Este texto da Ana Gomes sobre a venda de armas à China e os direitos humanos é muito certeiro, tira-me as palavras dos dedos. Será vergonhoso para a Europa o levantamento do embargo de armas à China. Será tão grave como a venda de material militar à Arábia Saudita que tanto aqui tenho criticado.
O problema da China não é apenas os direitos humanos
O problema da China é também o problema da aplicação de metodologias neo-liberais selvagens no mundo do trabalho. Neste momento empresas chinesas e estrangeiras implantadas na China com margens de lucro bastante generosas prosperam à custa da exploração do trabalho de milhões de chineses oriundos do meio rural. Estes chineses estão dispostos a trabalhar 16 horas por dia por salários inferiores a 5 contos/mês, obrigados a viver em caves e construções improvisadas existentes dentro dos complexos fabris, em camaratas sem o mínimo de condições onde convivem 40 ou mais pessoas sem o mínimo de intimidade, higiene e segurança, muitas delas acompanhadas de crianças. Na China não há sindicatos que lhes valham. É o liberalismo económico sem regras, Fukuyama em prática.
Este é também o sonho de um grupelho de empresários portugueses que anda para aí a ver se aumenta o horário de trabalho para umas 10 horas por dia que é para não terem muito trabalho com coisas chatas como: modernizar as empresas, cooperar com laboratórios e universidades, contratar pessoal qualificado, melhorar a organização interna e externa das empresas. É mais fácil explorar o mexilhão.
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