Imaginem que na Buraca acabaram de assassinar a 31a pessoa desde o início do ano ou que foi morto o 31° refém de assaltos a bancos desde o início do ano... Pensem bem 31 pessoas mortas, imaginem mesmo que no youtube há um vídeo para cada um desses assassinatos e podemos ver de trás para a frente os criminosos a assassinar o refém ou o habitante da Buraca. O presidente da República ou Primeiro Ministro deveriam fazer alguma coisa, estamos de acordo certamente. A TVI entraria em histeria orgásmica e atingiria os 90% de audiência, o PP subiria em flecha nas sondagens ao som de discursos de Paulo Portas sobre o "Portugal que trabalha". Mas agora deixem de imaginar e saibam que os 31 assassinatos aconteceram realmente, mas em vez de ocorrerem num bairro com ciganos ou durante assaltos realizados por romenos ou brasileiros, estas 31 mortes ocorreram no próprio domicílio do português médio, o português médio que dá porrada na mulher e nos filhos, porque não sabe ter uma relação de respeito sem dar porrada. E (hélas!), a TVI e o youtube não têm registo destas mortes. Meus amigos, o Observatório de Mulheres Assassinadas - um luxo de um país que é mais perigoso dentro de casa e no local de trabalho do que na rua - desde o início do ano registou nada mais nada menos que 31 mulheres assassinadas por maridos, ex-maridos, namorados e ex-namorados. Quantas sobreviventes foram parar ao hospital com ossos partidos, olhos negros e queimaduras? Quantos putos foram espancados no calor dos desaguisados conjugais? Parece-me que isto tudo não interessa muito voltem a sintonizar a TVI, ou se quiserem ainda mais espectáculo sintonizem a RAI Uno, a culpa é dos ciganos...
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