Ontem, no meu regresso da China, quando estava já a sobrevoar Portugal, ao olhar pela janela do avião dei por mim a apreciar a paisagem e achar bonitas as aldeias e as casas dispersas pelas colinas e pelos vales. Alguma coisa não estava a bater certo. Quando regresso de outras viagens à Europa central arrepio-me com o desordenamento do nosso território, olho para aquele caos de casas e estradas nos arredores de Lisboa e assusto-me, mas desta vez isso não aconteceu.
Há dois dias estive numa das cidades mais caóticas da China: Kunming. Kunming são três milhões de habitantes distribuídos por prédios de construção em série, sujos, muito sujos, encostados uns aos outros, avenidas grandes sempre congestionadas apesar de haver poucos carros particulares, mas as carroças puxadas por burros e por bicicletas, misturam-se com carrinhas, camionetas, carros dos estado, numa amalgama de veículos que entope todos os cruzamentos, que estão à pinha de bicicletas. Vi casas onde as janelas estavam a um metro de uma faixa de circulação de um viaduto, cinco motas a andar em sentido contrário na auto-estrada, todas as regras de trânsito a serem violadas, uma mãe que atravessa a auto-estrada com um menino às costas, outros jogavam às cartas na faixa de segurança de um viaduto e outros ainda vendiam frutas e legumes. Uma paisagem caótica, enfeitada com publicidade bastante ocidental e kitsch, que cobre fachadas inteiras de prédios com 30 andares.
Foi por isso que Portugal me pareceu bonito...Isto já me passa.
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