terça-feira, janeiro 25, 2005

O flagelo das propinas nos EUA

O que está actualmente a acontecer no ensino universitário americano dá toda a razão a todos aqueles que se insurgiram contra a aplicação indiscriminada de propinas no sistema universitário, especialmente num país com graves carências educacionais como é caso português. Para que se possa ter uma ideia do verdadeiro flagelo que está a acontecer no ensino universitário americano, vamos aos números:

- Nos últimos 10 anos as despesas de inscrição nos estabelecimentos públicos universitários subiram 47%, nos privados subiram 42%.

- 600 mil estudantes por ano abandonam os estudos antes de obter o diploma final por causa de dívidas incomportáveis contraídas para pagar os estudos.

- A dívida média de um aluno que acaba o curso de direito: 80 000$ (36 000$/ano salário de um emprego de início de carreira)

-17,9 milhões de americanos com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos não possuem qualquer cobertura médica de base.

Resulta deste tipo de políticas um sistema de ensino universitário orientado para alunos de famílias ricas e para uma reduzida minoria de alunos que conseguem obter bolsas por mérito estudantil atribuídas por algumas empresas privadas e pelos ministérios da educação e da ciência de países europeus e asiáticos. Não estranha pois que os EUA tenham o Presidente que têm, um indivíduo que era um exemplo de insucesso escolar transformado num licenciado em Yale. Um medíocre rico pode ser o que quiser, um bom aluno pobre arrisca-se a ter que abdicar dos mais altos graus do ensino.
Quem defende o regime de propinas (há até quem diga que são baratas em Portugal) deveria reflectir seriamente sobre este exemplo. Porque este é um exemplo claro como a água. Adoptou-se um determinado tipo de política e os resultados são o que são.
É certo que os EUA continuam a ter as melhores universidades do mundo, mas é do conhecimento geral que a Europa ultrapassou vertiginosamente a produção científica dos EUA há cerca de dois anos e estudos recentes indicam que as empresas de países europeus como a Alemanha e a França - que não adoptaram esta política de propinas - são neste momento em média mais produtivas que as empresas americanas.

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