quinta-feira, setembro 30, 2010

Agradecimento ao BPN e ao BPP

Depois dos cortes de 5% anunciados ontem, deveríamos estar todos profundamente agradecidos às anteriores direcções do BPN e do BPP por terem participado em roubos e em cambalachos ruinosos apenas solucionados após uma injecção de capitais públicos de ~4,5 mil milhões de euros (isto é o que se diz, resta saber se corresponde à quantia real...). 4,5 mil milhões de euros é mais do que o custo do TGV Lisboa-Madrid. Foi como se no período de cerca de um ano, mandássemos um TGV para o caixote do lixo. É preciso não esquecer isto, porque isto é mais do que grave, isto é catastrófico.

Muitos dos clientes dos dois bancos sabiam no que estavam a participar, outros suspeitavam, mas era melhor não saber, poucos foram aqueles genuinamente enganados. Por isso, poupem-nos as lágrimas de crocodilo. Os 5% que começaremos a descontar a partir de 2011 são para cobrir os devaneios e os excessos de todos os que participaram no regabofe.

Depois do anúncio de tais medidas, lamenta-se a ausência de iniciativas vigorosas que impeçam o surgimento de novos BPP e BPN. Se nada for feito daqui a 5 anos podemos estar a pagar mais 5% de salário para salvar outro banco.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Cerveja Espacial



Um dos pequenos prazeres de qualquer viajante das estrelas imaginário, beber uma fresquinha em pleno espaço sideral, está prestes a tornar-se realidade. A cervejeira australiana 4-Pines Brewing Company vai testar uma cerveja especialmente criada para voos espaciais num ambiente de micro-gravidade gerado durante um voo parabólico. Às cobaias deste teste vão ser analisados o ritmo cardíaco, a taxa de álcool no sangue e a temperatura do corpo durante o voo. Oremos para que não seja necessário utilizar o saquinho de chamar pelo Gregório.
Fica aqui chamada de atenção para o Francisco José Viegas.

terça-feira, setembro 14, 2010

Ciência indiciava inundações no Paquistão

Não é possível saber exactamente se as inundações no Paquistão são ou não consequência directa do aquecimento global. No entanto, o que nos diz a ciência é que a probabilidade de ocorrência de inundações no sul da Ásia é superior no caso de aumento da concentração CO2 e de aumento da temperatura global. É isso que nos dizem dois importantes artigos publicados em revistas científicas da especialidade (Geophysical Research Letters em 2006 e Advances in Atmospheric Sciences em 2008) da autoria de três investigadores japoneses: Dairaku, Emori e Nozawa. Nestes artigos os autores introduziram as actuais condições climatéricas nos seus modelos, simulando o aumento de temperatura observado e uma elevada concentração de CO2. Os resultados obtidos indicam alterações significativas nas monções do sul da Ásia (que engloba o Paquistão), um aumento da precipitação média, de frequência de dias precipitação excessiva, de risco de inundações e de anos difíceis para a agricultura.

Apesar das inundações no Paquistão terem ocorrido em Agosto, a descida das águas tem-se processado a um ritmo muito lento. Inundações secundárias continuam a propagar-se a novas províncias tendo atingido agora Dadu e Manchar. Desde do início das inundações contam-se cerca de 1600 mortos, 8 milhões de pessoas deslocadas e 17 milhões de pessoas cujas vidas foram afectadas. Só na província de Sindh, os prejuízos económicos elevam-se a mais de mil milhões de dólares, sendo 370 milhões de dólares relativos a prejuízos no sector do cultivo de algodão. Quando se argumenta que o combate ao aquecimento global é indesejável porque comporta custos, do outro lado da balança poderão estar múltiplas tragédias como esta, com pesados custos materiais e humanos.
Para cúmulo, tem-se registado uma certa indiferença da comunidade internacional para esta que é uma das maiores tragédias das últimas décadas, talvez por preconceito, talvez por razões políticas, étnicas ou religiosas. A ajuda aos milhões de pobres afectados pelas inundações tarda e está muito aquém da mobilização de tragédias recentes.

terça-feira, setembro 07, 2010

Tempo de Antena para um Manipulador

Independentemente de Carlos Cruz vir a ser confirmado culpado ou conseguir ser pronunciado inocente, acho chocante a deferência para com o imenso poder manipulador deste indivíduo e para com as suas jogadas à margem da lei. Desde o famoso directo simultâneo em três telejornais, passando pela sua exibição em programas de variedades durante o processo, até à conferência de imprensa e o Prós e Contras de hoje, Carlos Cruz não perdoou uma. O que é mais lamentável é o serviço público televisivo ter alinhado num programa de pós-julgamento na praça pública - as questões puramente de justiça discutidas eram perfeitamente banais - em que o principal assunto foi o branqueamento dos crimes pelos quais foi dado como culpado Carlos Cruz. Vimos um verdadeiro manipulador em acção, um indivíduo que não tem problemas em fazer uso da boa vontade dos seus ex-colegas, fazendo-se tratar por tu pela apresentadora e pedindo para ter "mais 2 ou 3 minutos de tempo de antena" depois de já ter falado bem mais do que qualquer elemento do público. Vimos um manipulador que usa passagens cirúrgicas das palavras prudentes de uma vítima, de um psicólogo e de um advogado das vítimas, para as colar ao seu discurso de defesa. Assistimos a referências da treta a apoios nas redes sociais e a comentários em que admite violar a lei para defender os seus interesses. E assistimos a um painel que na prática alinhou naquilo, uns por ingenuidade ao citar passagens e problemas do processo fornecidos pela defesa de Cruz outros por pura passividade crítica à manipulação permanente de Carlos Cruz. A única coisa que há a louvar neste programa é a posição das pessoas que se recusaram a participar naquilo. Uma verdadeira náusea televisiva.

PS- Já que Carlos Cruz gosta tanto de citar as passagens do processo que lhe convêm, gostava que explicasse o ACASO do seu motorista (Carlos Mota) ser um fugido à justiça por pedofilia. Há pessoas a quem neste mundo ocorrem ACASOS tão bizarros como ganhar duas vezes o totoloto. A bizarria prova-se através dos bilhetes registados no quiosque. Onde estão os "bilhetes" que provam o ACASO ocorrido com Carlos Cruz?

sexta-feira, setembro 03, 2010

Uma justiça para pobres e outra para ricos

Desde a diferença na aplicação da prisão preventiva até às penas aplicadas, o que prova o processo Casa Pia é que existe uma justiça para quem tem dinheiro para pagar a baterias de advogados e outra para quem não tem. O prémio que teve Carlos Silvino por ter colaborado com a justiça foi a aplicação de uma pena bem mais pesada. Fica o mau exemplo em que se ganhou mais em estar calado, o que contribuirá para complicar ainda mais a resolução de processos futuros.