quinta-feira, abril 29, 2004

Alargamento: Slovenija a Slovensko

Embora a Eslovénia e a Eslováquia tenham adquirido recentemente as suas independências a partir de nações diferentes - Jugoslávia e Checoslováquia respectivamente - a grande semelhança entre os nomes dos dois países e entre as respectivas bandeiras nacionais dá sempre azo a grandes confusões. A pior coisa que se pode fazer a um esloveno é confundi-lo com um eslovaco e vice-versa. Quando nós somos confundidos com os espanhóis também não gostamos muito. Lembram-se da polémica recente do Corte Inglês? Logo no início da rubrica da Euronews que apresentava os novos países do alargamento, o apresentador esloveno abria assim: «Olá eu sou esloveno, não sou eslovaco! Vivo na Eslovénia e não na Eslováquia!». Recentemente, Berlusconi durante uma recepção apresentou o primeiro ministro da Eslovénia – país que faz fronteira com o norte de Itália - como o primeiro ministro eslovaco. O inevitável George W. Bush fez o mesmo erro em 1999 quando já preparava a sua candidatura presidencial.
Para evitar confusões o Parlamento Esloveno lançou então um concurso de criação de uma nova bandeira que fosse bastante diferente da bandeira eslovaca. O vencedor do concurso foi Dusan Jovanovic, um designer gráfico esloveno. Eis a nova bandeira da Eslovénia.



Faltam 2 dias para o Alargamento

Alargamento: o pai da palavra robô era checo

quarta-feira, abril 28, 2004

Os tiques contra o 25 de Abril e a queda do muro de Berlim são os mesmos

É engraçado notar a semelhança entre o incómodo causado pelo 25 de Abril nas pessoas que não digeriram bem o fim do Estado Novo e o incómodo causado pela queda do Muro de Berlim nos comunistas saudosistas dos países de leste. E não me refiro à treta da discussão sobre o "R", que na minha opinião só introduziu ruído na comemoração dos 30 anos do 25 de Abril. Sinceramente, até achei uma evolução muita gente de direita ter abraçado o 25 de Abril através do slogan da "Evolução". Há não muito tempo ainda ouvíamos muitos políticos do PSD e do PP a lamentarem-se por a Ponte Salazar ter mudado de nome para Ponte 25 de Abril. "Foi ele que a construiu", diziam eles. Então não foi?! Andou lá a carregar baldes de cimento nas obras! Nomes como Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), Paulo Portas e Manuel Monteiro proferiram declarações deste tipo. MRS até foi mais longe dizendo que os capitães de Abril tomaram o poder de uma forma ilegítima. Isto passou-se há três, quatro anos. Por isso até achei que a direita fez uma boa evolução neste aspecto e fiquei caladinho nessa polémica do "R". A semelhança aos saudosistas dos ex-regimes comunistas a que me refiro é patente nos textos do FA do blogue Quinto dos Impérios.

FA leu um texto em que eu criticava a actual classe política polaca e leu-o na diagonal! Só pode, para fazer a interpretação abusiva que faz do meu texto... Diz FA: "Achará concerteza que Húngaros e Polacos estavam melhor antes da implantação do regime democrático". Não há uma única linha no meu texto que ponha em causa o fim do comunismo, pelo contrário. E depois continuou a divagar de uma forma que revela muita precipitação, pois a sua interpretação é claramente contrariada pela ideia geral da minha série de textos sobre o Alargamento, em que me congratulo bastante com este acontecimento que é de carácter democrático e de ruptura completa com o passado ligado ao Imperialismo Soviético. Mas, assim que comecei a ler os textos recentes de FA no Quinto dos Impérios percebi rapidamente a ânsia e a sofreguidão de me "apedrejar" de uma forma tão precipitada e despropositada. Percebe-se bem neste texto que FA fica deprimido com o 25 de Abril. É uma data que lhe causa alguma azia. Este tipo de desabafo: "Cada vez mais me convenço que o meu Abril não é de 74 ou 75", é típico de quem não resolveu o seu conflito com a revolução de Abril. Os comunistas dos países de leste, têm exactamente a mesma reacção em relação à data do fim do Muro de Berlim. Ficam com azia. Dizem que aquela não é a data deles. Que aquilo era um bando de selvagens sem legitimidade democrática a destruir um muro e criticam sempre qualquer detalhe das comemorações desse importante evento.
A Oeste e a Leste a azia ataca quem não se dá bem com a liberdade.
Sai um Alka-Seltzer para o Vasco Pulido Valente!

Hubble fez 14 anos

Dia 25 de Abril completaram-se 14 anos desde que o Telescópio Espacial Hubble foi lançado pelo Vaivém Discovery. Para comemorar o evento foi divulgada uma impressionante imagem do que resta de uma galáxia de espiral rodeada por um anel de estrelas azuis. A ocasião não escapou ao interessante apanhado de acontecimentos importantes que ocorreram a 25 de Abril feito pelo Nuno do Mar Salgado.


(Imagem do sítio da ESA)

terça-feira, abril 27, 2004

...e a caravana do islamismo passa!

No Dubai, no Sudão (como relembra oportunamente o Aviz), na Arábia Saudita (onde Paulo Portas poderia distribuir condecorações para além das armas que já lhes vende), no Paquistão e na Chechénia, o islamismo é uma ideologia que avança tranquilamente. Ganha adeptos à custa da excitação provocada pela intervenção no Iraque. Na Europa e nos EUA, o islamismo tenta ganhar território através de subtilezas macabras:

- Em Lille e Mons-en-Baroeul, França, movimentos islamistas conseguiram reservar horários exclusivos em piscinas públicas só para mulheres, para não haver misturas. Os pedidos deste tipo multiplicam-se em França.

- Os casamentos entre muçulmanAs e não muçulmanOs são condenados (ao contrário são tolerados) em obras islamistas como: "Mariage mixte, un bonheur à haut risque". Aliás passem os olhos pelo sítio deste link para terem uma ideia do que se apregoa por ali.

- No Reino Unido, grandes comunidades de mulheres, meninas e crianças do sexo feminino vivem vidas paralelas ao sistema. No Reino Unido não existem bilhetes de identidade, o que permite aos homens que dominam as comunidades islâmicas controlar a vida das mulheres desde o seu nascimento até ao casamento. As crianças frequentam escolas pré-primárias e primárias islamistas onde começa logo a lavagem ao cérebro fora do sistema. Como não possuem identificação é como se não existissem e escapam facilmente à escolaridade obrigatória britânica. Para as raparigas, o horizonte final é o casamento forçado, ou tolerado se a lavagem ao cérebro correr bem.

- A jornalista de origem magrebina Assia Dahmani descreve a seguinte situação no bairro de Merisiers, Paris: La directrice d'une école primaire affirme: "Beaucoup de mères me confient qu'elles ne peuvent plus sortir de chez elles. D'autres s'empressent de retirer le voile quand elles quittent le quartier pour le remettre une fois de retour." Ici la liberté individuelle ne semble s'exercer qu'en dehors du regard des militants extrémistes, qui s'attribuent le rôle de gardiens de l'ordre moral.

O patrocinador deste fanatismo na Europa é a Arábia Saudita (e não o Iraque como insinuam Rumsfeld e os que se limitam a repeti-lo) aliado dos EUA e nosso fiel consumidor de material militar das OGMA graças ao nosso ministro da defesa.

Nota: Islão é uma religião. Islamismo é uma ideologia que interpreta o Islão de uma forma bastante particular (abusiva, diria eu).

segunda-feira, abril 26, 2004

Alargamento: Karel Čapek o pai da palavra Robô

Karel Čapek é conhecido pela sua peça R.U.R. (Rossum’s Universal Robots), que deu origem à palavra robô que vem do checo robota (significa trabalho penoso ou forçado). Realizada em 1921, trata-se de uma peça de ficção científica em que cada uma das personagens é desumanizada pela máquina da idade. Infelizmente, a ditadura da cultura anglo-saxónica, que influencia em demasia este país, faz com que a obra de Čapek seja quase desconhecida. Só consegui encontrar a tradução para português de uma das suas obras: “A Guerra das Salamandras”. Presentemente ando a ler um romance (em francês) de ficção científica de Čapek que é simplesmente delicioso: “A Fábrica do Absoluto”. Uma máquina capaz de dividir os átomos (segundo a concepção dos anos 20) liberta energia numa proporção jamais vista (seria o prenúncio da energia nuclear?). O problema é que essa energia que liga os átomos é em parte de carácter espiritual e vai contaminar a população com epidemias de fanatismo religioso, milagres, seitas, profetas, etc. O humor é negro e muito inteligente.

Karel Čapek, nasceu em 1890 em Malé Svatonovice e morreu em 1938. Foi o editor do jornal de Praga, fundador e director do teatro Vinohradsky em Praga, ensaísta político, dramaturgo e novelista.

Faltam 5 dias para o alargamento

Alargamento: rejuvenescimento político da Polónia?

domingo, abril 25, 2004

No 25 de Abril eu queria era um macaco!

Há 30 anos, eu tinha quase três anos. Via a minha mãe a escrever cartas todos os dias para o meu pai, que foi bater os costados para Angola - na base da pirâmide ou se emigrava ou se ia para o ultramar – e eu achei que também tinha que escrever ao meu pai. E foi assim que inaugurei o meu primeiro blogue, escrevendo cartas ao meu pai na madeira dos móveis da minha avó. Claro, a minha avó não achou muita piada ao meu blogue. Mas eu escrevia ao meu pai por razões completamente diferentes da minha mãe. Naquela altura eu tinha ouvido dizer que em Angola havia macacos, então eu escrevia ao meu pai para ele me trazer um macaco de Angola quando voltasse. O 25 de Abril deu-se e o meu pai regressou alguns meses mais tarde. O dia da sua chegada foi inesquecível. Trouxe-me um macaquito feito daquele material de que são feitas as bolas insufláveis de praia. Para mim foi como se ele trouxesse um macaco verdadeiro, adorei! Ainda me lembro desse macaquito que tinha uma banana na mão.

sábado, abril 24, 2004

Sábado em Coimbra VII: vista sobre Veneza

O tempo está fabuloso. Vou até ao Couraça!
A leitura é saborosa a partir da magnífica vista do miradouro.
Lá em baixo junto ao Mondego vejo as cidades invisíveis.
Há alguns anos foi neste lugar que li essa bela obra de Calvino.
À medida que lia,
imaginava cada uma dessas misteriosas cidades lá em baixo,
nas margens do Mondego.
Desde então, sempre que vou ao Couraça,
vejo-as junto ao Mondego, il Gran Canale.
Só eu é que as vejo, por isso é que são invisíveis.
Vejo a Sereníssima República!

Sábado em Coimbra VI

sexta-feira, abril 23, 2004

Hans Blix: "Disarming Iraq"

No seu recente livro, "Disarming Iraq", Hans Blix afirma que o mundo não ficou mais seguro com a intervenção no Iraque e considera o aquecimento global como uma ameaça mais grave para a humanidade do que as armas de destruição maciça.
Assino por baixo e acho que este deveria ser o tema principal da eleições europeias que se aproximam.

Alargamento: rejuvenescimento político da Polónia?

Algo que me intriga em relação aos Polacos, aos Húngaros e ao povo Judeu, é que são povos que espalharam pelo mundo um número impressionante de talentos e de pessoas brilhantes, mas depois nos respectivos países possuem governos absolutamente decepcionantes, onde graça a estupidez no seu estado mais bruto. Na Polónia nasceram alguns dos melhores músicos, físicos e escritores do mundo. Personalidades nascidas na Polónia ganharam prémios Nobel em várias áreas, entre os mais conhecidos estão os físicos Maria Sklodowska (Marie Curie) e Georges Charpak. Ao contrário, a classe política polaca é composta em grande parte por gente manhosa altamente comprometida em negociatas pouco claras. É caso para dizer: em casa de ferreiro espeto de pau! Depois da queda do Muro de Berlim, uma classe política oportunista amanhou-se à grande vendendo quase todo o tecido industrial a empresas americanas e alemãs ao preço da chuva (atenção, não estou a insinuar que os políticos do antigo regime comunista eram melhores). Em 1993 tive a oportunidade de visitar Varsóvia e fiquei verdadeiramente abismado com a quantidade de estabelecimentos de fast-food americanos que existiam no centro da cidade, ocupando indiscriminadamente edifícios históricos ou modernos. Para terem uma ideia, na altura fui visitar o impressionante Centro Cultural de Varsóvia para desanuviar a vista de copos de Coca-cola (havia todas as variedades de Pepsi e de Coca-cola que em Portugal nunca apareceram) e de hambúrgueres, mas quando entrei logo ali no hall de entrada havia uma exposição de esculturas de Coca-cola! Eram latas e latinhas retorcidas, garrafas e copinhos de todos os tipos da referida marca!

Por isso, não me espantei mesmo nada quando a Polónia foi o único país da Europa de Leste que enviou um contingente significativo, que não era meramente simbólico, para o Iraque, apesar de todos os problemas económicos que o país atravessa. Havia que prestar vassalagem ao Imperador. Mas entretanto as coisas mudaram e a Polónia parece ter acordado do limbo político manhoso em que se encontrava. O primeiro ministro Leszek Miller vai demitir-se do seu cargo dia 2 Maio, um dia depois da adesão da Polónia. A sua classe política parece ter recuperado a lucidez e muito provavelmente as suas tropas serão retiradas do Iraque. O fim da sua participação na irresponsabilidade chamada Iraque é simbolicamente muito forte, pois a Polónia era um daqueles trunfos que os irresponsáveis da actual administração americana usavam na sua vergonhosa campanha anti-europeia. Saiu-lhes o tiro pela culatra! Num dos primeiros textos da Klepsýdra eu alertei que algo deste género poderia acontecer, dado o crescendo fortíssimo que o anti-americanismo está a ter nos países de leste.
Esperemos então que a adesão da Polónia seja marcada por uma saudável renovação da sua classe política e seja capaz de criar uma nova classe política ao nível de todos os cérebros brilhantes que a Polónia ofereceu ao mundo.

Faltam 8 dias para o alargamento

Alargamento: uma canção eslovaca

quinta-feira, abril 22, 2004

Os meus 10 actores preferidos

Oleg Menshikov (Sol Enganador, Nikita Mikhalkov)
Miki Manojlovic (Underground, Emir Kusturica)
Javier Bardem (Carne Viva, Pedro Almodovar)
Roberto Benigni (A Vida é Bela, Roberto Begnini)
Sergi Lopez (Une Liaison Pornographique, Frédéric Fonteyne)
John Turturro (Barton Fink, Joel e Ethan Coen)
Dominique Pinon (Delicatessen, Marc Caro e Jean Jeunet)
Marcello Mastroianni (La Dolce Vita, Federico Fellini)
Willem Dafoe (Tão Longe e Tão Perto, Wim Wenders)
Peter Sellers (Dr. Strange Love, Stanley Kubrick)
Bernard Giraudeau (Gotas de Água Sobre Pedras Escaldantes, François Ozon)
Benicio Del Toro (Traffic, Steven Soderbergh)
Srdjan Todorovic (Gato Preto Gato Branco, Emir Kusturica)
Harvey Keitel (Smoke, Wayne Wang)
Ulrich Thomsen (Festen, Thomas Vinterberg)

Entre parêntesis indico o filme em que mais apreciei a prestação do actor e o respectivo realizador.
Começa sempre por 10, mas depois não resisto a acrescentar mais uns quantos.

Sobre Oleg Menshikov sou categórico: é o melhor actor do mundo e arredores! Vejam-no em "Sol Enganador" no papel de um agente da KGB quem vem perturbar um pequeno retiro de artistas para consumar uma vingança pessoal. Adoro a maneira como dança no papel de um jovem cadete do exército russo em "O Barbeiro da Sibéria". Quando as luzes se acendem e se abrem as portas do cinema as estrelinhas de Oleg Menshikov continuam a cintilar na tela de projecção!
Se Oleg Menshikov representa o talento eslavo pelo rigor e perfeição, Miki Manojlovic é um talento que projecta o outro lado da cultura eslava, o de uma loucura frenética e uma alegria explosiva contagiante. Em Underground Miki preenche o filme, é um filme dentro de um filme! A banda sonora de Goran Bregovic até parece ter sido feita por medida para Miki Manojlovic.
Javier Bardem é um especialistas em personagens de carácter bem vincado. É o perfeito macho ibérico em "Boca a boca" e no filme "Em Carne Viva". Em "Às segundas ao Sol" Bardem esta de la hostia (como a Austrália).
Benigni é Benigni, dentro e fora das telas. "Pai, porque há um cartaz naquela loja a proibir a entrada judeus e cães?", responde Benigni: "Porque o proprietário não gosta nem de cães nem de judeus. Diz-me um animal de que não gostes". "As aranhas" responde o filho. "Eu não gosto dos visigodos! Assim, à porta da nossa loja vamos também afixar um cartaz a dizer: proibida a entrada a aranhas e a visigodos!". Assim a vida é sempre bela.

As minhas 10 actrizes preferidas

terça-feira, abril 20, 2004

Tratado do macho latino

Tenho alguma dificuldade em ver no filme "Em Carne Viva" de Pedro Almodóvar uma sequela de "Ata-me", como refere o Ivan do blogue A Praia. O filme "Em Carne Viva" sugere-me mais um tratado sobre o macho latino, ou a sua variante ibérica: o macho ibérico. Almodovar apresenta o macho ibérico em todos os seus estados, que são quase sempre primitivos. O que não é sinónimo de algo desprestigiante. Pelo contrário, existem momentos do filme em que essa masculinidade primitiva é enaltecida e louvada. Mas percebemos também que esse primitivismo facilmente derrapa para o patético como: a cena de pancadaria entre os dois machos que é interrompida para festejar o golo do Atlético de Madrid, ou a cena em que David (Javier Bardem) força a sua mulher a um cunnilingus ou o polícia que controla doentiamente os passos da sua insatisfeita mulher até a matar.

Olimpo

O Monte Olimpo em Marte é o maior vulcão do sistema solar. Elevando-se até uma altitude de 24 km em relação à superfície circundante e com uma cratera de 3 km de profundidade, é a morada ideal para os deuses. Zeus, Hera, Afrodite, Ártemis e Dioníso devem andar certamente por lá. Observam-nos a nós terrestres e às nossas navezinhas frágeis e telecomandadas. Esperam pela próxima Odisseia e pelo próximo Ulisses. Será talvez essa nova Odisseia, a missão Aurora, que irá levar um Ulisses futurista de grande prudência e a sua tripulação mais perto da morada dos deuses.

O Monte Olimpo foi cartografado recentemente a três dimensões pela Mars Express. Na imagem ao lado (sítio da Agência Espacial Europeia) o relevo é exagerado para o dobro. Em breve a Mars Express activará um dos instrumentos mais extraordinários jamais construídos para explorar o planeta Marte. Trata-se do MARSIS (Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionosphere Sounding). Este instrumento tem a capacidade de sondar a existência de água (gelo) no subsolo marciano a mais de 1 km de profundidade, enquanto a Mars Express se encontra a 800 km de altitude. O MARSIS tem como função secundária o estudo da ionosfera de Marte.

segunda-feira, abril 19, 2004

E porque hoje é segunda

Santa e Lino olham para o mar. Santa (Javier Bardem) recorda um pedaço de tinta arrancado do tecto do seu quarto que lhe faz lembrar o mapa da Austrália.

Santa: Australia. Australia si que es la hostia. Sabes cuantos kilómetros cuadrados tiene Australia? Diez veces éste. Y habitantes?
Lino: Ni idea.
Santa: Ni la mitad que aquí. Así que calcula. Porque te dan tu parte.
Lino: Si?
Santa: Cuando te jubilas, dicen: A ver, cuantos kilómetros de país? Y dividen entre las personas. No sé 2 km2, 3km2. Y te lo dan. Te imaginas? Pa' ti pa' siempre. Y tu ahí haces lo que te salga de los huevos. Claro la gente está de mejor humor.
(Santa suspira)
Las antípodas. Sabes por qué se llaman las antípodas? Porque significa lo contrario. Lo opuesto que aquí. Allí hay curro, aquí no. Allí follas, aquí no!
(Santa observa um barco que passa)
Seguro que estos cabrones van para allá. Qué día es hoy?
Lino: Lunes.


Diálogo de "Às segundas ao Sol", Fernando León de Aranoa

domingo, abril 18, 2004

sábado, abril 17, 2004

A incompetência, a asneira e o perdão

Concordo inteiramente com o Aviz sobre a reconciliação do governo com Saramago. Também não apreciei muito as piadolas de indignação sobre o assunto. Saber admitir asneiras do passado é um acto inteligente e corajoso, sobretudo no meio político. Quanto a Sousa Lara, arrepia-me o facto de aquele homem ter sido um dia ministro deste país. É o mesmo homem que comprou uma cruz de cinco metros para o proteger do apocalipse da passagem de 1999 para 2000.
O mesmo arrepio com sabor a incompetência sugere-me a brilhante ideia de atribuir bolsas a investigadores que tenham mais de 100 artigos publicados. O Miguel Vale de Almeida descreve bem o trabalho e a morosidade inerentes à publicação de artigos em publicações internacionais com arbitragem. Se os governantes responsáveis pela proposta fossem avaliados com o mesmo rigor que se pratica em muitas revistas científicas, provavelmente seriam demitidos por incompetência. Era o que deveria ter acontecido a Sousa Lara.

Sábado em Coimbra VI: o fiel corte de cabelo

Hoje o tempo está de chuva, aproveitei para ir cortar o cabelo.
Já na cabeleireira, enquanto vigiava o corte observando a minha descabelada figura através do espelho, dei-me conta que já era cliente daquela casa há largos anos. Nem os quatros anos que vivi em França quebraram a minha fidelidade. Nisto dei por mim a pensar no barbeiro do Futre. O Futre desde jovem que só cortava o cabelo no seu barbeiro no Montijo e de quem se gabava ser fiel mesmo nos tempos em que jogava no Atlético de Madrid. Fazia-lhe aquele corte especial! Para um Sansão dos relvados, o corte tinha que ser especial, não fosse ele perder os seus dotes. Será que o Futre ainda vai ao seu barbeiro do Montijo?

Sábado em Coimbra V

sexta-feira, abril 16, 2004

100 artigos

Quando li no blogue Empatia que o governo lançou uma proposta para atribuir bolsas a todos os investigadores que tenham mais de 100 artigos publicados para evitar a fuga de cérebros do país, pensei que era uma entrada de dia 1 de Abril do Empatia. Só quando cheguei ao laboratório e comecei a ler os documentos que me chegaram por email, a ouvir os comentários dos colegas e a ler os jornais, é que percebi que aquilo não era uma chalaça, era a verdadeira proposta! Se vão ser atribuídas bolsas a quem tem mais de 100 artigos publicados, os felizes contemplados serão: prémios Nobel, directores de laboratórios e de instituições de investigação e alguns investigadores seniores há muito tempo contratados. Está-se mesmo a ver que estes investigadores vão deixar os seus empregos estáveis e bem pagos para vir para Portugal receber uma bolsa.

Júlio Verne


Os escudos humanos da UNITA e do MPLA

Um camp, ce ne sont pas seulement des réfugiés. Ce sont aussi des humanitaires. De l’aide alimentaire. (…) en plaçant leurs réfugiés et tout le dispositif humanitaire qui va avec, aux avant-postes de ces terres nouvellement conquises et donc précaires et périlleuses, le gouvernement créait un bouclier, ou un sanctuaire, plus efficaces qu’une armée. J’ai vu le même type de situation dans la banlieue de Huambo, à la limite du périmètre de sécurité. (…) la logique de Menongue: tenir la position ; oui, cette fois, la tenir; mais avec les civils comme otages et les humanitaires en avant-poste.
Entre les deux attitudes, un point comum : deux armées spectrales qui passent autant de temps à s’éviter qu’à s’affronter et qui ont choisi de se battre par populations interposées.


Réflexions sur la Guerre, le Mal et la fin de l’Histoire”, Bernard-Henri Lévy, Grasset, 2001.


Como termo de comparação transcrevo aqui um excerto do texto onde o Abrupto cita Jonas Savimbi como vítima da retirada do Vietname:

a frase de Savimbi era o reverso que não se pensara, não se vira: o destino dos angolanos, como dos outros povos, que pagavam o preço do refluxo americano, pelo campo aberto aos soviéticos (e aos cubanos) em África. Savimbi contava como ficara sozinho, e fora empurrado para os sul-africanos pelo abandono americano, que só mudara com Reagan.”

O que mudara com Reagan em Angola é o que descreve Bernard-Henri Lévy no excerto acima transcrito. O apoio de Reagan deu mais lenha para queimar à crueldade de Jonas Savimbi. Aliás Reagan fez muitas destas. Ficam para a posteridade o seu apoio aos talibãs no Afeganistão, a Saddam na guerra Irão-Iraque e à guerrilha sanguinária dos Contras na Nicarágua. Os resultados desastrosos desses apoios prologam-se até aos dias de hoje.

quinta-feira, abril 15, 2004

Clima: investigadores americanos dão murro na mesa!

O editorial do mês de Março da revista Scientific American junta-se ao coro de protestos europeus contra a maneira como estão a ser geridas as questões climáticas do globo terrestre. A crítica à actual administração americana é severa:

If you still doubt that global warming is real and that humans contribute to it, read the article beginning on page 40. Its author, James Hansen of the NASA Godard Institute for Space Studies, is no doomsayer. (...) He sees undeniable signs of danger, especially from rising ocean levels, but he also believes that we can slow or halt global warming affordably - if we start the right away. Politically, that's the rub. As the time slips by, our leverage over the problem melts away. Even small reduction in gas and aerosol emissions today forestall considerable warming and damage in the long run. In our view, the international community needs a leader, but the obvious nation for the job still has its head in the sand.
President George W. Bush's administration implies that it will get more serious about global warming after further years of study determine the scope of the problem (tick...tick...tick). The Kyoto Protocol is the most internationally acceptable approach to a solution yet devised.
(...)
The only significant US activity in carbon dioxide trading now is at the state level. Ten northeastern states have established a regional initiative to explore such market. Meanwhile the administration sits on the sidelines. That's not good enough: it needs to show specific, decisive, meaningful leadership today.


"The Climate Leadership Vacuum", editorial de Março da Scientific American.

Por muita preocupação que mereça a luta contra a Al-Qaeda, este é o problema mais importante da actualidade. Como é um problema que pode trazer consequências nefastas para todas as formas de vida existentes na Terra, o mundo não se pode dar luxo de colocar nas mãos de irresponsáveis a resolução de problemas deste calibre. O conteúdo deste editorial é disso mesmo que trata.

quarta-feira, abril 14, 2004

Actualização: Savimbi ou como a moral de pacotilha sobre a ETA é frágil

A ETA é uma organização terrorista!
Enquanto escrevo estas palavras benzo-me e fustigo-me com uma tábua cheia de pregos. Com as minhas costas a escorrer sangue mas purificado por essa frase mágica «a ETA é uma organização terrorista», vou escrever o que acho sobre essa moral de pacotilha que apareceu aqui na blogosfera sobre a qualificação e adjectivação da ETA e a sua relaçao com causas como a de...Savimbi.

O ruir da moral: da ETA a Savimbi
Lá por volta do meio dia do último dia 11 de Março, todos percebemos que estava muita gente preparada de «calhau de passeio na mão» para apedrejar o Barnabé assim que o apagão do weblog.pt findasse. Tudo isto porque muita gente estava quase certa que o Barnabé iria apoiar a causa da ETA, os indiscutíveis responsáveis dos atentados (tal e qual!). Mas hélas! O Barnabé entrou logo a condenar a ETA. À falta de melhor procurou-se nas vírgulas um subtil e recôndito apoio à causa etarra. Pelo Abrupto foi denunciado o «fascizante» do comunicado do BE sobre o 11 de Março e o «basta ya» do Barnabé. Passados alguns minutos dezenas de blogues repetiam as mesmas denúncias do Abrupto. Isto tudo apesar de os miseráveis negócios que o governo português tem às claras com o regime saudita, responsável por crimes imensamente piores do que os da ETA, merecerem um estranho silêncio das mesmas pessoas que revelam uma sensibilidade brutal em relação à adjectivação da ETA. Percebia-se que esta aparente hiper-sensibilidade humanista não provinha de causas nobres.

Um mês depois o Abrupto cita Jonas Savimbi, um dos maiores criminosos da história das pós-independências africanas, para justificar a intervenção no Iraque. Para quem foi tão sensível à adjectivação da ETA, todo o moralismo então empregado torna-se vão. Ficamos todos com curiosidade de saber como se deverá adjectivar um homem responsável por:

- Imensos campos de minas que já fizeram milhares de vítimas e continuarão a produzir vítimas entre gerações futuras de angolanos.
- Utilização de campos de refugiados como escudos humanos.
- Forçar dezenas de milhares de meninos dos 6 aos 16 anos a combater.
- Semear uma guerra irracional por todo o país contra o MPLA, excepto no Lunda Norte, onde MPLA e UNITA tinham um acordo de cavalheiros para recolher diamantes lado a lado, para vender e comprar armas para destruir o resto do país.

Tal como muitas as pessoas declararam sem ambiguidades que a ETA é uma organização terrorista, aguardemos agora que o Abrupto seja capaz de adjectivar adequadamente Jonas Savimbi.

sexta-feira, abril 09, 2004

Sol no Dubai, no Iraque saraiva de carvalho!

Anedota do Verao Quente do PREC:

Boletim metereologico: em Braga e Porto temos sol, em Coimbra temos céu pouco nublado, em Lisboa saraiva de carvalho!

No Dubai:
Um operacional da Al-Qaeda e quadro do City Bank fecha um negocio por via oral, sem registo, sem prova alguma para os tempos que hao-de vir. O mesmo operacional olha pela janela do seu edifico espelhado, senta-se e esboça um sorriso malandro enquanto contempla o mar e o sol que banham a costa do Dubai.

Em Washington:
Rumsfeld acorda e ao olhar para o espelho diz pela 365 vez: a Al-Qaeda estava no Iraque, ha armas de destruiçao em massa no Iraque, se ganharmos no Iraque ganhamos a guerra contra o terrorismo.

No Iraque:
Saraiva de carvalho!...

terça-feira, abril 06, 2004

A Belle de Jour existe e tem um blogue!

E não é que essa magnífica personagem carregada de simbolismo criada pelo cineasta Luis Buñuel existe mesmo?! A Belle de Jour afinal existe e até tem um blogue! Não é a Catherine Deneuve! Diz-se na imprensa que é uma call girl britânica. Esta possibilidade de ser uma call girl, cheira-me mais a fantasmas masculinos em plena ebulição.

Ciência em Portugal: assim não vamos lá

Ao longo de várias reuniões o Conselho da União Europeia estabeleceu a meta de investimento de 3% do PIB (onde 2% deverão ser investimento privado e 1% investimento público) em investigação científica até 2010 para cada país da União Europeia. Os últimos dados do caso português são de 2001 em que o investimento era apenas de 0,85 % do PIB (ex. de 2001: Finlândia 3,41%, EUA 2,72%, Japão 3,07%, média da UE 1,98%, Alemanha 2,51%, Irlanda 1,17%). O único país da UE que investe menos que Portugal é a Grécia: 0,64% do PIB. Do investimento nacional em ciência, apenas 0,2% são investimento privado e 0,65% são investimento público. Desse investimento público cerca de metade é dinheiro dos fundos estruturais e não do orçamento de estado. No caso português a meta de 3% em 2010 está comprometida (como é correntemente admitido de uma forma oficiosa pelos nossos responsáveis governamentais do sector) a não ser que haja uma mudança radical da política de investimento na investigação.

segunda-feira, abril 05, 2004

Alargamento: onde a NATO dá tiros no pé

O nosso aliado Turco (mais um aliado "porreiro" a juntar à Arábia Saudita) no âmbito da NATO tem uma atitude em relação à adesão de Chipre à União Europeia (UE) verdadeiramente execrável. Nem deixam aderir nem saem de cima! A parte cipriota turca continua controlada por uma marionete de Ancara que há cerca de um ano atrás teve a brilhante ideia de anunciar (com a ajuda de um soprozinho ao ouvido vindo de Ancara) que se a parte cipriota grega aderisse à UE estes seriam anexados pela parte turca. Isto contra a vontade da população cipriota turca que deseja aderir à UE. Vejam lá como o nosso maravilhoso aliado turco da NATO ainda vê a democracia e o direito internacional! Isto tudo acontece perante o silêncio e a passividade da NATO, tal como os contínuos "desaparecimentos" de cidadãos curdos no leste da Turquia. A NATO diz-se combater regimes ditatoriais na Jugoslávia e no Iraque e depois fecha os olhos a meia dúzia de fascizóides de Ancara que continuam a aterrorizar o Curdistão e toda a ilha de Chipre.
A adesão de Chipre à UE está a ser um processo bastante conturbado e perigoso perante alguma indiferença da Europa e do mundo. A adesão de toda a ilha seria desejável, mas duvido que aquele parlamento cheio de homens de bigode em Ancara deixe a coisa passar em claro.

Faltam 26 dias para o Alargamento

Alargamento: Budweiser, a verdadeira é da República Checa

domingo, abril 04, 2004

Ciência: para a reflexão europeia

A distribuição por países das 1000 publicações mais citadas :

61% EUA
11% Reino Unido
5% Alemanha
4% Canadá
3% França
3% Itália
2% Japão
2% Holanda
2% Suíça
2% Austrália
5% Outros

Obviamente que parte da vantagem dos países anglo-saxónicos resulta do facto de o inglês ser a língua científica. Mas não explica a diferença abismal entre os EUA e o resto dos países. O investimento público americano (sublinho público e não privado) na ciência, sobretudo via orçamento militar, é largamente superior ao investimento público europeu directo na ciência. A União Europeia (UE) poderia e deveria pensar seriamente em aumentar largamente a fatia do seu investimento público directo na ciência até ao nível do investimento americano e para isso não precisaria de investir indirectamente através do sector militar como os EUA. A UE não precisa de se tornar em mais um «toxicodependente» militar do planeta.

Para se ter uma ideia
O concorrente directo do meu trabalho de investigação é um investigador do Naval Research Laboratory, EUA. A última vez que troquei impressões com ele sobre as diferentes opções técnicas de trabalho, ele perguntava-me porque é que eu utilizava um determinado tipo de detectores. Eu disse-lhe porque eram muito mais baratos do que todos os outros. Ao que ele me respondeu que com 100 mil dólares comprava uns detectores de um tipo mais fácil de produzir e não se chateava mais. Ora 100 mil dólares é o orçamento para um triénio do laboratório onde trabalho em Coimbra. Além do mais, para termos direito a essa quantia temos que obter Muito Bom ou Excelente na avaliação internacional a que somos sujeitos de três em três anos.

sexta-feira, abril 02, 2004

Europa gasta, Europa criativa

Convido-os a confrontar estes dois textos da passada quinta-feira sobre a Europa : o texto de Pacheco Pereira no Público e o de Miguel Portas no Diário de Notícias.

Digam lá sinceramente! Lêem alguma ideia nova sobre a Europa no texto de Pacheco Pereira? É que eu só extraio dali mais do mesmo. As mesmas ideias do impasse, as mesmas soluções que só eternizam conflitos, a única diferença é que estas ideias aparecem agora gastas e agastadas pelo tempo, pelo balanço forçosamente negativo da intervenção americana no Iraque que Pacheco Pereira continua a intrometer no discurso europeu.
Por outro lado leia-se o texto de Miguel Portas. A proposta é arrojada, mas o alcance é bem mais extenso do que o «ponto-morto» que Pacheco Pereira nos propõe. A Europa ligada ao mediterrâneo sul e o norte de África ligado ao mediterrâneo norte para acabar com as causas da emigração precária. O intercâmbio de competências técnicas, científicas, económicas, culturais parece-me também a solução mais desejável para que o mediterrâneo deixe de ser um fosso e volte a ser um mar entre dois continentes. A solução de Miguel Portas não é fácil, ainda é vaga e até pode parecer bastante utópica, mas é um excelente ponto de partida para termos um mundo mais inteligente.

Destaco a frase de Miguel Portas: "...a maioria das pessoas prefere ficar na sua terra se tiver condições de vida aceitáveis". Esta parece-me ser a chave para abordar as questões ligadas à emigração precária e ilegal. É por isso que a "aliança europa-mediterrâneo" que Portas refere faz todo sentido. Se se conseguir fazer circular nos dois sentidos as pessoas que têm real vontade de mudar de país e simultaneamente aproveitar essa mobilidade de cidadãos mais qualificados para produzir novas competências nas regiões mais desfavorecidas poderemos contribuir fortemente para evitar que as pessoas que emigram por falta de opções deixem progressivamente de o fazer, tornando as suas escolhas mais livres. Parece-me que assim temos maiores probabilidades de chegar a bom porto.

Destaco do texto de Pacheco Pereira : "...a completa impreparação europeia (em relação ao terrorismo)". Pacheco Pereira revela ser mais um dos que esquece o desmantelamento da primeira tentativa de atentado de larga escala da Al-Qaeda na Europa. Se não fossem as polícias alemã e francesa provavelmente no ano 2000 teria havido um gigantesco «bum» em Estrasburgo, no mesmo Estrasburgo por onde passam os caminhos de Pacheco Pereira desde 1999. Por isso algum reconhecimento a esse trabalho seria bonito, em vez de desprezo que tresanda a anti-francesismo militante. Ou será que só contam as que estoiram? (Os astrólogos também só contam as previsões em que acertam)

Alargamento: Budvar, a verdadeira Budweiser

Algo que é de importância fundamental conhecer (sob pena de levarem um soco eslavo), sobretudo a partir de 1 de Maio, dia do alargamento da UE, é que a Budweiser não é Americana, mas sim uma cerveja Checa! A verdadeira, a original é a Budvar (Budweiser). A Budweiser que todos conhecemos, para além de ser um mijo horrível, é uma cerveja que começou a ser fabricada no sec. XIX nos EUA por emigrantes de origem germânica que foram buscar o nome à cerveja oriunda da cidade de Česky Budějovice (Rep. Checa), que em alemão se chamava Budweis, logo a cerveja desta cidade era chamada de Budweiser.
A verdadeira Budweiser, a Checa, tem que se bater nos tribunais de todos os países onde se quer instalar pelo direito a utilizar o nome Budweiser. A guerra com a companhia americana Budweiser é dura, mas a empresa checa tem conseguido ganhar nalguns países, como em Espanha onde o nome Budweiser foi atribuído à cerveja checa. Por esta razão, dependendo do país podemos encontrar esta cerveja excelente com nomes tão diferentes como: Budvar, Budweiser Budvar, Bud, Budějovický Budvar e Czechvar (este nos EUA). Os discursos Rumsféldicos da “Nova Europa” têm depois o retorno nestas manhosices que só têm como resultado irritar os checos ferindo o seu orgulho nacional numa das coisas que melhor fazem: a cerveja.

A denominação pilsner também é originária de uma cidade checa chamada Plzeň (Pilsen em alemão). A excelente cerveja desta cidade é a Pilsner-Urquell.
No entanto a minha cerveja checa preferida é a Krušovice.

Faltam 29 dias para o alargamento.

quinta-feira, abril 01, 2004

O anti-francesismo visto por Michael Moore

Of course, it was easy to go after France (...) there's the simple jealousy factor. Most Americans know the French are more sophisticated, more intelligent, more well-read than the average American. We don't like to admit that it was the French who invented the movies, the automobile, the stethoscope, Braille, photography, and most important of all, the Etch A Sketch. They've brought us the Enlightenment, and The Enlightenment paved the way for the widespread acceptance of all the ideas and principles that America was founded on. Then when we find out that the French have to work only 35 hours a week and everyone gets at least four weeks paid vacation, all we can do is make snide remarks about their unions and how they're always shutting their country down.

So France was the perfect country to pick on. And it was an entertaining distraction. If you're a cable news company , why spend priceless reporting time on investigating whether Iraq really does have weapons of mass destruction when you can do a story about how rotten the French are?


"Dude, Where's My Country", Michael Moore.


Este texto assenta que uma luva na verborreia dos nossos comentadores anti-franceses. No entanto, aviso os nossos amigos que olham para os EUA como os comunistas olhavam para a ex-URSS que em breve publicarei um texto sobre o anti-americanismo, nomeadamente aquele existente em...França! No panorama europeu, em França é o país onde mais se exagera. Fora da Europa a coisa é muito mais grave.

Só falta um mês



A UE dedicou um espaço ao alargamento aqui, onde há bastante informação, curiosidades e fotografias sobre os nossos futuros parceiros.