domingo, novembro 22, 2009

Riscos climáticos na Conferência de Copenhaga


Foto de Scarlett Hooft Graafland, série Igloolik


(Publicado no portal Esquerda.net)

A duas semanas da Conferência para as Alterações do Clima em Copenhaga não se espera que venha a ser elaborado um protocolo à semelhança do que aconteceu em Quioto em 1997, no entanto espera-se uma declaração política forte apelando à urgência de reduzir as emissões de gases de efeito de estufa de forma limitar o aquecimento global abaixo dos 2°C em 2050. Apesar das intenções, 2°C de aquecimento médio do planeta comporta vários riscos que não são de menosprezar como a morte dos corais, extinção de espécies vegetais e animais até 30% e a baixa da produtividade agrícola nas regiões mais secas e tropicais, gerando fome entre as populações. Nesta ligação consultar um mapa onde são apontadas as consequências esperadas para as várias regiões do mundo se a temperatura média do planeta aumentar 4°C, elaborado através de trabalhos científicos publicados nas melhores revistas da especialidade.

Se o principal benefício do Protocolo de Quioto foi ter causado uma importante evolução das mentalidades, quer ao nível político, quer ao nível do cidadão comum, a verdade é que a parte mais importante do trabalho está por fazer. No entanto foi já notório que alguns governos foram mais eficazes que outros nos primeiros anos de luta contra o aquecimento global. A Alemanha conseguiu manter o seu nível de vida e uma das economias mais saudáveis da Europa diminuindo em 21% a sua taxa de emissão de gases de efeito de estufa. A França, a Suécia e o Reino Unido conseguiram reduções da ordem dos 10%. No entanto entre os países mais ricos o pior aluno foi a Espanha com um aumento de 53%, a Austrália e o Canadá com mais de 20% de aumento e os EUA com mais de 15% de aumento das emissões. Em 2005, o país que maior volume de gases de efeito estufa emitiu per capita foi o Qatar seguido dos Emiratos Árabes Unidos e do Kuwait, o que diz bem da mudança de modo de vida destas sociedades. Entre os países mais desenvolvidos, a Austrália, os EUA e o Canadá lideram nas emissões per capita. Em termos absolutos quem mais emite é a China (19% do total) seguido dos EUA (18%) e da Rússia (5%). Em valores acumulados desde 1950, os EUA são responsáveis por cerca de 26% das emissões de gases de efeito de estufa, a seguir é a China com 11% e a Rússia com 9%.

Numa classificação elaborada pela Maplecroft, entre os países mais vulneráveis às alterações do clima aparecem oito países africanos do equador e dos trópicos, com a Somália a ser considerado o país mais sujeito a variações da temperatura média global. Em segundo lugar dessa classificação figura o primeiro país não africano, o Haiti, país conhecido pelo abate da quase totalidade da sua floresta, tendo o território perdido a capacidade de auto-regulação climática.

Os dados científicos são bem mais sólidos do que há 5 e há 10 anos atrás, as ideologias niilistas felizmente foram afastadas dos principais governos do mundo, espera-se agora que os principais poluidores e potenciais grandes poluidores de amanhã cheguem a um entendimento realista, agora já não há desculpas.

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