"O Planeta dos Macacos" não é um filme de ficção científica qualquer. Trata-se do primeiro filme importante que confronta o homem com a sua extinção cultural consumada simultaneamente com o seu domínio por outra espécie, os macacos. Apesar de ser explicado ao longo das quatro sequelas do filme as razões do declínio da espécie humana, Taylor (Charlton Heston) nunca saberá como a espécie humana chegou àquele ponto. Os humanos tornaram-se uma sombra do que eram, não há nada a fazer, é irreversível e pior que tudo Taylor não sabe nem como nem porquê. O seu ajoelhar na praia na cena final reflecte tudo isso. Pior que perder, é não saber porque se perde.
A componente científica do filme, nomeadamente a viagem no tempo, não compromete o desenrolar da história, o que nem sempre acontece na ficção científica. Obviamente, o mais recente "Planeta dos Macacos" de Tim Burton é muito mais sofisticado na caracterização do modo de vida dos macacos porque os efeitos especiais modernos o permitem, nomeadamente a arquitectura urbana vertical própria de uma espécie arborícola. Mas Burton peca no excesso de espectacularidade, na sofisticação das armas e nas explosões. O confronto à base de carabinas numa das cenas finais do filme original tem muito mais charme do que as monumentais explosões apresentadas por Burton.
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