Caro Desidério Murcho,
o que escreveu neste parágrafo é absolutamente aterrador, tanto para um cientista como para um filósofo:
"...não sei o suficiente sobre clima nem sobre as ciências relevantes para poder avaliar o que se passa no caso do pretenso aquecimento global; tenho de confiar nos especialistas. Mas quando os especialistas estão profundamente politizados, quando pertencem a uma ou a outra “causa”, não posso confiar em qualquer deles."
Este parágrafo, bem espremido, o que diz é que vale tudo, desde que existam uns e outros que pertençam a uma ou outra causa, o melhor é não confiar. Por exemplo, encontro muita gente (poderia ser o tal taxista que refere) que se refere à minha área, a astrofísica, nos seguintes termos: "ah, vocês e os astrólogos, cada um diz a sua coisa, cada um defende a sua dama, eu como não percebo desconfio de uns e de outros". Tal e qual como o seu parágrafo, para estas pessoas tanto nós como os astrólogos somos todos "especialistas".
Ora o que nos distingue dos astrólogos é o método científico, algo que não pode dizer que não sabe suficientemente, como filósofo conhece-o certamente, e por isso fiquei aterrado com o parágrafo acima transcrito e acho que os seus colegas poderão ter a mesma reacção... Os astrofísicos realizam trabalhos científicos que são publicados em revistas com arbitragem pelos pares, algo completamente inexistente na astrologia, é aqui que se separa a ciência da pseudo-ciência.
Igualmente, em climatologia existem os cientistas, os que publicam e estão sujeitos ao método científico - os resultados sobre o aquecimento global são o resultado da publicação de milhares (só no relatório do IPCC são citados centenas desses artigos) de artigos científicos em revistas da especialidade avaliados pelos pares - e depois existem os "especialistas" que escrevem, bem pagos por grupos de interesse, em blogues manhosos e os "especialistas" que produzem ruído mediático sem nunca ter coragem de propor o seu trabalho a revistas científicas com arbitragem. A realidade é que não existem trabalhos científicos publicados relevantes que ponham em causa o que nos diz o resultado do IPCC: a probabilidade da actividade humana contribuir para o aquecimento global é superior a 90% (ver Figura TS5 (b) da pag.32 do "Technical Summary" do IPCC). Por exemplo não existem artigos em que sejam postos em causa as dezenas de artigos sobre aquecimento global publicados na Nature e na Science, onde são publicados os trabalhos mais importantes, nem existem artigos que estimem uma probabilidade para que o aquecimento global registado (não é pretenso como refere) tenha uma probabilidade muito significativa de ser natural, ou seja uma quantificação como fez o IPCC, mas ao contrário. Não existem! E como não existem, o seu texto demonstra falta de informação, mas o pior é que confunde especialistas com "especialistas", tal como o problema dos astrofísicos com a astrologia. Ou assumimos que estamos numa sociedade baseada no conhecimento e confiamos no método científico, confiando no trabalho dos cientistas, ou então vale tudo, os "especialistas" passam a especialistas e a astrologia equivale-se à astronomia e à climatologia!
Acho que deve ter já percebido o grave problema de que padece o resto da sua análise...
PS- A propósito do 2° parágrafo do seu texto: ao observar um eclipse da Lua a projecção da sombra da Terra no referido astro é a prova de que a Terra é "redonda".
PS'- Bjørn Lomborg sem ser um charlatão cometeu vários erros de palmatória objecto de artigos em revistas científicas (ver Scientific American por ex.) que o descredibilizaram perante a comunidade científica, mas que o tornaram popular entre os meios de comunicação que favorecem a polémica em detrimento do rigor.
o que escreveu neste parágrafo é absolutamente aterrador, tanto para um cientista como para um filósofo:
"...não sei o suficiente sobre clima nem sobre as ciências relevantes para poder avaliar o que se passa no caso do pretenso aquecimento global; tenho de confiar nos especialistas. Mas quando os especialistas estão profundamente politizados, quando pertencem a uma ou a outra “causa”, não posso confiar em qualquer deles."
Este parágrafo, bem espremido, o que diz é que vale tudo, desde que existam uns e outros que pertençam a uma ou outra causa, o melhor é não confiar. Por exemplo, encontro muita gente (poderia ser o tal taxista que refere) que se refere à minha área, a astrofísica, nos seguintes termos: "ah, vocês e os astrólogos, cada um diz a sua coisa, cada um defende a sua dama, eu como não percebo desconfio de uns e de outros". Tal e qual como o seu parágrafo, para estas pessoas tanto nós como os astrólogos somos todos "especialistas".
Ora o que nos distingue dos astrólogos é o método científico, algo que não pode dizer que não sabe suficientemente, como filósofo conhece-o certamente, e por isso fiquei aterrado com o parágrafo acima transcrito e acho que os seus colegas poderão ter a mesma reacção... Os astrofísicos realizam trabalhos científicos que são publicados em revistas com arbitragem pelos pares, algo completamente inexistente na astrologia, é aqui que se separa a ciência da pseudo-ciência.
Igualmente, em climatologia existem os cientistas, os que publicam e estão sujeitos ao método científico - os resultados sobre o aquecimento global são o resultado da publicação de milhares (só no relatório do IPCC são citados centenas desses artigos) de artigos científicos em revistas da especialidade avaliados pelos pares - e depois existem os "especialistas" que escrevem, bem pagos por grupos de interesse, em blogues manhosos e os "especialistas" que produzem ruído mediático sem nunca ter coragem de propor o seu trabalho a revistas científicas com arbitragem. A realidade é que não existem trabalhos científicos publicados relevantes que ponham em causa o que nos diz o resultado do IPCC: a probabilidade da actividade humana contribuir para o aquecimento global é superior a 90% (ver Figura TS5 (b) da pag.32 do "Technical Summary" do IPCC). Por exemplo não existem artigos em que sejam postos em causa as dezenas de artigos sobre aquecimento global publicados na Nature e na Science, onde são publicados os trabalhos mais importantes, nem existem artigos que estimem uma probabilidade para que o aquecimento global registado (não é pretenso como refere) tenha uma probabilidade muito significativa de ser natural, ou seja uma quantificação como fez o IPCC, mas ao contrário. Não existem! E como não existem, o seu texto demonstra falta de informação, mas o pior é que confunde especialistas com "especialistas", tal como o problema dos astrofísicos com a astrologia. Ou assumimos que estamos numa sociedade baseada no conhecimento e confiamos no método científico, confiando no trabalho dos cientistas, ou então vale tudo, os "especialistas" passam a especialistas e a astrologia equivale-se à astronomia e à climatologia!
Acho que deve ter já percebido o grave problema de que padece o resto da sua análise...
PS- A propósito do 2° parágrafo do seu texto: ao observar um eclipse da Lua a projecção da sombra da Terra no referido astro é a prova de que a Terra é "redonda".
PS'- Bjørn Lomborg sem ser um charlatão cometeu vários erros de palmatória objecto de artigos em revistas científicas (ver Scientific American por ex.) que o descredibilizaram perante a comunidade científica, mas que o tornaram popular entre os meios de comunicação que favorecem a polémica em detrimento do rigor.
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