Não gosto do Tropical.
O problema é que alguns dos meus melhores amigos adoram ir ao Tropical. Mas, como valorizo mais a companhia dos meus amigos do que o "território" onde tenho o privilégio de com eles conviver, acabo também por ir ao Tropical... Aquele urinol-café...
O Tropical para os que não conhecem é um café normal, tão normal que se enjoa três microsegundos após se ter lá metido os pés. E digo normal no mau sentido. É o típico café portuga que é uma tasca, mas tem a mania que é café. Atenção, eu adoro tascas, mas gosto de tascas assumidas, as que cheiram a vinho ou aquelas em que as paredes nos contam histórias. O tropical é daqueles cafés que tem peças de mobiliário de cada "nação": mesas da superbock na rua e mesas de imitação de mármore no interior, um balcão tipo fuselagem das carruagens da CP, um frigorífico expositor colossal bastante manhoso e umas prateleiras espelhadas onde desfila uma selecção criteriosamente aleatória de garrafas de bebidas que ninguém bebe. No Tropical bebe-se sobretudo cerveja, só que a melhor cerveja que se pode beber no Tropical, desde que deixaram de vender a Onyx, é a Superbock de garrafa normal. A partir daqui é de mijo para baixo! Aliás, assim que entro no Tropical e contemplo aquelas mesas completamente encharcadas cheias de garrafas, fico com a sensação que houve ali um concurso de pontaria de mijadelas aos gargalos das garrafas. Os rótulos onde se pode ler "Sagres" só pioram o cenário, sendo esta a marca nacional por excelência de urina sintética.
Só que a clientela do Tropical conhece-se, o local serve como ponto de encontro e convida à preguicite, aquilo tem uma certa aura para certos sectores dos noctívagos de Coimbra e a coisa acaba por funcionar também por um certo comodismo e falta de exigência do comum Portuga. E eu lá tenho que gramar aquilo de vez em quando, com muito pouca paciência para um certo snobismo velado e muita presunção que infesta aquele local.
Sábado em Coimbra XXIII
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