Durante um encontro com trabalhadores da fábrica de cimento de Maceira, perto de Leiria, é com um aperto no coração que oiço as descrições sobre as condições de trabalho na empresa. Para além dos combustíveis convencionais, nos fornos de Maceira queima-se lixo, muito lixo, lixo esse que supostamente deveria ser proveniente de resíduos urbano banais, não deveriam ser queimados ali resíduos tóxicos perigosos. As descrições deixam uma grande dúvida sobre a natureza dos resíduos.
Em Maceira e em pleno sec. XXI, quando os fornos da cimenteira são periodicamente desligados e limpos, o fato que os trabalhadores utilizam para entrar nesses fornos são exactamente os mesmos que os fatos utilizados num dia normal de trabalho. Não há botas, nem roupa, nem equipamento para respiração especial. As queixas de problemas de pele e de respiração após a limpeza dos fornos são frequentes. É o terceiro mundo em plena Europa.
No aterro de Taveiro, perto de Coimbra, existe uma unidade de triagem de lixo para reciclagem. A unidade de reciclagem parece uma casa de um nómada. Vai tudo para o chão, não há separação para contentores estanques, está tudo muito sujo, as trabalhadoras (imigrantes) que separam parte do lixo à mão não têm fatos especiais e duvido muito que tenham tomado as vacinas adequadas àquele tipo de trabalho. Os cães e os gatos andam à vontade lá dentro, sinal de desleixo dos responsáveis. Miguel Almeida, o Rei das nomeações e pau para toda a obra de Santana Lopes, é o administrador desta miséria. É uma empresa à sua imagem.
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