Não é de ontem nem de hoje, mas o problema tem-se vindo a agravar desde que Soares dos Santos decidiu lançar o seu projeto político (sem ir a votos) espezinhando uma série de leis da república. O dumping que já se praticava a lume brando (e não era só o Pingo Doce a praticá-lo), tomou proporções incontroláveis quando outras cadeias de supermercados seguiram a famosa campanha dos 50% de desconto, isto apesar de estarem em curso investigações por concorrência desleal em inúmeros supermercados da Jerónimo Martins. Já há mais de 100 anos que a experiência, a história e os livros de economia nos ensinam que o dumping destrói a economia e produz desemprego entre produtores (principalmente agricultores) e comércio local.
Hoje foi tornado público que os estragos e as faturas das promoções selvagens do Pingo Doce começaram a chegar aos produtores e aos agricultores. O Pingo Doce começou a pressionar os produtores exigindo um aumento de margem para si, "uma verba que o produtor teria de entregar ao Pingo Doce, uma renegociação de contratos e verbas para reforço de competitividade". Isto são coisas dos filmes do Padrinho. Nas palavras de um dos principais representantes dos produtores nacionais existem "empresas com medo represálias caso não aceitem as condições dos supermercados, nomeadamente com marcas que podem desaparecer das prateleiras" e temem-se já "falências, desemprego, desinvestimento na produção nacional e, eventualmente, um aumento das importações".
A passividade da Ministra da Agricultura (e de não-sei-quantas-pastas)
perante as sucessivas campanhas de 50% foi confrangedora. Será que o CDS
tem receio de afrontar Soares dos Santos? E porquê? Muito provavelmente, agora é tarde demais para o ministério intervir, para evitar que os estragos se continuem a propagar até aos nossos bolsos, deixando um rasto de desemprego atrás de si entre agricultores, produtores e trabalhadores do comércio local. Como tudo isto é demasiado grave no momento de crise que atravessamos, demita-se senhora Ministra.
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