quinta-feira, janeiro 08, 2004

Imigração

O texto "ESTRANGEIROS E EMIGRANTES" do Aviz aborda o tema da imigração sobre várias vertentes. Sobre a forma como tratamos os imigrantes que trabalham em Portugal o mais grave quanto a mim nem são tanto as posições adoptadas pelo PP sobre a matéria, que são mais verborreia populista do que outra coisa. O que nos deveria peocupar é a maneira desorganizada e irresponsável como tratamos todas as questões burocráticas que deveriam permitir aos estrangeiros viver com um mínimo de normalidade (já nem digo conforto) no nosso país. Desde o visto de residência até à abertura de uma simples conta bancária os imigrantes passam por autênticas aventuras dignas de um romance de Franz Kafka. O pior é que este problema está acima das posições e ideologias políticas. É desorganização pura. É incompetência que vai desde o director do SEF até ao simples funcionário que acham normal que um imigrante esteja 14 meses à espera para ver renovado o seu visto de residência.

Julgo que muitos dos altos responsáveis políticos nem sequer se dão conta da gravidade da situação. É tão grave que cidadãos estrangeiros que querem investir em Portugal, criando emprego e riqueza, passam por processos burocráticos inacreditáveis que os faz criar anticorpos ao nosso país desde o primeiro encontro imediato com nossa administração. Muitos desistem e vão-se embora. Outros ficam, guardando sempre uma margem de desconfiança em relação a tudo, mas à mínima oportunidade de investir noutro país não hesitam em fechar portas e partir para países onde sejam tratados com dignidade. Há um caso de um cidadão britânico que após o estado português ter exigido que a sua viatura de matrícula estrangeira pagasse o imposto automóvel - o estado português ilegalmente, contra as regras do mercado Europeu, exige que as viaturas compradas na UE paguem imposto automóvel - se irritou a tal ponto que fechou a sua pequena empresa e foi investir noutro país.

Felicidade africana
Ainda sobre o texto do Aviz, gostei muito dessa definição de felicidade africana: "escrevi um livro com o título Lourenço Marques, em que defendi o direito de os portugueses assumirem a sua margem de felicidade africana – não deve haver preconceitos". É fantástico quando encontramos portugueses que são capazes de olhar para o passado colonial sem preconceitos mas com lucidez. Infelizmente a grande parte guardou muito rancor e um racismo pouco domesticado.

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