A TVO, a fornecedora nacional de electricidade da Finlândia, comunicou recentemente que a construção do seu novo reactor nuclear sofreu um novo atraso superior a um ano. Este reactor designado de terceira geração, trata-se do EPR (European Pressurised Reactor/Evolutionary Power Reactor) da empresa francesa Areva em construção em Olkiluoto, no sudoeste da Finlândia. A construção do EPR foi iniciada em 2005 com o compromisso de estar terminado em 2009. Desde então, sucessivos atrasos elevaram a factura inicial de 3 mil milhões de euros (um preço chave na mão estabelecido entre a TVO e a Areva) para 5,7 mil milhões de euros. Depois da derrapagem de custos, a TVO entrou em conflito com a Areva e pede o reembolso da diferença de 2,7 mil milhões de euros.
Existem apenas quatro reactores deste tipo correntemente em construção: dois na China, um na Finlândia e outro em França. A construção dos dois reactores chineses iniciou-se há poucos meses, pelo que não há informação sobre eventuais derrapagens de custos. A construção do reactor francês, tal como o finlandês, tem sofrido atrasos e aumentos de custo bem superiores ao inicialmente estimado.
O EPR deverá ser o mais potente reactor nuclear do mundo, com uma potência de cerca de 1650 MW, mas é também o reactor mais caro concebido até hoje. Este tipo de reactores tem sido publicitado como o mais seguro do mundo, capaz de resistir ao embate de um avião de linha. No entanto, o EPR nunca foi testado, a unidade finlandesa será a primeira a entrar em funcionamento. O combustível utilizado nestes reactores é designado por MOX (Mélange d’OXides), uma liga constituída por óxidos de urânio e de plutónio. A utilização do MOX apresenta a vantagem de reciclar o plutónio proveniente de armamento nuclear e de aumentar a concentração de material físsil do combustível utilizado nos reactores. No entanto, é um combustível mais caro que o combustível utilizado nas centrais nucleares de anteriores gerações e para o qual ainda não foi encontrada uma solução de tratamento e armazenamento depois de utilizado.
Foi este tipo de reactores que foi proposto há cerca de cinco anos como uma solução energética mais barata para Portugal pelo grupo de pressão liderado por Patrick Monteiro de Barros.
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