quinta-feira, janeiro 22, 2004

Imigração científica e não só

O Nuno do Mar Salgado (que suspeito ter sido meu adversário de basquete aqui no distrito de Coimbra) ironiza sobre a abertura do nosso mercado de trabalho a 6500 imigrantes. Note-se que este número foi calculado tomando em consideração que não sairia nenhum português do país. Hoje um estudo anunciado pela SIC dava conta que estão a sair mais Portugueses do país do que estrangeiros a entrar! Mas o mais grave foi o Ministro da Administração Interna gabar-se de que finalmente poderão emitir vistos de residência em APENAS 6 meses!!! Só 6 meses de precariedade não é nada! Está-se mesmo a ver que qualquer empresa fica sentada à espera 6 meses que um trabalhador receba o seu visto de residência.

Tortuosos caminhos da ciência
O artigo da IEEE Spectrum por mim anteriormente comentado descreve a perturbação causada nos meios científicos nos EUA pelas novas políticas da homeland security, independentemente da fuga de cérebros da Europa para a América do Norte que o Nuno do Mar Salgado refere. Problema este que já tinha sido objecto de uma proposição da Comissão Europeia no passado dia 18 de Julho, intitulada «Lutte contre la fuite des cerveaux», que eu andava a guardar para comentar aqui na Klepsýdra. A diferença de salários e de oportunidades são bem descritas no dossier da Time referido pelo Nuno. O caso português é ainda pior, e quem voltou ao país por pura carolice e voluntarismo pensa duas vezes se foi uma boa ideia perante muita indiferença política e algumas insinuações do tipo: «esses cientistas querem é subsídios» (julgam que a ciência nos EUA estaria onde está se não fosse a maior fatia do investimento Americano nos últimos 30 anos ter ido para o armamento, que «subsidia» ciência, empresas tecnológicas privadas e afins).

Nisto julgo que eu e o Nuno estamos de acordo. No entanto eu acho que o Muro que continua a ser construído entre os EUA e o México é bem mais grave do que as preocupações do Nuno sobre Le Pen na Europa (Le Pen bem que gostaria de erguer um muro entre a França e o resto da Europa, já o afirmou uma vez!).

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