quarta-feira, janeiro 21, 2004

Astrologia subsidiada pelo Estado II

Mais tempo de antena para a astrologia do que para o Judaísmo e o Islão

A astrologia como é apresentada pela Sra. Cristina Candeias na "Praça da Alegria" não pode ser considerada como uma rubrica de entretenimento. A Sra. Cristina Candeias publicou um livro recentemente, “Karma e felicidade” - com a ajuda de publicidade que lhe aufere a sua participação na “Praça da Alegria” – onde a astrologia não é de todo tratada como entretenimento. É tratado antes como um assunto “muito serio”. Aliás numa das últimas emissões da Praça da Alegria ainda apresentadas pelo Sr. Luís Goucha, a Sra. Cristina Candeias disse em directo que aquilo era “trabalho e assuntos muito sérios”. Fora da RTP, os clientes da Sra. Candeias quando recorrem às suas consultas não vão em busca de entretenimento, vão em busca de uma solução para os seus problemas através da astrologia. Na sua rubrica da RTP nada muda, a Sra. Cristina Candeias não está a fazer entretenimento está ali para resolver os problemas dos espectadores.

A astrologia é uma actividade que recorre à ciência (astronomia e astrofísica) para recriar o universo de um ponto de vista espiritual. Tal como o fazem a cientologia, o centro de estudos gnósticos, os raelianos, etc. É esta característica que distingue estas actividades espirituais daquelas a que chamamos religiões e que geralmente são associadas à existência de divindades transcendentais. Assim, a rubrica de astrologia da Sra. Cristina Candeias não deve ser considerada nem como entretenimento nem como ciência, mas sim como actividade espiritual. Como actividade espiritual, a referida rubrica de astrologia está claramente em violação da Lei da Liberdade Religiosa pois a astrologia ficou de fora das várias religiões e grupos espirituais a quem, segundo os critérios do Estado Português, seriam concedidos alguns privilégios nos órgãos de comunicação social estatais. Segundo esta lei os meios de comunicação públicos deverão atribuir tempo de antena às diversas confissões religiosas segundo a sua representatividade (Lei nº 31- A/98). Neste momento a astróloga Cristina Candeias tem tempo de antena para divulgar a astrologia semelhante ao da própria igreja católica (a religião mais representativa em Portugal) e claramente superior ao tempo disponibilizado à religião muçulmana e ao judaísmo, por exemplo.

Depois do que foi exposto no texto precedente, esta é provavelmente a segunda violação à lei na mesma rubrica de astrologia. E o Estado a subsidiar isto...

Astrologia subsidiada pelo Estado I

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