozo lembrei-me que aquilo deveria ter influência no PIB, mal sabia eu que Rifkin andava a escrever sobre o mesmo. No entanto, quero deixar bem claro que não defendo ideais de beleza de capas de revistas de moda, existem obesa(o)s bonita(o)s, mas quando deparamos com uma epidemia de obesidade como nos EUA, garanto-vos que não é nada bonito.
Mais sobre "The European Dream" de Jeremy Rifkin.
"The GDP and nation's health intersects in many interesting ways that are seldom discussed by economists. For example, obesity in U.S. has now reached epidemic proportions, with more than 30% of all Americans now considered chronically obese. (...) Much of the growth in girth is attributable to junk food and a snacking culture promoted in the U.S. and now being exported (...) In E.U. countries the percentage of people obese is 11.3%. The more obese the American population, the bigger the GDP. (...) The margins on fast foods, junk foods and processed foods are much higher than unprepared, unprocessed, raw foods. All of this jacks up the GDP still further. And then there are medical costs. The World Health Organization estimates that obesity alone increases health-care by as much as 7% in some countries. So the U.S. GDP continues to expand along with our waistlines, but our quality of life continues to diminish.", pag. 80-81
"The European Dream", Jeremy Rifkin, Polity, 2004.
Durante as minhas viagens aos EUA reparei na chocante realidade descrita por Rifkin. Muito antes de ler o seu livro tinha ficado com a sensação de que as empresas americanas tinham conseguido transformar com sucesso o povo americano em máquinas de consumir. As pessoas pareciam pesar uma vez e meia o peso dos Europeus, na altura em jeito de gozo lembrei-me que aquilo deveria ter influência no PIB, mal sabia eu que Rifkin andava a escrever sobre o mesmo. No entanto, quero deixar bem claro que não defendo ideais de beleza de capas de revistas de moda, existem obesa(o)s bonita(o)s, mas quando deparamos com uma epidemia de obesidade como nos EUA, garanto-vos que não é nada bonito.
Mais sobre "The European Dream" de Jeremy Rifkin.
quarta-feira, maio 11, 2005
Estou de cara à banda
"Em breve, Luís Nobre Guedes, dará uma resposta que deixará os críticos de cara à banda, como diz o povo".
Paulo Portas respondendo às críticas à nomeação de Nobre Guedes para ministro do ambiente, 21 de Julho de 2004.
Paulo Portas tinha razão, estou de cara à banda...2600 sobreiros arrancados para construir um empreendimento turístico, que visão, que patriotismo, que decisão inteligente! Tráfico de influências? Deixem-se de miudezas, só a decisão de arrancar 2600 sobreiros, sendo o sobreiro uma espécie protegida, deveria dar cana directa. O único facto positivo desta notícia é este tipo de acontecimentos já serem objecto de investigação neste país que despreza cronicamente o ambiente.
Paulo Portas respondendo às críticas à nomeação de Nobre Guedes para ministro do ambiente, 21 de Julho de 2004.
Paulo Portas tinha razão, estou de cara à banda...2600 sobreiros arrancados para construir um empreendimento turístico, que visão, que patriotismo, que decisão inteligente! Tráfico de influências? Deixem-se de miudezas, só a decisão de arrancar 2600 sobreiros, sendo o sobreiro uma espécie protegida, deveria dar cana directa. O único facto positivo desta notícia é este tipo de acontecimentos já serem objecto de investigação neste país que despreza cronicamente o ambiente.
De debate francês a debate europeu
Já se sabe que os franceses são "raleurs", como eles próprios se intitulam, e sempre que há um bom debate a coisa toma proporções imprevisíveis. Muito graças a esse espírito "raleur" o debate sobre Tratado Constitucional saltou as fronteiras francesas e é agora debatido em toda a Europa. Isto chegou mesmo ao ponto de eu andar a receber emails de amigos franceses a perguntarem-me qual a minha opinião sobre o Tratado Constitucional. Pergunto, onde estão os nossos comentadores esclarecidos que apelidam frequentemente os franceses de jacobinos ou de serem politicamente correctos? Quem lhes desse ouvidos há uns meses atrás diria que em França o Sim ganharia com 101%.
Se o Não ganhar...
Segui o debate francês de segunda-feira na TF1. Do lado do Não estavam a extrema-direita (Le Pen), nacionalistas, ultra-liberais e Besancenot (LCR)... Se o Não ganhar e o Tratado tiver que ser reescrito, Besancenot, os que defendem o Não do PS francês e português e o BE vão negociar o novo texto com quem? Com a extrema-direita de Le Pen e do Partido da Independência Britânica? Com os nacionalistas ou com os neo-liberais de toda a Europa? Ou será com os conservadores dinamarqueses e britânicos? Temo que se o Não ganhar, o novo texto do Tratado possa resultar em algo bem mais à direita do que o actual, um texto mais nacionalista, mais conservador e mais neo-liberal.
Se o Não ganhar...
Segui o debate francês de segunda-feira na TF1. Do lado do Não estavam a extrema-direita (Le Pen), nacionalistas, ultra-liberais e Besancenot (LCR)... Se o Não ganhar e o Tratado tiver que ser reescrito, Besancenot, os que defendem o Não do PS francês e português e o BE vão negociar o novo texto com quem? Com a extrema-direita de Le Pen e do Partido da Independência Britânica? Com os nacionalistas ou com os neo-liberais de toda a Europa? Ou será com os conservadores dinamarqueses e britânicos? Temo que se o Não ganhar, o novo texto do Tratado possa resultar em algo bem mais à direita do que o actual, um texto mais nacionalista, mais conservador e mais neo-liberal.
terça-feira, maio 10, 2005
Mulheres cientistas
Foi criada a Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas. A apresentação pública decorrerá no próximo dia 19 de Maio na Universidade Nova de Lisboa.
Num país tacanho como o nosso já estou imaginar os comentários "ena, agora até já há associações de mulheres cientistas! Qualquer dia ainda criam a associação dos cientistas de bigode!". Eu acho muito bem que as mulheres cientistas se organizem desta forma. Desde há milhares de anos, desde que existe civilização na península Ibérica fomos sempre governados pela força física, logo governados por homens, com a excepção dos últimos 31 anos. Só desde há 31 anos para cá é que as mulheres adquiriram os mesmos direitos que os homens e só há 29 anos é que puderam votar pela primeira vez. Numa cultura como a nossa altamente forjada e formatada por homens vejo com muito bons olhos este tipo de associações para transformar ou até mesmo subverter o excesso de masculinidade, sobretudo marialva, que existe neste país.
Num país tacanho como o nosso já estou imaginar os comentários "ena, agora até já há associações de mulheres cientistas! Qualquer dia ainda criam a associação dos cientistas de bigode!". Eu acho muito bem que as mulheres cientistas se organizem desta forma. Desde há milhares de anos, desde que existe civilização na península Ibérica fomos sempre governados pela força física, logo governados por homens, com a excepção dos últimos 31 anos. Só desde há 31 anos para cá é que as mulheres adquiriram os mesmos direitos que os homens e só há 29 anos é que puderam votar pela primeira vez. Numa cultura como a nossa altamente forjada e formatada por homens vejo com muito bons olhos este tipo de associações para transformar ou até mesmo subverter o excesso de masculinidade, sobretudo marialva, que existe neste país.
sexta-feira, maio 06, 2005
Vassalagem: da Macedónia a Paulo Portas
Prestar vassalagem ao Imperador dá frutos, que o diga a Macedónia. O nome oficial deste país encontra-se ainda encalhado na extensa designação Antiga República Jugoslava da Macedónia por causa do conflito com o nome Macedónia referente à região do norte da Grécia. Actualmente, continuam as negociações entre Gregos, Macedónios e a comunidade internacional para se chegar a uma solução que satisfaça as duas partes. Ora, os nossos amigos fanáticos do Partido Republicano que governam o Texas e desgovernam os EUA e o mundo tiveram a brilhante ideia de se antecipar às negociações e reconhecer, em 2004, o nome de Macedónia como nome oficial para o país em causa, por serviços prestados pelas forças armadas macedónias no Iraque... Se os nossos amigos de Olivença sabem desta vão já pegar numas carabinas e vão para o Iraque guardar o Ministério do Petróleo (onde se está bem) e lá vai Bush "pedir" ao Zapatero para devolver Olivença a Portugal.
A condecoração a Paulo Portas é mais uma história caricata, de uma longa lista, de reconhecimento de lambe-botismo e de vassalagem ao Imperador, ou como lhe chama o Luís da Natureza: "broches a Bush".
A condecoração a Paulo Portas é mais uma história caricata, de uma longa lista, de reconhecimento de lambe-botismo e de vassalagem ao Imperador, ou como lhe chama o Luís da Natureza: "broches a Bush".
Dois anos, o Leão e o Crocodilo
"...Aproxima-se o por do Sol sobre as ilhas, e sempre posso falar com o Leao e o Crocodilo", JPP, Abrupto: 1/10/2004
(Praça de São Marcos, Sereníssima República de Veneza, Julho de 2004)
(Praça de São Marcos, Sereníssima República de Veneza, Julho de 2004)
quinta-feira, maio 05, 2005
Um filme que todos deveriam ver
Baseado numa história real, "Hotel Ruanda" é um filme que toda a gente deveria ver. Digo-o nem tanto pela velha e gasta polémica sobre se ocidente tem culpa ou não, por não ter dado uma resposta a tempo de evitar a tragédia. Digo-o mais pelo alcance da loucura humana, aquilo de que o homem é capaz de fazer pela defesa do grupo. No Ruanda essa defesa do grupo foi praticada à flor da pele, os agressores sentiam o cheiro do suor, ouviam os lamentos e viam as lágrimas das vítimas, não foi uma matança fria e impessoal, não foi industrial, não se mataram à base de zyklon B, escondendo a barbárie dos olhares dos outros. Não é por isso que é mais ou menos terrível que outras matanças, mas é humanamente mais sofrida.
Alguma da angústia adicional que senti ao ver o filme foi causada pelo sentimento de tudo aquilo me ser muito próximo, não pelo contexto geográfico ou pela cultura hutu ou tutsi que me são distantes, mas pela contemporaneidade. A tragédia do Ruanda ocorreu em 1994. Enquanto decorria a matança estava eu em Itália como estudante Erasmus num ambiente de antítese completa à xenofobia assassina que dizimava o Ruanda. Lembro-me como se fosse hoje, quem me chamou a atenção para a notícia no jornal que denunciava a tragédia, foi um colega alemão. À roda da mesa em que me encontrava perfazíamos umas 6 ou 7 nacionalidades diferentes, divertíamo-nos a escrever um dicionário de palavrões em todas as línguas...
O que torna esta matança entre Hutus e Tutsis ainda mais mórbida é que a distinção entre os dois povos é mais artificial do que real. Essa distinção teve origem durante o período colonial belga, período durante o qual estes se divertiram a separar os povos dos grandes lagos segundo características puramente físicas. Os Tutsis foram escolhidos entre os mais dotados fisicamente segundo os belgas, sendo classificados como raça superior e os Hutus como uma raça inferior que precisava de ser liderada.
Do ponto de vista técnico, "Hotel Ruanda" é um filme com um formato clássico, produzido sem grandes meios. Os actores não foram muito ajudados pela errada escolha da língua inglesa para todos os diálogos do filme. Já começo a ter pouca pachorra para ver filmes em que Romanos, Árabes, Japoneses e Mexicanos falam inglês entre si. Um dos maiores atentados a que assisti ultimamente foi a série "Napoleão" e a série "Casanova" que a RTP teve a brilhante ideia de passar na versão inglesa em vez de passar na versão original. Os diálogos foram dizimados. Em Hotel Ruanda, fiquei com a mesma sensação. Diálogos que poderiam ter sido interessantes falados em francês, em kinyarwanda ou em swahili foram dizimados pela simplicidade do inglês. Seria para vender? A Paixão de Cristo também vendeu falada em latim, hebreu e aramaico.
Alguma da angústia adicional que senti ao ver o filme foi causada pelo sentimento de tudo aquilo me ser muito próximo, não pelo contexto geográfico ou pela cultura hutu ou tutsi que me são distantes, mas pela contemporaneidade. A tragédia do Ruanda ocorreu em 1994. Enquanto decorria a matança estava eu em Itália como estudante Erasmus num ambiente de antítese completa à xenofobia assassina que dizimava o Ruanda. Lembro-me como se fosse hoje, quem me chamou a atenção para a notícia no jornal que denunciava a tragédia, foi um colega alemão. À roda da mesa em que me encontrava perfazíamos umas 6 ou 7 nacionalidades diferentes, divertíamo-nos a escrever um dicionário de palavrões em todas as línguas...
O que torna esta matança entre Hutus e Tutsis ainda mais mórbida é que a distinção entre os dois povos é mais artificial do que real. Essa distinção teve origem durante o período colonial belga, período durante o qual estes se divertiram a separar os povos dos grandes lagos segundo características puramente físicas. Os Tutsis foram escolhidos entre os mais dotados fisicamente segundo os belgas, sendo classificados como raça superior e os Hutus como uma raça inferior que precisava de ser liderada.
Do ponto de vista técnico, "Hotel Ruanda" é um filme com um formato clássico, produzido sem grandes meios. Os actores não foram muito ajudados pela errada escolha da língua inglesa para todos os diálogos do filme. Já começo a ter pouca pachorra para ver filmes em que Romanos, Árabes, Japoneses e Mexicanos falam inglês entre si. Um dos maiores atentados a que assisti ultimamente foi a série "Napoleão" e a série "Casanova" que a RTP teve a brilhante ideia de passar na versão inglesa em vez de passar na versão original. Os diálogos foram dizimados. Em Hotel Ruanda, fiquei com a mesma sensação. Diálogos que poderiam ter sido interessantes falados em francês, em kinyarwanda ou em swahili foram dizimados pela simplicidade do inglês. Seria para vender? A Paixão de Cristo também vendeu falada em latim, hebreu e aramaico.
terça-feira, maio 03, 2005
domingo, maio 01, 2005
Naval 1º de Maio na Primeira Divisão
Como figueirense e como ex-atleta de basquetebol da Naval 1º de Maio deveria estar contente. Ainda por cima a Naval faz hoje 112 anos. Mas não estou contente. As comemorações da Naval deveriam ser acompanhadas pela banda sonora do "Padrinho"...
Subscrever:
Mensagens (Atom)