segunda-feira, janeiro 31, 2005

A má luta contra as propinas

"existe uma minoria silenciosa de estudantes que não se manifesta e que sofre sérias dificuldades económicas na prosecussão dos estudos. Os protestos estudantis são liderados, regra geral, pelos filhos de famílias com mais posses e sem necessidades de apoio."

Three-Of-Five (Borgsphere)

Concordo plenamente com este comentário ao meu texto "O flagelo das propinas nos EUA" publicado no Grande Loja do Queijo Limiano. Apesar de a condição de estudante filho de pais ricos não excluir o mesmo estudante de legitimamente protestar contra situações injustas de que sejam vítimas os seus colegas menos abastados, o que está a acontecer neste momento em Portugal é que os protestos estudantis estão a ser conduzidos por estudantes que não conhecem carências económicas e sociais e cuja natureza dos próprios protestos reflectem isso mesmo, são protestos burgueses e narcisistas, alimentados por puras ambições pessoais. Isso aqui em Coimbra é claro como a água. Aqui em Coimbra a situação é tão triste que muita gente que conhece de perto a realidade do flagelo das propinas se recusa a alinhar com acções vindas de tiranetes que proclamam uma puritanismo de esquerda absolutamente doentio e que de esquerda têm realmente muito pouco. Trata-se de uma ultrapassada esquerda que guardou muito dos tiques do jesuitismo há muito abandonados pela esquerda do pós-modernismo que dobrou o cabo do Maio de 68. É pena, os estudantes mais carenciados mereciam melhor sorte. São necessários dirigentes estudantis que sejam realmente sensíveis aos graves problemas que excluem muitos jovens do meio universitário, independentemente desses dirigentes serem ricos ou pobres.

PS- Em breve escreverei mais umas linhas sobre essa esquerda que eu qualifico como a esquerda-jesuita.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Notas da China: I'm lovin'it

Mal aterrei no aeroporto de Pequim e saí da manga do avião quem é que me esperava logo ali à saída? Não era uma fotografia do camarada Mao, nem tão pouco de Deng Xiao Ping, o homem do "um país dois sistemas", nem murais a evocar a épica Longa Marcha. Esperava-me sim esta descomunal lata de Coca-cola num painel publicitário. Pensei cá para mim: "estamos conversados". Um país dois sistemas: um sistema por fora (vermelho), outro sistema por dentro (neo-liberal). Tárá-tá-tá-tá, I'm lovin'it!


(Aeroporto de Pequim, Janeiro 2005)

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Prioridade política: combater o absentismo e a aversão à escola

Já posso dizer que conheço um bocadinho a Europa e a grande diferença que noto entre Portugal e os restantes países é o nível educacional: literário e científico. Essa diferença é abissal e é o resultado de termos tido o pior ensino da Europa até meados dos anos 70 (bem pior que a Albânia, que a Grécia ou que a Irlanda). Apenas 21% de portugueses terminaram o ensino secundário. Na Europa, os piores a seguir a nós têm mais de 40% da população com o ensino secundário concluído, mas nos países de leste essas taxas são superiores a 80%. Isto nota-se em todo lado. Nota-se na irracionalidade de grande parte dos nossos empresários que desconfiam das novas tecnologias e que não acreditam na contratação de pessoal qualificado. Nota-se nas universidades onde temos muitos e muitos docentes que ocupam lugares há 20, 30 anos que nunca publicaram um artigo, que nunca confrontaram o seu trabalho com os seus pares internacionais, que passeiam ano após ano a mesma resma de acetatos que despejam aos seus alunos entre dois bocejos, são os mesmos do "dantes é que era bom". Nos serviços mais básicos encontramos pessoal ainda menos qualificado, como é natural. Mas o que não é tão natural é que nesses serviços (restaurantes, cabeleireiros, lojas de electrodomésticos, livrarias, supermercados, etc.) encontramos recorrentemente empregados e gerentes que muito pouco sabem da história, das características ou do processo de produção do produto que nos estão a vender. Por exemplo, em serviços tão simples como os restaurantes esses profissionais em vez de apresentarem bons conhecimentos de gastronomia brindam-nos com bons conhecimentos de futebol ou do big brother do momento. É sempre isto em todo lado, a conversa do portuga pouco passa do futebol, o "meu Benfica", como oiço tantas vezes. Agora saber quantos Watt consome o frigorífico, ou de que casta é o vinho tinto, ou se o shampoo pode ser usado todos os dias, ou se determinado livro já foi traduzido, isso...
As consequências desta catástrofe é que trabalhamos mais do que os outros, mas trabalhamos pior. Somos desorganizadíssimos o que se reflecte em atrasos e lentidão que custam muito dinheiro. E para completar o ramalhete, sublimamos a nossa mediocridade através da arrogância. Depois fazemos tudo ao contrário.

Os 45% de alunos que abandonam o ensino secundário vão contribuir para este pelotão de mediocridade. Esse abandono acontece em muitos meios do nosso país onde estudar ainda é visto como um acto de malandrice, onde a escola ainda é vista de soslaio, onde a referência para os jovens é o Tó Zé da 125 que saca uns cavalos e que trabalha nas obras há 10 anos. Noutros meios, muito típicos do Cavaquistão, a Universidade e os livros são vistos como coisa de comunas. "A minha filha na Universidade misturada com os comunas? Nem pó!". O esforço para impedir que esses 45% de alunos abandonem a escola secundária tem que ser um desígnio nacional, e deveremos fazê-lo sem o miserável esquema das passagens administrativas até ao 9º ano implementadas por Couto dos Santos.

Os nossos políticos que ficaram tão excitados com o Iraque ao ponto de defenderem um esforço quase suicida do ponto de vista financeiro na participação na loucura empreendida pelos EUA, deveriam pensar que o nosso Iraque, a nossa Al-Qaeda, é o absentismo e a aversão à escola. Portugal deveria fazer um esforço gigantesco, diria mesmo megalómano, para recuperarmos num período de 5 a 10 anos o nosso atraso colossal na educação. Deveria ser um de esforço equivalente a realizar um grande evento, como uns Jogos Olímpicos ou um Campeonato do Mundo.
Tudo o resto na política portuguesa é secundário.

terça-feira, janeiro 25, 2005

O flagelo das propinas nos EUA

O que está actualmente a acontecer no ensino universitário americano dá toda a razão a todos aqueles que se insurgiram contra a aplicação indiscriminada de propinas no sistema universitário, especialmente num país com graves carências educacionais como é caso português. Para que se possa ter uma ideia do verdadeiro flagelo que está a acontecer no ensino universitário americano, vamos aos números:

- Nos últimos 10 anos as despesas de inscrição nos estabelecimentos públicos universitários subiram 47%, nos privados subiram 42%.

- 600 mil estudantes por ano abandonam os estudos antes de obter o diploma final por causa de dívidas incomportáveis contraídas para pagar os estudos.

- A dívida média de um aluno que acaba o curso de direito: 80 000$ (36 000$/ano salário de um emprego de início de carreira)

-17,9 milhões de americanos com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos não possuem qualquer cobertura médica de base.

Resulta deste tipo de políticas um sistema de ensino universitário orientado para alunos de famílias ricas e para uma reduzida minoria de alunos que conseguem obter bolsas por mérito estudantil atribuídas por algumas empresas privadas e pelos ministérios da educação e da ciência de países europeus e asiáticos. Não estranha pois que os EUA tenham o Presidente que têm, um indivíduo que era um exemplo de insucesso escolar transformado num licenciado em Yale. Um medíocre rico pode ser o que quiser, um bom aluno pobre arrisca-se a ter que abdicar dos mais altos graus do ensino.
Quem defende o regime de propinas (há até quem diga que são baratas em Portugal) deveria reflectir seriamente sobre este exemplo. Porque este é um exemplo claro como a água. Adoptou-se um determinado tipo de política e os resultados são o que são.
É certo que os EUA continuam a ter as melhores universidades do mundo, mas é do conhecimento geral que a Europa ultrapassou vertiginosamente a produção científica dos EUA há cerca de dois anos e estudos recentes indicam que as empresas de países europeus como a Alemanha e a França - que não adoptaram esta política de propinas - são neste momento em média mais produtivas que as empresas americanas.

Subtil é o senhor

"Subtil é o senhor" de Abraham Pais é provavelmente a melhor biografia da vida e obra de Albert Einstein. Abraham Pais, um matemático e físico teórico, trabalhou com grandes nomes da física como Oppenheimer, Dirac, Feynman e o próprio Einstein. Com Einstein teve uma relação muito próxima, o que faz desta biografia um documento bastante completo não só sobre o trabalho científico de Einstein, mas também sobre importantes aspectos da sua vida privada.
Sendo uma biografia muito completa, é uma obra que requer vários níveis de leitura consoante a formação do leitor. Existem extensas páginas de equações onde Pais descreve com algum detalhe o trabalho de Einstein. Para os leitores mais leigos estas passagens são impossíveis de acompanhar. Para uma leitura integral do texto é necessário que o leitor tenha uma boa formação em física, nomeadamente em física estatística. Na altura em que comecei a ler este livro tinha acabado de fazer o exame de Física Estatística pelo que me foi mais fácil acompanhar muitas das passagens mais técnicas. Mesmo assim, algumas vezes tive que interromper a leitura para ir espreitar os meus manuais de física estatística. No entanto os leitores mais leigos podem desfrutar do prazer proporcionado pela leitura de grande parte desta biografia, sendo necessário apenas saltar as páginas que nos mergulham num mar intrincado de equações.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

A angústia do Taikonauta antes do lançamento

Este livro deveria ser traduzido para português, sobretudo porque gostaria muito de ser capaz de o ler. Apesar de tudo, contêm bastantes figuras, esquemas técnicos e fotografias que o tornam parcialmente compreensível para quem não lê chinês. Foi-me oferecido pelo meu querido amigo Prof. Pan, que é um dos autores. O Prof. Pan foi um dos principais responsáveis pela logística da missão que enviou com sucesso o primeiro taikonauta chinês (cosmonauta para os russos, astronauta para os americanos e os europeus) para o espaço e foi também uma das muitas vítimas da revolução cultural, altura em que as universidades foram encerradas e os professores foram enviados em massa para o campo trabalhar.
Este livro conta a história de todo projecto que levou o primeiro chinês ao espaço: os aspectos físicos e mecânicos do voo, o desenho e desenvolvimento dos vários componentes, o processo de selecção dos taikonautas, a fase de montagem do foguetão na plataforma de lançamento e finalmente o voo de Yang Liwei, o felizardo taikonauta. O livro foi lançado no dia 17 de Outubro de 2003, o dia seguinte à chegada da Shenzhou 5 à Terra em segurança. Yang Liwei só foi escolhido 16 horas antes do voo entre um grupo de três taikonautas, por isso a capa do livro esteve até ao último momento à espera da escolha definitiva. Este último processo de selecção a tão pouco tempo do lançamento, teve como objectivo escolher o taikonauta que melhor descansou e que possuía a melhor condição física após a última noite de sono antes do lançamento. Para os outros taikonautas o desgosto deve ter sido grande, estar ali tão perto do foguetão e não voar. Em princípio serão escolhidos para as próximas missões.

domingo, janeiro 23, 2005

Notas da China: Figo, Yao Ming e o fim da monarquia

Há 8 anos, a primeira vez que fui à China, para explicar o país de onde vinha, dizia que era do país de Macau - os Chineses têm alguma dificuldade em identificar os países mais pequenos da Europa. Mas desta vez, quando dizia que era de Portugal, os Chineses exclamavam logo "Figuuu! Figu!" e gesticulavam com a perna o movimento de um remate.
O Figo dos Chineses é Yao Ming, o gigante dos Houston Rockets que joga na NBA. Como tenho uma estatura elevada em comparação com o chinês médio, alguns rapazitos metiam-se comigo na rua e chamavam-me Yao Ming, apesar do Yao Ming só ter mais 35 cm que eu...
O Figo e o Yao Ming são os verdadeiros representantes populares do nosso tempo, aqueles com quem o cidadão mais básico se identifica, a quem recorre para ilustrar a sua nacionalidade com orgulho. Esta mudança que surgiu com o poder crescente dos meios de comunicação, especialmente da televisão, tornou obsoleta a principal função da instituição monárquica. Esta perdeu o exclusivo de representante da nação e na maior parte dos casos só consegue ter esse papel em cerimónias estritamente oficiais. Quem é que conhece o Rei da Bélgica ou a família real da Suécia? Com quem é que se identificam mais os britânicos, com Beckham, com Stephen Hawking, com os Beatles ou com a Rainha?
Para muitos Chineses, Yao Ming é agora o novo Imperador que tomou o lugar deixado vago por Pu Yi, o último Imperador.

sábado, janeiro 22, 2005

Sábado em Coimbra XXII: o Euro não engana

Quando frequentamos locais mais turísticos ou aeroportos, o nosso porta-moedas corresponde, revelando-nos um padrão de euros de vários países da Europa. Hoje, quando fui ao mercado levava uma variedade de euros portugueses, espanhóis, franceses e alemães. Depois das compras, ao sair reparei que todos os euros que tinha no porta-moedas eram portugueses, foi uma limpeza! De facto, nas aldeias dos arredores de Coimbra não há turistas...

Sábado em Coimbra XXI

sexta-feira, janeiro 21, 2005

China: armas, direitos humanos e liberalismo selvagem

Este texto da Ana Gomes sobre a venda de armas à China e os direitos humanos é muito certeiro, tira-me as palavras dos dedos. Será vergonhoso para a Europa o levantamento do embargo de armas à China. Será tão grave como a venda de material militar à Arábia Saudita que tanto aqui tenho criticado.

O problema da China não é apenas os direitos humanos
O problema da China é também o problema da aplicação de metodologias neo-liberais selvagens no mundo do trabalho. Neste momento empresas chinesas e estrangeiras implantadas na China com margens de lucro bastante generosas prosperam à custa da exploração do trabalho de milhões de chineses oriundos do meio rural. Estes chineses estão dispostos a trabalhar 16 horas por dia por salários inferiores a 5 contos/mês, obrigados a viver em caves e construções improvisadas existentes dentro dos complexos fabris, em camaratas sem o mínimo de condições onde convivem 40 ou mais pessoas sem o mínimo de intimidade, higiene e segurança, muitas delas acompanhadas de crianças. Na China não há sindicatos que lhes valham. É o liberalismo económico sem regras, Fukuyama em prática.
Este é também o sonho de um grupelho de empresários portugueses que anda para aí a ver se aumenta o horário de trabalho para umas 10 horas por dia que é para não terem muito trabalho com coisas chatas como: modernizar as empresas, cooperar com laboratórios e universidades, contratar pessoal qualificado, melhorar a organização interna e externa das empresas. É mais fácil explorar o mexilhão.

Notas da China: Lijiang

Depois da minha viagem à China, a minha tabela de cidades com canais teve uma nova entrada directamente para o segundo lugar. É Lijiang, esse pequeno e delicioso labirinto de ruelas e canais, capital da etnia Nachi, que combina ambientes confucianos e budistas da grande China com um aroma muito forte do Tibete, mesmo ali à porta.

1- Veneza (I)
2- Lijiang (CN) *Nova entrada*
3- Freiburg (D)
4- Amesterdão (NL)
5- Bruges (B)

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Portugal até parecia bonito

Ontem, no meu regresso da China, quando estava já a sobrevoar Portugal, ao olhar pela janela do avião dei por mim a apreciar a paisagem e achar bonitas as aldeias e as casas dispersas pelas colinas e pelos vales. Alguma coisa não estava a bater certo. Quando regresso de outras viagens à Europa central arrepio-me com o desordenamento do nosso território, olho para aquele caos de casas e estradas nos arredores de Lisboa e assusto-me, mas desta vez isso não aconteceu.
Há dois dias estive numa das cidades mais caóticas da China: Kunming. Kunming são três milhões de habitantes distribuídos por prédios de construção em série, sujos, muito sujos, encostados uns aos outros, avenidas grandes sempre congestionadas apesar de haver poucos carros particulares, mas as carroças puxadas por burros e por bicicletas, misturam-se com carrinhas, camionetas, carros dos estado, numa amalgama de veículos que entope todos os cruzamentos, que estão à pinha de bicicletas. Vi casas onde as janelas estavam a um metro de uma faixa de circulação de um viaduto, cinco motas a andar em sentido contrário na auto-estrada, todas as regras de trânsito a serem violadas, uma mãe que atravessa a auto-estrada com um menino às costas, outros jogavam às cartas na faixa de segurança de um viaduto e outros ainda vendiam frutas e legumes. Uma paisagem caótica, enfeitada com publicidade bastante ocidental e kitsch, que cobre fachadas inteiras de prédios com 30 andares.
Foi por isso que Portugal me pareceu bonito...Isto já me passa.

Notas da China: Na rota de Shangri-La

...Às tantas, estava eu a percorrer um daqueles lugares que faziam parte do limbo do meu imaginário, aqueles lugares que não temos a certeza se existem ou não, se existem para lá do acordar de uma noite de sonho, a estrada de Shangri-La.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Orgulho europeu

Hoje no avião, desde a Mongólia interior, passando pelos Urais, até São Petersburgo não se falava de outra coisa: no A380. Havia um invulgar sentimento de orgulho entre os passageiros europeus que vinham de Pequim, sorrisos invulgares e emoções de cidadãos de um continente por vezes exageradamente contido, austero e avesso a grandes comemorações. "E a Huygens?! A Huygens!" exclamava o alemão que ocupava o lugar ao lado do meu.

Comungo plenamente deste orgulho, não o acho lamechas nem lírico, penso que é deste tipo de realizações que devemos ter orgulho, são fruto de um trabalho arduo, rigoroso de pessoas altamente qualificadas. Além do mais, o A380 é um projecto arriscado, pensado inicialmente para ter sucesso comercial num prazo de cerca de 30 anos, mas que poderá começar já a ter saldo positivo dentro de três anos se tudo correr bem.


(fotografia do sítio da Airbus)

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Ecos do oriente

"Caros leitores da Klepsydra,

Devido a problemas...digamos...chamemos-lhe assim, de
ordem "técnico-táctica" é-me impossível aceder a
partir aqui da China aos sites do blogger. Por isso a
Klepsydra tem estado seca, sequinha. Tinha muitas
coisas interessantes para relatar, ficam para quando
voltar a Portugal.
Um obrigado ao Paulo Querido por me ter deixado melgar
as suas caixas de comentários.

A bientot,

Rui"

sábado, janeiro 08, 2005

Sábado em Coimbra XXI: madrugada Marco Polo

A mala está fechada, só falta arrumar esta maquineta na mala de mão.
O autocarro, aquela câmara de tortura para as minhas pernas e pescoço espera-me sadicamente. Apesar de tudo vou. Vou ver Marco Polo lá de cima, da janela do meu Airbus, a cavalgar pela estepe, escoltado pelos homens do Grande Khan. Espera-me o País do Meio, esse país que inventou o papel moeda, 8 anos depois estou curioso para ver como tudo mudou. Lá encontrar-me-ei com Marco Polo. Ele vai-me contar todas as cidades que viu e todos os povos que conheceu pelo caminho.

Sábado em Coimbra XX

quinta-feira, janeiro 06, 2005

1905 o ano milagroso de Einstein

Há 100 anos Einstein escreveu três artigos que deram um contributo importante para abrir novos horizontes no estudo da física: um sobre os quanta de luz, outro sobre o movimento Browniano e outro sobre a relatividade restrita. Este último apesar de ter sido o trabalho mais revolucionário de Einstein, não foi o trabalho pelo qual Albert Einstein viria a ser laureado com o Nobel da Física. Na verdade a teoria da relatividade foi olhada com bastante cepticismo por parte comunidade científica durante bastante tempo. O trabalho que lhe viria a dar o Nobel em 1921 seria a descoberta do efeito fotoeléctrico, apesar de haver uma menção na declaração da academia relativa ao seu contributo para o desenvolvimento da física teórica.

TV Mirones

Por cá (Finlândia) os telejornais demoram os religiosos 15-20 minutos (o desporto vai à parte).. mesmo com os 200 mortos.
Homem das Neves (Sob a Estrela do Norte)

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Sobreviventes do muro: Škoda

O construtor de automóveis Škoda (pronuncia-se shkoda e não skoda) é talvez o exemplo mais conhecido entre as empresas do leste da Europa que sobreviveram à entrada na economia de mercado. É certo que a Škoda foi comprada pela VW, mas a Chrysler também foi comprada pela alemã Daimler-Benz e não é por isso que os americanos deixaram de considerar os Chrysler como carros americanos. O mesmo acontece com os checos. A palavra Škoda em checo tem um significado curioso, mais ou menos equivalente às nossas expressões: "é pena" ou "que azar". O francês tem uma palavra mais adequada: "domage". Apesar do nome, quem compra um Škoda está a comprar uma viatura realmente de qualidade, a mesma dos automóveis do grupo VW. Eu tenho um VW Catalão (SEAT) e garanto-vos que aquilo é só meter gasolina e mudar pneus. A vantagem na compra dos SEAT e dos Škoda é que não se paga a marca VW e ficam mais baratos. A Škoda possui também uma divisão industrial de capital checo que produz maquinaria industrial para o sector da energia e dos transportes, construindo nomeadamente locomotivas, carruagens de metro e eléctricos.
Apesar de todas as misérias resultantes do regime comunista que durou até 1989, a Checoslováquia foi sempre um país tecnologicamente bem mais avançado que alguns países ocidentais, como Portugal por exemplo. Em Portugal só em sonhos é que produziríamos a nossa própria marca de automóveis ou os nossos transportes ferroviários.

terça-feira, janeiro 04, 2005

A energia do tsunami

A energia libertada pelo deslocamento das placas continentais que deu origem ao maremoto no Oceano Índico é equivalente à explosão de cerca de 32000 Mt (megatoneladas) de TNT. Só para se ter uma ideia do que significa este valor, a bomba nuclear mais potente, a Tsar Bomba produzida pela URSS, tinha uma potência de 50 Mt. Estamos perante um fenómeno que libertou uma quantidade energia cerca 640 vezes superior ao engenho mais mortífero jamais produzido pelo homem. De um ponto de vista mais doméstico, a energia transmitida ao tsunami corresponde à energia despendida se todos os habitantes da Terra aquecessem 10000 litros de água até ao seu ponto de ebulição.

A energia dos mirones
Cheguei ontem da Eslováquia, onde se vê também a televisão Checa. A Rep. Checa perdeu algumas dezenas de cidadãos no maremoto asiático e tem muitos cidadãos ainda desaparecidos, não são apenas oito como no caso português. Nos telejornais checos das TVs privadas e públicas, o tempo de antena do maremoto é no máximo de 15 minutos. Ontem, ao assistir ao primeiro telejornal português depois do meu regresso contei cerca de 40 minutos de chinfrim, de jornalistas mirones cheios de energia que filmam tudo, até entrevistam as palmeiras! F......!

Ainda sobre a TV Mirones no BdE

domingo, janeiro 02, 2005

Mundo de Aventuras XIX

O Sonho Americano esta esgotado,
chegou ao fim da sua historia,
Fukuyama afinal tinha razao.
O sonho americano precisa de ser reinventado.
Cabe 'as novas geracoes...
Bom 2005!


(Washington DC, EUA, Outubro de 2002)

Mundo de Aventuras XVIII

2005 Ano Internacional da Fisica

Ha cerca de 100 anos Albert Einstein fez as suas primeiras descobertas sobre a teoria da relatividade. O Ano Internacional da Fisica esta ai para comemorar o feito de Einstein e para divulgar a Fisica ao cidadao comum. A Klepsydra tambem vai dar uma ajuda.

Sobreviventes do muro: a coca-cola checa

Durante o tempo da guerra fria a "agua suja do ocidente", vulgo coca-cola, era proibida nos paises de leste. No entanto, existia um refrigerante que lhe servia de substituto no leste, era a Kofola. A Kofola e' um refrigerante checo com um ligeiro sabor a cereja e a caramelo, o que lhe da' um sabor relativamente proximo ao sabor das colas ocidentais. Para quem esta habituado 'as Pepsis e 'as Coca-colas talvez a Kofola nao tenha um sabor tao atractivo, mas a Kofola e' mais barata e possui aromas de algumas ervas que fazem parte da sua formula secreta que lhe dao um sabor alternativo. Por isso sobreviveu com sucesso 'a invasao dos produtos ocidentais ate' aos dias de hoje.