O "comunismo" cipriota é mais uma insólita variante dos peculiares comunismos dos dias que correm (as monarquias comunistas da Coreia do Norte e de Cuba, o comunismo ultraliberal chinês e o clepto-comunismo angolano) e mais uma demonstração do desnorte que grassa entre os órfãos da URSS. O Partido Progressista do Povo Trabalhador (o PC lá do sítio, que pertence ao GUE) desde que chegou ao poder entre 2006 e 2008 pouco ou nada fez para impedir que a ilha servisse de base para a lavagem de dinheiro de redes mafiosas e criminosas dos países de leste. E não nos enganemos, os comunistas cipriotas não defenderam ontem no parlamento os depósitos bancários dos trabalhadores, protegeram sobretudo os depósitos dos russos e dos ucranianos que lhes enchem os bolsos em troca do silêncio e da discrição.
Quando a Islândia entrou em incumprimento em 2008, o Reino Unido apoderou-se dos bancos e das contas bancárias islandesas instaladas na Grã-Bretanha. Ironicamente, os comunistas cipriotas nem sequer são capazes de defender a aplicação de uma taxa de 15% aos depósitos bancários ligados a actividades especulativas e criminosas (a esmagadora maioria do volume dos depósitos acima dos 100 mil euros). Como acontece por cá, quem vai pagar a crise serão certamente os trabalhadores cipriotas através dos seus salários. Mas entre os trabalhadores e os mafiosos de leste, o Partido Progressista do Povo Trabalhador prefere estes últimos.