- Esta entrada do Bruno no Avatares intitulada Engates com a qual concordo a 100%. É por concordar inteiramente com este texto do Bruno que achei aquele engate de Match Point na sala de bilhar de uma foleirice que me fez lembrar mais uma novela mexicana do que uma película do grande W. Allen.
- A entrada Hezbollah Fashionable do Luís na Natureza do Mal. Nao concordo com a totalidade do texto, mas é isso que eu espero da esquerda, que seja crítica em vez de se confinar a manadas opinativas, que produza diversidade de leituras e que nao reduza a realidade aos bons e aos maus, tracando riscos no chao, aqui estás tu, aqui estou eu.
- A loja da Eva da Eva Lima, uma mulher a tempo inteiro no Filhos e Cadilhos. Os filhotes da Eva devem adorar aquela bonecada.
domingo, dezembro 31, 2006
sábado, dezembro 30, 2006
Chiclete, mastiga e deita fora
Rumsfeld aperta o bacalhau ao seu aliado Saddam, 20-12-1983
Saddam foi mais uma entre as muitas chicletes dos EUA. Enquanto estava docinha aquilo é que foi mastigar, mas mesmo quando o doce acabou, a chiclete Saddam serviu para justificar a máquina de guerra e os interesses petrolíferos, até a morte de Saddam fui chupada até ao tutano, para servir de aspirina apressada para a dor de cabeça iraquiana.
Como refere a Ana Gomes muitos governantes estrangeiros (incluindo Donald Rumsfeld) haviam sido cúmplices ou encobridores dos crimes de Saddam. Um dos crimes que esteve na base da condenação de Saddam teve a preciosa ajuda dos EUA que forneceram as fotos áreas das regiões curdas a gasear. A matança curda teve ainda o detalhe sórdido de o Congresso americano ter recusado a sua condenação pública pouco depois dos factos.
Mas não há vergonha na cara, hoje em dia as principais chicletes dos EUA são as petromonarquias da península arábica, nomeadamente a Arábia Saudita, onde se cometem crimes diários de fazer inveja ao próprio Saddam.
Ler entrada do Bruno no Avatares.
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Prazeres do ano: o filme
O filme "Partículas Elementares" de Oskar Roehler, baseado no livro do mesmo nome de Michel Houellebecq. Ler comentário Klepcinema.
COROT em busca de planetas como a Terra
Foi ontem lancado do Cazaquistao o satélite COROT (imagem ESA) que terá como missão detectar planetas fora do sistema solar. O objectivo é tentar detectar planetas de tamanho comparável ao da Terra, espera-se na melhor das hipóteses detectar planetas uma vez e meia a Terra. A missão COROT é uma missão francesa da responsabilidade do CNES. Ver aqui a excelente página oficial do COROT.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
Prazeres do ano: o vinho
Este Gewürtztraminer de Rosacker produzido pelas Caves Vinícolas de Hunawihr na Alsácia é isto e muito mais:
La robe est profonde et d’un beau doré, le bouquet se nuance de caramel et de poivre, de miel et de réglisse. L’ attaque est franche, sur le fruit confit, capiteux sans excès, moelleux à souhait, il termine chaleureusement sur des épices.
Données analytiques : alcool : 13,6 % vol sucre : 26 g/l
O preco deste nectar que deixa um Pera Manca a um canto, está muito longe das chulices - frequentemente acompanhadas de aldrabice - que se praticam em Portugal. Menos de 10€.
La robe est profonde et d’un beau doré, le bouquet se nuance de caramel et de poivre, de miel et de réglisse. L’ attaque est franche, sur le fruit confit, capiteux sans excès, moelleux à souhait, il termine chaleureusement sur des épices.
Données analytiques : alcool : 13,6 % vol sucre : 26 g/l
O preco deste nectar que deixa um Pera Manca a um canto, está muito longe das chulices - frequentemente acompanhadas de aldrabice - que se praticam em Portugal. Menos de 10€.
Para viciados em mapas
"Le Dessous des Cartes" de Jean-Christophe Victor, edição conjunta da ARTE éditions e da Tallandier, é uma compilação em livro dos excelentes programas do mesmo nome apresentados pelo autor no canal ARTE. "Le Dessous des Cartes" divide-se em duas partes: Itinéraires Géopolitiques e Le Monde qui vient. Na primeira parte encontramos secções sobre Kaliningrado, os Balcãs, a geopolítica dos oleodutos, o canal do Panamá, a Moldávia, o Médio Oriente, o Petróleo, a Gronelândia, a Palestina, etc. Na segunda parte os mapas ilustram temas como a proliferação nuclear, os conflitos da Chechénia ou da Costa do Marfim, a riqueza e a pobreza das nações, o aquecimento global, etc.
terça-feira, dezembro 26, 2006
sábado, dezembro 23, 2006
O significado do beijo entre Uhura e o capitao Kirk
A minha cronica de hoje no Portal do Astronomo é dedicada ao beijo entre Uhura e o capitao Kirk, que foi o primeiro beijo a ser transmitido na televisao americana entre um homem branco e uma mulher negra. O beijo aconteceu no episodio Plato's Stepchildren da série Caminho das Estrelas transmitido em 1968.
Esquerda e neoliberais mesmo combate?
Esta entrada do Abrupto ilustra com muita clareza o último parágrafo da minha entrada anterior. Os meus amigos de esquerda que são contra o Tratado Constitucional, com o argumento que este vai no caminho do neoliberalismo, arriscam-se a ir para a rua defender o Não lado a lado com aqueles que dizem combater...
Acho que está na hora da esquerda que defende o Não iniciar uma séria reflexão sobre o assunto. Não é preciso ir muito longe, basta ler a história dos tratados europeus, basta comparar que tratado é mais "neoliberal", o Tratado de Nice ou o Tratado Constitucional.
Acho que está na hora da esquerda que defende o Não iniciar uma séria reflexão sobre o assunto. Não é preciso ir muito longe, basta ler a história dos tratados europeus, basta comparar que tratado é mais "neoliberal", o Tratado de Nice ou o Tratado Constitucional.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Os Intelectuais e o Liberalismo
Publicado pela Odile Jacob com o título "Pourquoi les intellectuels n’aiment pas le libéralisme", título muito mais de acordo com o conteúdo da obra, foi traduzido para português como "Os Intelectuais e o Liberalismo". Esta obra de Raymond Boudon propõe-se acima de tudo explicar a falta de popularidade das ideias liberais junto dos intelectuais. Na minha opinião, o livro não cumpre esse objectivo. Perde-se em explicações intrincadas que revelam acima de tudo uma óbvia aversão de Boudon às ciências sociais. O autor revela também lacunas graves quando ataca os estudos realizados na área da psicologia, ao referir-se a Freud como se de um charlatão se tratasse, referindo-se aos seus trabalhos como investigação duvidosa. Dadas as excelentes relações entre Freud e Einstein, a dada altura da minha leitura temi que Boudon classificasse a teoria da relatividade de Einstein como igualmente duvidosa. Um autor que envereda por estes caminhos não poderia dar descanso aos seus ódios de estimação, como é o caso do paupérrimo e gratuito ataque ao escritor Michel Houlebecq.
Em relação à opção do autor de dividir o campo das ideias entre liberais e iliberais é meio caminho andado para a obra perder boa dose de credibilidade.
Mas, "Os Intelectuais e o Liberalismo" também tem os seus pontos positivos. A obra ajuda a perceber com clareza as várias tendências - de esquerda e de direita - e os vários níveis de liberalismo, que tanta confusão geram tanto na direita como na esquerda deste nosso país. Pode ter uma função pedagógica para os liberais de direita, para impedir a mistura com menos frequência de ideias e de conceitos claramente conservadores com os conceitos liberais. Para a esquerda a obra também pode ser útil, dado que ajudará a compreender porque é que aqueles que defendem as formas mais desumanizadas de liberalismo são contra o Tratado Constitucional da UE e a Declaração de Bolonha. Pode-se ser contra estes documentos por muitas razões, mas nunca porque serem “neo-liberais”. Os “neo-liberais”, esses, estarão do mesmo lado da barricada da esquerda que fizer oposição ao Tratado Constitucional ou a Bolonha.
Em relação à opção do autor de dividir o campo das ideias entre liberais e iliberais é meio caminho andado para a obra perder boa dose de credibilidade.
Mas, "Os Intelectuais e o Liberalismo" também tem os seus pontos positivos. A obra ajuda a perceber com clareza as várias tendências - de esquerda e de direita - e os vários níveis de liberalismo, que tanta confusão geram tanto na direita como na esquerda deste nosso país. Pode ter uma função pedagógica para os liberais de direita, para impedir a mistura com menos frequência de ideias e de conceitos claramente conservadores com os conceitos liberais. Para a esquerda a obra também pode ser útil, dado que ajudará a compreender porque é que aqueles que defendem as formas mais desumanizadas de liberalismo são contra o Tratado Constitucional da UE e a Declaração de Bolonha. Pode-se ser contra estes documentos por muitas razões, mas nunca porque serem “neo-liberais”. Os “neo-liberais”, esses, estarão do mesmo lado da barricada da esquerda que fizer oposição ao Tratado Constitucional ou a Bolonha.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Mundo de Aventuras XL
San Cristobal de las Casas, Chiapas, México, 2005
Roubei-lhe a alma, eu sei, mas foi por uma boa causa: aquelas tranças negras.
Mundo de Aventuras XXXIX
terça-feira, dezembro 19, 2006
Dona Carolina
"Carlos Magno, na Antena Um, chamou-lhe dona Carolina. (...) Como não se chama dona à vereadora do PP nem à irmã, que são as únicas senhoras que me vêm à cabeça a esta hora dominical, a distinção da forma de tratamento deve querer dizer alguma coisa. Eles explicam logo a seguir. A mulher, esta mulher, era uma alternadeira." Luís na Natureza do Mal.
Nem mais Luís!
Um país kitsch e javardo
Este episódio Carolina, para além da questão judicial, vem revelar aquela faceta kitsch do nosso país sem a qual já não conseguimos viver. As revistolas e os jornalecos javardos forram as capas com a cara da Carolina, os jornais da TVI e da SIC passam em intermitência um bonequinho no canto do écran, durante uma hora, uma hora e meia, anunciam agora é que é, agora é que vem aí a reportagem da Carolina. Nos cafés, nos bares aprecio as caras dos homens, a excitação cresce, o fantasma da mulher que sai do bordel para se unir a um cliente, funciona como pólvora num país que vive a sexualidade entre o pudor religioso e a javardice marialvista. Agora é Carolina, há 6 meses atrás, foi Merche Romero, páginas e páginas de javardice, fotos de paparazzis de esgoto, da objectiva que aponta para o meio das pernas que se alongam na espreguiçadeira produz-se uma capa da revista de programação televisiva que se arruma lá em casa ao lado da santinha de fátima. De Merche a Carolina até à próxima excitação, a sexualidade destes homens segue para bingo, entre o puritanismo da eucaristia dominical e a beira de estrada, de preferência sem preservativo!
Nem mais Luís!
Um país kitsch e javardo
Este episódio Carolina, para além da questão judicial, vem revelar aquela faceta kitsch do nosso país sem a qual já não conseguimos viver. As revistolas e os jornalecos javardos forram as capas com a cara da Carolina, os jornais da TVI e da SIC passam em intermitência um bonequinho no canto do écran, durante uma hora, uma hora e meia, anunciam agora é que é, agora é que vem aí a reportagem da Carolina. Nos cafés, nos bares aprecio as caras dos homens, a excitação cresce, o fantasma da mulher que sai do bordel para se unir a um cliente, funciona como pólvora num país que vive a sexualidade entre o pudor religioso e a javardice marialvista. Agora é Carolina, há 6 meses atrás, foi Merche Romero, páginas e páginas de javardice, fotos de paparazzis de esgoto, da objectiva que aponta para o meio das pernas que se alongam na espreguiçadeira produz-se uma capa da revista de programação televisiva que se arruma lá em casa ao lado da santinha de fátima. De Merche a Carolina até à próxima excitação, a sexualidade destes homens segue para bingo, entre o puritanismo da eucaristia dominical e a beira de estrada, de preferência sem preservativo!
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Criacionismo visto pelo liberal Raymond Boudon
"O darwinismo [segundo os criacionistas] seria uma máquina infernal ao serviço do «modernismo». Grupos fanáticos do criacionismo vão mesmo ao ponto de propor que seja eliminada dos livros escolares destinados aos alunos americanos toda e qualquer referência aos dinossauros"
"Os Intelectuais e o Liberalismo", Raymond Boudon, pag.51, Gradiva, 2005.
Este parágrafo de Boudon ilustra bem a qualidade dos liberais lusitanos, entre os quais parte significativa não hesita em se vergar à banha da cobra criacionista. A palavra fanáticos não aparece ali ao acaso.
"Os Intelectuais e o Liberalismo", Raymond Boudon, pag.51, Gradiva, 2005.
Este parágrafo de Boudon ilustra bem a qualidade dos liberais lusitanos, entre os quais parte significativa não hesita em se vergar à banha da cobra criacionista. A palavra fanáticos não aparece ali ao acaso.
Barton Fink
"Barton Fink" dos irmãos Coen é uma excelente autocrítica ao cinema americano, nomeadamente à irresistível tentação de querer que a criação artística seja rentável à força, nem que para isso se tenha que matar a criatividade e a qualidade. Os irmãos Coen não o fazem por menos, em "Barton Fink" a indústria cinematográfica de Hollywood vai a Nova Iorque contratar os grandes escritores de peças de teatro para escrever enredos de filmes de boxe para a indústria californiana. Barton Fink (John Turturro) é um desses jovens talentos nova-iorquinos que se prepara para dar o salto do teatro para o cinema, mas quando Barton Fink parte para Hollyoowd fá-lo já sem grandes ilusões...
"Barton Fink" é uma obra-prima dos irmãos Coen, na minha opinião o seu melhor filme, inteligente, denso sem ser pesado, cáustico, onde se podem apreciar cenas e sequências cinematográficas do melhor que se produz na sétima arte e que conta com uma grande interpretação de John Turturro.
"Barton Fink" é uma obra-prima dos irmãos Coen, na minha opinião o seu melhor filme, inteligente, denso sem ser pesado, cáustico, onde se podem apreciar cenas e sequências cinematográficas do melhor que se produz na sétima arte e que conta com uma grande interpretação de John Turturro.
sábado, dezembro 16, 2006
Sábado em Coimbra XXXII: novo museu da ciência
O Laboratório Chimico foi um dos primeiros edifícios do mundo a ser equipado com salas e laboratórios dedicados às aulas de química. Hoje é o mais antigo entre os que restam desses tempos. Uma relíquia que melhorou com a integração do novo museu da ciência, um dos melhores que vi até hoje, com um conjunto de experiências em várias áreas que podem ser efectuadas pelo simples visitante. A não perder, para quem visitar Coimbra.
Ler ainda esta entrada da Sofia Araújo no Conta Natura.
Sábado em Coimbra XXXI
Ler ainda esta entrada da Sofia Araújo no Conta Natura.
Sábado em Coimbra XXXI
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Este maravilhoso país centralista
Ontem:
Bruxelas->Lisboa em 2:40 de avião;
Lisboa->Coimbra em 1:50 no Alfa;
Coimbra-> Figueira da Foz em mais de 3 horas!!! 2:30 de seca na estação (o horário não prevê ligação do Alfa à Figueira) + 30 e tal minutos de comboio.
Viva o Lisboaquistão!
Bruxelas->Lisboa em 2:40 de avião;
Lisboa->Coimbra em 1:50 no Alfa;
Coimbra-> Figueira da Foz em mais de 3 horas!!! 2:30 de seca na estação (o horário não prevê ligação do Alfa à Figueira) + 30 e tal minutos de comboio.
Viva o Lisboaquistão!
segunda-feira, dezembro 11, 2006
A importância do Tribunal Penal Internacional
...vê-se no dia em que morre um dos maiores facínoras que jamais exitiu no planeta Terra, sem nunca ter sido julgado e condenado.
Não esqueceremos a ajuda preciosa que o mesmo facínora recebeu no fatídico 11 de Setembro de 1973, tal como não esqueceremos quem foram os outros facínoras que o ajudaram.
Não esqueceremos a ajuda preciosa que o mesmo facínora recebeu no fatídico 11 de Setembro de 1973, tal como não esqueceremos quem foram os outros facínoras que o ajudaram.
Pepe na selecção?
Está ao nível dos craques do Scolari: o Ricardo, o Quim, o Boa Morte, o Ricardo Costa e o Hugo Viana.
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Água fresca em Marte
Tudo indica que entre 1999 e 2005 correu água em Marte na cratera fotografada pela Mars Global Surveyor da NASA.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Chegou a France 24
Para quem já não tinha pachorra para Sky e CNNs, existe finalmente uma alternativa àqueles serviços noticiosos em tom paternalista lá do alto dos impérios para a miserável plebe mundial. A France 24, o novo canal francês de notícias de 24 horas, começou a emitir desde ontem.
Como curiosidade refira-se que um dos motivos que levou à decisão de criação desta cadeia de televisão deve-se à censura dos aplausos ao discurso de Villepin contra a invasão do Iraque na ONU em 2003, que tanto a CNN como a Fox News (nesta, este tipo de coisas fazem parte do cardápio) decidiram cortar durante a transmissão que efectuavam na altura.
PS- Agora é só pedir aos serviços de TV por cabo para substituir a Fox pela France 24.
Como curiosidade refira-se que um dos motivos que levou à decisão de criação desta cadeia de televisão deve-se à censura dos aplausos ao discurso de Villepin contra a invasão do Iraque na ONU em 2003, que tanto a CNN como a Fox News (nesta, este tipo de coisas fazem parte do cardápio) decidiram cortar durante a transmissão que efectuavam na altura.
PS- Agora é só pedir aos serviços de TV por cabo para substituir a Fox pela France 24.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
terça-feira, dezembro 05, 2006
Supercomputador Milipeia
Hoje, o Centro de Física Computacional do Departamento de Física da Universidade de Coimbra inaugurou o supercomputador "Milipeia", que é agora o mais poderoso computador instalado em Portugal dedicado à investigação científica. Para os interessados clicar aqui para mais informações.
segunda-feira, dezembro 04, 2006
domingo, dezembro 03, 2006
Filme europeu do ano: A vida dos outros
"A vida dos outros", o primeiro filme de Florian von Donnersmarck, com Martina Gedeck e que narra a história de um agente da Stasi na ex-RDA, foi o vencedor do prémio do melhor filme europeu de 2006.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Manifesto dos gajos altos
A tabela de dimensões de camas publicada pelo Bruno é arrepiante para a malta de perna longa. Pior, só camas de 1,90m rematadas por uma espessa tábua que me fazem sonhar a noite toda com a panóplia de golpes de Shotokan ou com o grande Houdini trancado num baú. Mas a verdadeira tortura é passar uma semana num hospital de perna partida deitado numa cama de 1,90m rematada por uma grelha barras metálicas...
Camas de 2,10m já e em força!
(mesmo assim não dão para grandes cambalhotas)
Camas de 2,10m já e em força!
(mesmo assim não dão para grandes cambalhotas)
quinta-feira, novembro 30, 2006
Karel Čapek, o pai da palavra robô
A minha crónica de hoje no Portal do Astrónomo é sobre Karel Čapek, escritor de ficção científica e pai da palavra robô.
O véu visto por dentro
Já aqui referi várias vezes que por princípio sou contra a interdição do lenço nas escolas ou contra a interdição do véu no espaço público. Mas reduzir o problema do véu à sua interdição ou não é ver apenas uma parte do problema. Aqui vão referências de obras escritas por mulheres que conhecem bem o problema do véu e que o enquadram devidamente no alastramento do integrismo entre as comunidades muçulmanas:
- "Les mensonges des intégristes" e "Frères musulmans, frères féroces" de Latifa Ben Mansour
- "Deux femmes en colère" de Kenza Braiga e Olivia Cattan
- "Les mensonges des intégristes" e "Frères musulmans, frères féroces" de Latifa Ben Mansour
- "Deux femmes en colère" de Kenza Braiga e Olivia Cattan
segunda-feira, novembro 27, 2006
Quem é que continua a negar o aquecimento global?
Desde 2002 que o campo dos negacionistas do aquecimento global sofreu um duro revés quando a Shell, Texaco, BP, Ford, GM e Daimler-Chrysler abandonaram a Global Climate Coalition - organização que negava o aquecimento global e lutava contra a ratificação do Protocolo de Quioto - na sequência de um relatório publicado por um grupo intergovernamental peritos sobre as evoluções climáticas que previa o aumento da temperatura do planeta entre 1,4º e 5ºC até ao ano 2100. Pouco tempo depois a Global Climate Coalition encerrou e o seu sítio internet está agora inactivo como se pode verificar.
O que restou deste movimento?
Restaram os fanáticos e a Exxon/Mobil. Nos últmos 6 anos a Exxon financiou em 55 milhões de dólares fundações e grupos de pressão com graus de fanatismo variável (uns tentam utilizar argumentos científicos, outros dedicam-se a denegrir a ciência e os cientistas) com o objectivo de continuar o negacionismo das alterações climáticas. Um dos mais mediáticos negacionistas a soldo da Exxon é Steven Milloy, cronista da Fox News, que alimenta um sítio internet apelidado Junk Science, que é em si junk do pior que há. Através de dois institutos que dirige, o Free Enterprise Action Institute e o Advancement os Sound Science Center, Steven Milloy já recebeu cerca de 90 mil dólares de donativos da Exxon/Mobil. Sobre Quioto Milloy referiu-se como sendo uma "infâmia científica e económica". Tchriiiim! $90 000$ -> caixa registadora
O que restou deste movimento?
Restaram os fanáticos e a Exxon/Mobil. Nos últmos 6 anos a Exxon financiou em 55 milhões de dólares fundações e grupos de pressão com graus de fanatismo variável (uns tentam utilizar argumentos científicos, outros dedicam-se a denegrir a ciência e os cientistas) com o objectivo de continuar o negacionismo das alterações climáticas. Um dos mais mediáticos negacionistas a soldo da Exxon é Steven Milloy, cronista da Fox News, que alimenta um sítio internet apelidado Junk Science, que é em si junk do pior que há. Através de dois institutos que dirige, o Free Enterprise Action Institute e o Advancement os Sound Science Center, Steven Milloy já recebeu cerca de 90 mil dólares de donativos da Exxon/Mobil. Sobre Quioto Milloy referiu-se como sendo uma "infâmia científica e económica". Tchriiiim! $90 000$ -> caixa registadora
sábado, novembro 25, 2006
1,5 kg de Expresso para o lixo
Após separar a parte informativa do jornal Expresso do lixo publicitário de golfes, de telemóveis, de imobiliárias e de electrodomésticos, deparei com uma montanha absolutamente obscena de papel que ia direitinho para o lixo. Não resisti a pesá-la. 1,5 kg! Leram bem, 1,5 kg de lixo que acompanha o jornal! 1,5 kg multiplicado pela tiragem média do jornal (225 000 exemplares) dá 337,5 toneladas de lixo publicitário semanal que acompanham o Expresso!!!
Se até hoje os jornais não tomaram iniciativas sérias para evitar este desperdício, acho que está na hora de serem impostas medidas draconianas. O planeta não é infinito e o somatório de todos os lixos inúteis deste género começam a fazer estragos.
PS- Não compro o Sol, aquela coisa kitsch onde o texto e a prosa atrapalham as corzinhas e as fotografias javardas de variedades da vida real. Arriscava-me a mandar para o lixo o jornal inteiro e acabar por ler os folhetos publicitários...
Se até hoje os jornais não tomaram iniciativas sérias para evitar este desperdício, acho que está na hora de serem impostas medidas draconianas. O planeta não é infinito e o somatório de todos os lixos inúteis deste género começam a fazer estragos.
PS- Não compro o Sol, aquela coisa kitsch onde o texto e a prosa atrapalham as corzinhas e as fotografias javardas de variedades da vida real. Arriscava-me a mandar para o lixo o jornal inteiro e acabar por ler os folhetos publicitários...
sexta-feira, novembro 24, 2006
150 mortos? Não são brancos nem ocidentais!
Julgo que os mais de 150 mortos resultantes dos atentados de ontem no Iraque mereciam pelo menos duas ou três linhas da parte dos políticos e dos cronistas que defenderam a implementação sistema que hoje vigora no país através da ocupação americana. De certa forma choca-me verificar este silêncio de quem defendeu tão acerrimamente a solução actual para o Iraque. Se os 150 mortos ocorressem num atentado em Londres provavelmente hoje estaríamos inundados de crónicas épicas sobre a cidade de Londres, os londrinos, as ruas onde compraram os pacotinhos de chá ou sobre tal amigo que trabalhava ali mesmo ao pé do sítio onde explodiram as bombas.
quinta-feira, novembro 23, 2006
Uma garrafa de plástico em África
Ler esta entrada da Isabel (Aba de Heisenberg) citando o Gonçalo Cadilhe.
Um dia, não muito distante, o mundo vai ter que reequacionar seriamente o que produz e o que consome.
Um dia, não muito distante, o mundo vai ter que reequacionar seriamente o que produz e o que consome.
quarta-feira, novembro 22, 2006
Djindji Rindji
(foto sítio UEFA)
Sa romalen pucela
Bubamara sosi acela
Devla, Devla vacar le
Bubamaru koka pocinel
Ej romalen asunen
Ej cavoren gugle zuralen
Bubamara cajori
Baro Grga vojsi odjili
Djindji rindji Bubamaro
cknije sužije
ajde mori goj romesa
Sa Romalen pucela
ede ori fusujesa cudela
Devla, Devla sacerle
Bubamaru vojte aresle
Ej Romalen asunen
ej cavoren gugle sukaren
životo si ringispil
trade aj ro, aj romni
Djindji rindji Bubamaro....
É o mínimo
A decisão de dar prioridade política à livre circulação de pessoas dos 10 novos países membros da UE - cuja circulação é ainda restrita - durante a Presidência Portuguesa do próximo ano é mínimo que se exige de um país que tem 5 milhões de emigrantes espalhados pelo mundo.
terça-feira, novembro 21, 2006
Um mau rascunho sobre o nuclear em Portugal
Em Agosto o DN publicava na primeira página os resultados de um estudo económico sobre qual seria o custo da factura da electricidade se se produzisse energia nuclear em Portugal. Detectei meia dúzia de erros, gafes e trapalhadas. Apesar de estar de férias, tentei sem sucesso contactar a jornalista para a alertar das incongruências do tal estudo.
Hoje às 15.00 participo num debate sobre o nuclear na FCUP. Para o preparar descarreguei da página da FEP o tal estudo, da autoria de Pedro Cosme Vieira da FEP, intitulado "Energia nuclear: Uma solução para Portugal?".
Trata-se de um estudo sobre uma questão importantíssima com 37 páginas... Descontando a capa, a contracapa e a bibliografia ficamos com 31 páginas de estudo. A análise económica, a polpa deste estudo começa na página 26 e acaba na página 32. Até à página 26 é só palha cheia de erros e alguns bem graves, como os 600 anos para que a radioactividade dos lixos tóxicos atinjam o nível da radioactividade natural. De facto são 600 mil anos! O autor não se esqueceu de acrescentar três zeros, visto que reforça qualitativamente a ideia dos 600 anos noutras passagens do estudo. A polpa do estudo está polvilhada de tabelas e gráficos de pouca utilidade. As contas que realmente interessam resumem-se a meia página (pag. 27), cabem num guardanapo de papel, e estão ao alcance de um bom aluno da quarta classe. As contas partem de um pressuposto errado. É que Portugal não são os EUA. Portugal não gastou cerca de 5821027000000 dólares num programa nuclear, como é o caso do programa americano. Portugal não tem nem as instalações, nem os laboratórios, nem as empresas especializadas, nem o pessoal qualificado que permitam construir uma central ao custo de 1500€/kW como o podem fazer os EUA. Por isso, o custo estimado pelo autor de 0,05€/kWh para electricidade de origem nuclear não tem grande significado, até porque nos EUA os consumidores domésticos pagam-na ao custo médio de 0,059€/kWh e os serviços a 0,076€/kWh. Em França - país que possui mais de 70 reactores - a electricidade custa 0,11€/kWh (sem iva).
Por todas estas razões considero que estamos perante um rascunho e não um estudo, e sublinhe-se que se trata de um mau rascunho. Convido os meus pares de física a espreitar os termos utilizados no texto, basta passar os olhos pelas primeiras páginas...
Hoje às 15.00 participo num debate sobre o nuclear na FCUP. Para o preparar descarreguei da página da FEP o tal estudo, da autoria de Pedro Cosme Vieira da FEP, intitulado "Energia nuclear: Uma solução para Portugal?".
Trata-se de um estudo sobre uma questão importantíssima com 37 páginas... Descontando a capa, a contracapa e a bibliografia ficamos com 31 páginas de estudo. A análise económica, a polpa deste estudo começa na página 26 e acaba na página 32. Até à página 26 é só palha cheia de erros e alguns bem graves, como os 600 anos para que a radioactividade dos lixos tóxicos atinjam o nível da radioactividade natural. De facto são 600 mil anos! O autor não se esqueceu de acrescentar três zeros, visto que reforça qualitativamente a ideia dos 600 anos noutras passagens do estudo. A polpa do estudo está polvilhada de tabelas e gráficos de pouca utilidade. As contas que realmente interessam resumem-se a meia página (pag. 27), cabem num guardanapo de papel, e estão ao alcance de um bom aluno da quarta classe. As contas partem de um pressuposto errado. É que Portugal não são os EUA. Portugal não gastou cerca de 5821027000000 dólares num programa nuclear, como é o caso do programa americano. Portugal não tem nem as instalações, nem os laboratórios, nem as empresas especializadas, nem o pessoal qualificado que permitam construir uma central ao custo de 1500€/kW como o podem fazer os EUA. Por isso, o custo estimado pelo autor de 0,05€/kWh para electricidade de origem nuclear não tem grande significado, até porque nos EUA os consumidores domésticos pagam-na ao custo médio de 0,059€/kWh e os serviços a 0,076€/kWh. Em França - país que possui mais de 70 reactores - a electricidade custa 0,11€/kWh (sem iva).
Por todas estas razões considero que estamos perante um rascunho e não um estudo, e sublinhe-se que se trata de um mau rascunho. Convido os meus pares de física a espreitar os termos utilizados no texto, basta passar os olhos pelas primeiras páginas...
segunda-feira, novembro 20, 2006
domingo, novembro 19, 2006
Último Tango em Paris - ninguém saiu ileso
Em 1972 o realizador italiano Bernardo Bertolucci estreia "Último Tango em Paris", com Marlon Brando, Maria Schneider e Jean-Pierre Léaud. Nos vários países onde foi permitida a sua estreia, a carga erótica do filme não deixou os espectadores indiferentes, suscitando polémica, protestos, manifestações de apoio, etc. Mas o mais interessante e menos conhecido é que a rodagem do "Último Tango em Paris" foi muito mais nefasta para Bertolucci, Brando, Schneider e Léaud do que a sua estreia. Apesar de Bertolucci ter sido objecto de uma condenação jurídica em Itália, o conflito com Brando e Schneider resultante da rodagem do filme seria mais marcante para o realizador. Na célebre cena em que Paul (Marlon Brando) se entrega a Jeanne (Maria Schneider) suplicando-lhe para que o penetre, Brando improvisa integralmente a cena a pedido de Bertolucci, após uma conversa entre os dois em que Bertolucci decifra um sonho de Brando cujo significado o deixa extremamente perturbado. A partir daí Brando nunca mais foi o mesmo até ao fim das filmagens. Maria Schneider teve a sua dose na célebre cena do pacote de manteiga. Bertolucci não preveniu Schneider sobre a conclusão da cena. Desde o instante em que Brando imobiliza Schneider com alguma violência e se apodera do pacote de manteiga, Schneider tentou impedir o desenrolar da acção e tudo o resto que se seguiu foi contra os protestos genuínos da actriz, que acabou por se sentir de certa forma violada. Durante longos anos, quando Maria Schneider pedia um pacote de manteiga numa mercearia provocava galhofa garantida entre comerciantes e clientes. O trauma dessa célebre cena nunca mais abandonou a vida de Schneider.
Após a estreia do filme, Brando recusou-se a falar com Bertolucci durante cerca de 15 anos. Schneider cortou relações com o realizador. Ainda como curiosidade refira-se que durante a rodagem do filme, Léaud - um dos actores fetiche de Truffaut - evitou sempre cruzar-se com Marlon Brando. Léaud tinha um pavor incontrolável de Marlon Brando. Se reparem não existe nenhuma cena onde os dois contracenam.
Após a estreia do filme, Brando recusou-se a falar com Bertolucci durante cerca de 15 anos. Schneider cortou relações com o realizador. Ainda como curiosidade refira-se que durante a rodagem do filme, Léaud - um dos actores fetiche de Truffaut - evitou sempre cruzar-se com Marlon Brando. Léaud tinha um pavor incontrolável de Marlon Brando. Se reparem não existe nenhuma cena onde os dois contracenam.
sexta-feira, novembro 17, 2006
No Princípio Estava o Mar
“No Princípio Estava o Mar” do meu conterrâneo figueirense Gonçalo Cadilhe é uma recolha de sublimes e deliciosas crónicas enviadas pelo autor à revista Surf Portugal, durante uma série de viagens à volta do mundo. As crónicas valem tanto pelo seu carácter poético como pelos apontamentos mais críticos. Gostei do entusiasmo com que o Gonçalo descreve as noites em que vai para a cama com o sal no corpo, gostei da forma como descreve as pessoas dos países por onde passa, sem rancores, sem ingenuidade, sem ilusões, gosto da sua determinação em percorrer milhares de quilómetros para curtir meia dúzia de ondas e gosto do seu desprezo pelo materialismo, uma raridade nos dias de hoje. De facto, não precisamos de muitas coisas (leia-se possessões) para desfrutarmos do que há de bom neste planeta.
Entre as passagens mais críticas do livro destaco a passagem em que o Gonçalo descreve El Salvador: “El Salvador sofreu durante os anos 80 uma das piores guerras civis do século XX. Os acordos de paz de 1992 não resolveram o problema da violência. As armas ficaram nas mãos da população enquanto a falta de horizontes económicos, o desemprego e a epidemia de crack fizeram o resto: a violência política transmutou-se em violência aleatória, delinquência e “gangsterismo”. Hoje, El Salvador é um dos países mais inseguros do continente.”
Um povo que não merece o mar que tem
As críticas do Gonçalo ao nosso país são muito certeiras, sobretudo as que se referem à nossa difícil relação com o mar, quando enumera os variadíssimos atentados à nossa orla costeira, quando lamenta uma gastronomia muito desconfiada do peixe, quando refere a nossa indiferença sobre variadíssimos produtos do mar, como a flor de sal e quando relembra a nossa azelhice e as nossas fobias do mar.
Enquanto lia estas críticas dei por mim a pensar: quantos portugueses sabem nadar? Certamente menos do que os cidadãos de países europeus que não têm mar, como a Rep. Checa, ou países cuja orla costeira é reduzida, como a Bélgica. Quando joguei basquete em equipas figueirenses, um dos insultos que ouvíamos da bancada assim que jogávamos nalguma localidade a mais de 20 km do mar, era: peixeiros! O mais triste, nem era ser insultado, era sim o facto daquelas pessoas serem de tal modo avessas ao mar, que nem percebiam que para nós ser peixeiro era motivo de orgulho.
As crónicas dirigidas ao nosso materialismo kitsch também valem bem a pena a sua leitura. A fúria dos todo-terreno em plena cidade, a fúria dos empréstimos para comprar bugiganga electrodoméstica, a fúria das roupas de marca, etc., está lá tudo.
Entre as passagens mais críticas do livro destaco a passagem em que o Gonçalo descreve El Salvador: “El Salvador sofreu durante os anos 80 uma das piores guerras civis do século XX. Os acordos de paz de 1992 não resolveram o problema da violência. As armas ficaram nas mãos da população enquanto a falta de horizontes económicos, o desemprego e a epidemia de crack fizeram o resto: a violência política transmutou-se em violência aleatória, delinquência e “gangsterismo”. Hoje, El Salvador é um dos países mais inseguros do continente.”
Um povo que não merece o mar que tem
As críticas do Gonçalo ao nosso país são muito certeiras, sobretudo as que se referem à nossa difícil relação com o mar, quando enumera os variadíssimos atentados à nossa orla costeira, quando lamenta uma gastronomia muito desconfiada do peixe, quando refere a nossa indiferença sobre variadíssimos produtos do mar, como a flor de sal e quando relembra a nossa azelhice e as nossas fobias do mar.
Enquanto lia estas críticas dei por mim a pensar: quantos portugueses sabem nadar? Certamente menos do que os cidadãos de países europeus que não têm mar, como a Rep. Checa, ou países cuja orla costeira é reduzida, como a Bélgica. Quando joguei basquete em equipas figueirenses, um dos insultos que ouvíamos da bancada assim que jogávamos nalguma localidade a mais de 20 km do mar, era: peixeiros! O mais triste, nem era ser insultado, era sim o facto daquelas pessoas serem de tal modo avessas ao mar, que nem percebiam que para nós ser peixeiro era motivo de orgulho.
As crónicas dirigidas ao nosso materialismo kitsch também valem bem a pena a sua leitura. A fúria dos todo-terreno em plena cidade, a fúria dos empréstimos para comprar bugiganga electrodoméstica, a fúria das roupas de marca, etc., está lá tudo.
quinta-feira, novembro 16, 2006
O Astronauta da Catedral de Salamanca
A minha primeira crónica no Portal do Astrónomo, dedicada ao Astronauta da Catedral de Salamanca.
terça-feira, novembro 14, 2006
Iraque: segregação das mulheres (comentários)
"Nos fins dos anos 80 conheci vários iraquianos exilados (fugidos de Sadam). Pelo que me contaram a sociedade iraquiana da época era bastante tolerante. As mulheres exerciam profissões idênticas aos homens (na minha universidade havia uma iraquiana a tirar engenharia civil), vestiam-se sem véu, havia tolerância religiosa para com outros credos."
Eva Lima
"É um facto que o Hamas é uma organização político-religiosa com bases na intolerância e no pior lado do Corão.
Mas as democracias ocidentais preferiram essa gente macabra do que apoiar e ajudar a solidificar a OLP de Arafat, que como se sabe era muito mais moderada em vários aspectos..."
Manuel
"e pensar que o Iraque de Saddam até era uma das sociedades mais laicas e onde as mulheres mais direitos tinham... havia muita perseguição política e os massacres eram coisa corrente, mas neste domínio houve um claro e intenso retrocesso."
Rui Martins
Eva Lima
"É um facto que o Hamas é uma organização político-religiosa com bases na intolerância e no pior lado do Corão.
Mas as democracias ocidentais preferiram essa gente macabra do que apoiar e ajudar a solidificar a OLP de Arafat, que como se sabe era muito mais moderada em vários aspectos..."
Manuel
"e pensar que o Iraque de Saddam até era uma das sociedades mais laicas e onde as mulheres mais direitos tinham... havia muita perseguição política e os massacres eram coisa corrente, mas neste domínio houve um claro e intenso retrocesso."
Rui Martins
segunda-feira, novembro 13, 2006
Raios Cósmicos e aquecimento global
No CERN tem vindo ser preparada uma experiência apelidada CLOUD (Cosmics Leaving OUtdoor Droplets) que visa o estudo da contribuição dos raios cósmicos para o aquecimento global. Os raios cósmicos ao atravessarem a atmosfera terrestre aceleram a produção de aerosóis e de agregados de moléculas que posteriormente poderão formar nuvens de baixa altitude cujas gotículas podem reflectir parte significativa da luz solar.
Urs Neu do Swiss Forum for Climate and Global Change alerta para as confusões que este estudo pode originar, sobretudo entre aqueles que tentam desesperadamente negar o aquecimento global:
"The cosmic ray theory has been used by people who want to deny human influence on global warming. (...) If there really is an effect then it would simply be part of the climate change cocktail (...) What we want to understand is if, and by how much, this natural phenomenon contributes to the climate mix. We need to understand how clouds are affected to reduce the uncertainties from climate predictions."
Urs Neu do Swiss Forum for Climate and Global Change alerta para as confusões que este estudo pode originar, sobretudo entre aqueles que tentam desesperadamente negar o aquecimento global:
"The cosmic ray theory has been used by people who want to deny human influence on global warming. (...) If there really is an effect then it would simply be part of the climate change cocktail (...) What we want to understand is if, and by how much, this natural phenomenon contributes to the climate mix. We need to understand how clouds are affected to reduce the uncertainties from climate predictions."
sexta-feira, novembro 10, 2006
Iraque: regresso da segregação das mulheres
No capítulo Women's Rights da entrevista da Joana Amaral Dias à iraquiana Mahmud Houzan, directora da Women´s Freedom in Iraq, Houzan faz um resumo deprimente e esclarecedor do recuo que sofreram os direitos das mulheres, desde que os EUA ocupam o país. É um depoimento que confirma muito daquilo que foi escrito por Ali Ajjam na Courrier International (edição nº795 26/1 a 1/2/2006 extraído do jornal Al-Hayat), num artigo intitulado "L'imam a remplacé Saddam" sobre a deriva islamista que flagela o país. Ali denuncia as pressões a que estão sujeitas as mulheres dentro das empresas: "on leur a conseillé avec insistance d'adopter le voile". No mesmo artigo Ali cita um académico, Amer Fayad: "la soumission aux hommes de religion a pris la relève de la soumission aux militaires de Saddam". Na cidade de Kout, a 180 km de Bagdad, foram criados tribunais religiosos que primam sobre o direito do estado, cujas principais vítimas são as mulheres. Bassorah, a segunda cidade mais importante do Iraque, é controlada por grupos armados religiosos. Podemos ler no mesmo artigo: "ces forces contrôllent totalement la ville, disposent à leur guise du budget de l'Etat, imposent leur volonté à la societé grâce à leurs milices. Tout cela anéanti la vie culturelle, et les habitants n'ont plus rien d'autre à faire que se morfondre dans une longue et triste suite de regrets".
Foi também esta "democracia" que a Administração Bush ajudou a nascer no Iraque. Todos os irredutíveis apoiantes da Administração Bush que cantaram hinos a um Iraque no bom caminho deveriam fazer uma reflexão séria sobre o que escreveram.
Também à esquerda estes testemunhos deveriam desencadear uma reflexão séria entre todos aqueles que consideram revolucionária a luta dos fascistas do Hamas, do Hezbollah e da Irmandade Muçulmana cuja atitude em relação às mulheres não é muito diferente da descrita. Expliquem-me o que há de revolucionário em humilhar e segregar as mulheres? No fundo o Hamas e afins têm uma visão sobre as mulheres e a família muito parecida com a dos judeus ultra-ortodoxos, a luta para proibir o desfile gay marcado para hoje em Jerusalém é disso um exemplo.
Foi também esta "democracia" que a Administração Bush ajudou a nascer no Iraque. Todos os irredutíveis apoiantes da Administração Bush que cantaram hinos a um Iraque no bom caminho deveriam fazer uma reflexão séria sobre o que escreveram.
Também à esquerda estes testemunhos deveriam desencadear uma reflexão séria entre todos aqueles que consideram revolucionária a luta dos fascistas do Hamas, do Hezbollah e da Irmandade Muçulmana cuja atitude em relação às mulheres não é muito diferente da descrita. Expliquem-me o que há de revolucionário em humilhar e segregar as mulheres? No fundo o Hamas e afins têm uma visão sobre as mulheres e a família muito parecida com a dos judeus ultra-ortodoxos, a luta para proibir o desfile gay marcado para hoje em Jerusalém é disso um exemplo.
quinta-feira, novembro 09, 2006
Mais uma missa de V.G. Moura sobre o fim do mundo
Ler o octogésimo nono artigo de Vasco Graça Moura em que faz um paralelo entre a eclosão da II Guerra Mundial e a guerra ao terrorismo.
Estamos todos convencidos, antes de começar a II Guerra Mundial a Europa era só pacifistas! Os nacionalismos exacerbados tanto de esquerda como de direita não existiam. Nos anos 30 era só lenços brancos, pombas e ramos de oliveira! As brigadas internacionais que foram combater para Espanha um dos primeiros bastiões do fascismo, onde os alemães testaram as suas armas, nunca existiram. Malraux, brigadistas, socialistas, trabalhistas, etc., nunca estiveram em Espanha, devem ter ficado em casa a estudar a passagem da vida de Cristo onde este oferece a outra face.
Todos sabemos que a ocupação do território alemão, na região do Sarr, depois da I Guerra Mundial não contou nada para a ascensão de Hitler. A culpa é da diplomacia, obviamente.
Depois, já se sabe, "os países membros da União Europeia querem construí-la a despeito de não conseguirem dotá-la de qualquer capacidade militar", denuncia V.G. Moura. Número de armas nucleares europeias: Reino Unido cerca de 350; França cerca de 200 (números de 2002). Portanto, 550 armas nucleares é zero de capacidade nuclear... Os Scud de Saddam, aquilo é que era material perigosíssimo! Armas nucleares é para frouxos europeus, aliás as armas nucleares são tão fraquinhas que o valente V.G. Moura até as usa para acender a lareira lá em casa!
V.G. Moura continua para bingo: "Falar nisso assusta os cidadãos e, sobretudo, uma juventude que cresceu embrulhada em algodão-em-rama e vota a partir dos 18 anos".
Esta é para mim.
Não me recordo se os cobertores da casa da minha avó eram de algodão-em-rama. O que me recordo é que nem o meu pai, nem a minha família, nem os amigos do meu pai eram ricos, também não tínhamos amigos médicos que lhe passassem um atestado a dizer que tinham bicos de papagaio nos pés. O meu pai decidiu não fugir para o Luxemburgo, ao contrário do que fizeram grande parte dos seus amigos. Deram-lhe uma G3 e um bilhete para Angola. Este foi o "algodão-em-rama" que esperava muitos milhares da minha geração assim que viemos ao mundo...
Estamos todos convencidos, antes de começar a II Guerra Mundial a Europa era só pacifistas! Os nacionalismos exacerbados tanto de esquerda como de direita não existiam. Nos anos 30 era só lenços brancos, pombas e ramos de oliveira! As brigadas internacionais que foram combater para Espanha um dos primeiros bastiões do fascismo, onde os alemães testaram as suas armas, nunca existiram. Malraux, brigadistas, socialistas, trabalhistas, etc., nunca estiveram em Espanha, devem ter ficado em casa a estudar a passagem da vida de Cristo onde este oferece a outra face.
Todos sabemos que a ocupação do território alemão, na região do Sarr, depois da I Guerra Mundial não contou nada para a ascensão de Hitler. A culpa é da diplomacia, obviamente.
Depois, já se sabe, "os países membros da União Europeia querem construí-la a despeito de não conseguirem dotá-la de qualquer capacidade militar", denuncia V.G. Moura. Número de armas nucleares europeias: Reino Unido cerca de 350; França cerca de 200 (números de 2002). Portanto, 550 armas nucleares é zero de capacidade nuclear... Os Scud de Saddam, aquilo é que era material perigosíssimo! Armas nucleares é para frouxos europeus, aliás as armas nucleares são tão fraquinhas que o valente V.G. Moura até as usa para acender a lareira lá em casa!
V.G. Moura continua para bingo: "Falar nisso assusta os cidadãos e, sobretudo, uma juventude que cresceu embrulhada em algodão-em-rama e vota a partir dos 18 anos".
Esta é para mim.
Não me recordo se os cobertores da casa da minha avó eram de algodão-em-rama. O que me recordo é que nem o meu pai, nem a minha família, nem os amigos do meu pai eram ricos, também não tínhamos amigos médicos que lhe passassem um atestado a dizer que tinham bicos de papagaio nos pés. O meu pai decidiu não fugir para o Luxemburgo, ao contrário do que fizeram grande parte dos seus amigos. Deram-lhe uma G3 e um bilhete para Angola. Este foi o "algodão-em-rama" que esperava muitos milhares da minha geração assim que viemos ao mundo...
Rumsfeld: três anos ao serviço da Al Qaeda
Foram três anos de eficaz propaganda à Al Qaeda, em nome da causa neo-conservadora. Sem Rumsfeld o nível de donativos à Al Qaeda e de recrutamento de jovens nunca chegaria onde chegou. Ben Laden ou Mollah Omar deveriam condecorá-lo como o seu mais poderoso recrutador, quase ao nível de um Goebbels.
quarta-feira, novembro 08, 2006
Perfume - A história de um assassino
"Perfume" é um excelente filme do alemão Tom Tykwer - o realizador de "Corre Lola Corre" - baseado no romance do mesmo nome de Patrick Süskind. "Perfume" conta a história de Jean-Baptiste Grenouille, um indivíduo ingénuo e de comportamento obsessivo, que nasceu com um extraordinário dom de detecção e de reconhecimento de todos os odores do mundo. Trata-se de uma narrativa invulgar e surpreendente que percorre deliciosos cenários da França do século XVIII, entre Paris e Grasse, a capital mundial do perfume na Provença. Apesar de ser um filme dirigido ao grande público, acessível tanto à avozinha, como ao adolescente crivado de acne, este é um filme de uma perversão e de uma rebeldia raras, em que alguns dos inabaláveis pilares sociais sofrem uma atrevida rasteira.
Não vou adiantar mais, vou deixar aos caríssimos leitores o prazer de descobrir este invulgar e excelente filme.
Nota negativa
Este filme só não leva as 5 Estrelas Klepsýdra porque é falado em inglês. Tom Tykwer não resistiu à ambição de uma generosa receita de bilheteira rodando o filme em inglês, mas felizmente recorreu a bons actores ingleses, como Ben Whishaw ou Alan Rickman, ou ao americano Dustin Hoffman, o que contribuiu para a riqueza dos diálogos e minimizou os estragos linguísticos provocados por um idioma relativamente limitado. Se este filme fosse falado em francês o Perfume teria sido sem dúvida outro, ou em italiano, ou em alemão.
Não vou adiantar mais, vou deixar aos caríssimos leitores o prazer de descobrir este invulgar e excelente filme.
Nota negativa
Este filme só não leva as 5 Estrelas Klepsýdra porque é falado em inglês. Tom Tykwer não resistiu à ambição de uma generosa receita de bilheteira rodando o filme em inglês, mas felizmente recorreu a bons actores ingleses, como Ben Whishaw ou Alan Rickman, ou ao americano Dustin Hoffman, o que contribuiu para a riqueza dos diálogos e minimizou os estragos linguísticos provocados por um idioma relativamente limitado. Se este filme fosse falado em francês o Perfume teria sido sem dúvida outro, ou em italiano, ou em alemão.
terça-feira, novembro 07, 2006
Congresso de feministas muçulmanas
Este fim de semana decorreu em Barcelona o Congresso Internacional de Feministas Muçulmanas. Embora o congresso fosse destinado a movimentos feministas religiosos - com posições diferentes dos movimentos laicos - a tão esperada modernização das sociedades muçulmanas pode também passar por aqui. As declarações de Shaheen Sardar Ali são disso uma ilustração:
«On assimile la loi divine à un corpus de lois et de préceptes machistes énoncés dans un contexte de sociétés dominées par l'homme. C'est de tout ce poids répressif qu'il faut aujourd'hui nous débarrasser»
«On assimile la loi divine à un corpus de lois et de préceptes machistes énoncés dans un contexte de sociétés dominées par l'homme. C'est de tout ce poids répressif qu'il faut aujourd'hui nous débarrasser»
domingo, novembro 05, 2006
Diário de bordo de um cosmonauta
"Carnet de bord d'un Cosmonaute" é um livro fundamental para os viciados em tudo o que se relacione com a exploração espacial. Jean-Pierre Haigneré participou em duas missões espaciais a bordo da Mir, após as quais passou a chefiar a preparação dos astronautas da ESA. Este livro é uma recolha do diário de bordo de Haigneré durante a sua última missão a bordo da Mir cuja duração foi cerca de 6 meses. É um livro cheio de curiosidades sobre a vida dos cosmonautas, abarcando assuntos que vão desde a preparação dos passeios no espaço até à descrição do menu de conservas e de comida desidratada.
segunda-feira, outubro 30, 2006
Impacto económico do Aquecimento Global
O governo britânico elaborou um extenso e rigoroso relatório sobre o impacto do aquecimento global na economia mundial. As principais conclusões vêm ao encontro dos diversos alertas que já vinham sendo lançados por instituições como a NASA, o IPPC e a AEA:
"What are the costs of doing nothing?
We have to try to model the dangerous risks we have been discussing. We have to look out over 100-200 years when the big effects of our actions over the next 50 years will come through. When we do this in a way that averages across risks, time, and countries, we calculate that the damages from business-as-usual would be equivalent to at least 5 and up to 20% of consumption a year, depending on the types of risks and effects included. The first effects of climate change are already evident, but it is still some time before impacts and risks on this scale will appear. But given the lags, action to head off these risks is urgent."
"What are the costs and benefits of taking action?
The costs of removing most of that risk, getting to 550 or below, are around 1% of GDP per year. The cost could be above or below 1% depending on policies, technological progress and ambitions but would be in this region. This is equivalent to paying on average 1% more for what we buy - the price rise for carbon intensive goods would be higher and for low carbon intensive goods would be lower – it is like a one-off increase by 1% in the price level. That is manageable; we can grow and be green."
"The conclusion of the Review is essentially optimistic. There is still time to avoid the worst impacts of climate change, if we act now and act internationally. Governments, businesses and individuals all need to work together to respond to the challenge. Strong, deliberate policy choices by governments are essential to motivate change.
But the task is urgent. Delaying action, even by a decade or two, will take us into dangerous territory. We must not let this window of opportunity close."
"What are the costs of doing nothing?
We have to try to model the dangerous risks we have been discussing. We have to look out over 100-200 years when the big effects of our actions over the next 50 years will come through. When we do this in a way that averages across risks, time, and countries, we calculate that the damages from business-as-usual would be equivalent to at least 5 and up to 20% of consumption a year, depending on the types of risks and effects included. The first effects of climate change are already evident, but it is still some time before impacts and risks on this scale will appear. But given the lags, action to head off these risks is urgent."
"What are the costs and benefits of taking action?
The costs of removing most of that risk, getting to 550 or below, are around 1% of GDP per year. The cost could be above or below 1% depending on policies, technological progress and ambitions but would be in this region. This is equivalent to paying on average 1% more for what we buy - the price rise for carbon intensive goods would be higher and for low carbon intensive goods would be lower – it is like a one-off increase by 1% in the price level. That is manageable; we can grow and be green."
"The conclusion of the Review is essentially optimistic. There is still time to avoid the worst impacts of climate change, if we act now and act internationally. Governments, businesses and individuals all need to work together to respond to the challenge. Strong, deliberate policy choices by governments are essential to motivate change.
But the task is urgent. Delaying action, even by a decade or two, will take us into dangerous territory. We must not let this window of opportunity close."
ACLEFEU, um ano depois dos tumultos em França
Um ano depois dos tumultos em França, o colectivo ACLEFEU, composto por residentes das cités, realizou um levantamento sobre o que foi feito em todo país para resolver os problemas das mesmas cités: a exclusão, o desemprego, o estado das habitações e dos equipamentos, etc. A conclusão desse levantamento é que muito pouco ou nada mudou.
Devo referir que esta conclusão não me espanta absolutamente nada. O que me incomoda mais nisto tudo é incrível passividade da esquerda perante a gravidade da situação das cités. A "luta" contra o CPE simboliza melhor do que qualquer outro exemplo essa passividade e um certo egoísmo político que caracterizam uma boa parte da esquerda francesa.
Durante anos a resposta da direita aos problemas das cités foi essencialmente a política da bastonada, com os resultados que se viram. Villepin foi o primeiro político de direita a propor medidas alternativas ao bastão. Villepin propôs o CPE com o objectivo de oferecer mais oportunidades de trabalho nas cités. A esquerda não concordou. Sendo assim, o que eu esperava da esquerda era que centrasse a sua luta contra o CPE no quadro da resolução dos problemas das cités, apresentando alternativas por exemplo, mas não foi isso que aconteceu. Em poucos dias as "vítimas" do CPE deixaram de ser os jovens das cités para passarem a ser os estudantes universitários, que muito dificilmente seriam abrangidos pela lei, visto que esta só poderia ser aplicada a trabalho não qualificado e a jovens até aos 24 anos. Mais uns dias volvidos e entre as "vítimas" que se manifestavam já se encontravam trabalhadores quase na reforma. As cités tinham sido já completamente esquecidas. A esquerda mergulhou num egoísmo eleitoralista fácil e perdeu uma grande oportunidade para debater as cités a sério. Um ano volvido, ainda estamos no ponto de partida...
Devo referir que esta conclusão não me espanta absolutamente nada. O que me incomoda mais nisto tudo é incrível passividade da esquerda perante a gravidade da situação das cités. A "luta" contra o CPE simboliza melhor do que qualquer outro exemplo essa passividade e um certo egoísmo político que caracterizam uma boa parte da esquerda francesa.
Durante anos a resposta da direita aos problemas das cités foi essencialmente a política da bastonada, com os resultados que se viram. Villepin foi o primeiro político de direita a propor medidas alternativas ao bastão. Villepin propôs o CPE com o objectivo de oferecer mais oportunidades de trabalho nas cités. A esquerda não concordou. Sendo assim, o que eu esperava da esquerda era que centrasse a sua luta contra o CPE no quadro da resolução dos problemas das cités, apresentando alternativas por exemplo, mas não foi isso que aconteceu. Em poucos dias as "vítimas" do CPE deixaram de ser os jovens das cités para passarem a ser os estudantes universitários, que muito dificilmente seriam abrangidos pela lei, visto que esta só poderia ser aplicada a trabalho não qualificado e a jovens até aos 24 anos. Mais uns dias volvidos e entre as "vítimas" que se manifestavam já se encontravam trabalhadores quase na reforma. As cités tinham sido já completamente esquecidas. A esquerda mergulhou num egoísmo eleitoralista fácil e perdeu uma grande oportunidade para debater as cités a sério. Um ano volvido, ainda estamos no ponto de partida...
sábado, outubro 28, 2006
Sábado em Coimbra XXXI: anti-Tübingen
Coimbra e o Mondego são um anti-retrato de Tübingen e do seu rio Steinlach e de Würzburg e do seu Main.
Em Tübingen o rio faz parte da cidade, não é um obstáculo, barcaças propulsionadas através de longas varas, baratas e acessíveis, proporcionam momentos de romantismo e de fantátistico contacto com a natureza ao comum cidadão.
Em Würzburg os atletas do clube de remo local podem ir a pé dos balneários através de um ambiente 100 % natural (nada de relvas tratadas) até ao rio.
Tanto as margens do Steinlach como as do Main estão acessíveis aos cidadãos no seu estado natural em quase todos os pontos das cidades. Em ambas as cidades a Universidade vai até ao rio, molha os pés e avança até ter água pela cintura...
Sábado em Coimbra XXX
Em Tübingen o rio faz parte da cidade, não é um obstáculo, barcaças propulsionadas através de longas varas, baratas e acessíveis, proporcionam momentos de romantismo e de fantátistico contacto com a natureza ao comum cidadão.
Em Würzburg os atletas do clube de remo local podem ir a pé dos balneários através de um ambiente 100 % natural (nada de relvas tratadas) até ao rio.
Tanto as margens do Steinlach como as do Main estão acessíveis aos cidadãos no seu estado natural em quase todos os pontos das cidades. Em ambas as cidades a Universidade vai até ao rio, molha os pés e avança até ter água pela cintura...
Sábado em Coimbra XXX
sexta-feira, outubro 27, 2006
O racismo de Huntington em American Vertigo
Vale a pena relembrar o racismo de Huntington, o autor de "Choque de Civilizações", no dia em que foi decretada a construção do muro (na verdade o resto do muro, que ele já existe) entre o México e os EUA. Em "American Vertigo", Bernard-Henri Lévy descreve o seguinte episódio passado durante a entrevista a Samuel Huntington num restaurante caro de Beacon Hill:
"dans cet élégant restaurant où la chère était trop bonne et le vin trop capiteux, le voilà qui à ma grande surprise, renonce à toute prudence et lâche, en quelques phrases, ce que ses adversaires le soupçonnent de penser tout bas sans oser, d'habitude, l'avouer trop haut. Ah! l'affreuse violence qui sourd de son oeil bleu quand il me lance que «le grand problème avec les Hispaniques c'est qu'ils n'ont pas envie d'éducation»! La haine de petit Blanc qui défigure le visage savant de Monsieur le Professeur" (pag. 377).
Os hispânicos também somos nós. E não vale a pena dizer que o termo hispânicos é mais dirigido aos mexicanos e aos porto-riquenhos. Vi com os meus próprios olhos os nossos emigrantes nos EUA, baixinhos, cabeludos, de bigode, risco ao lado e barriguinha, para o americano médio é tudo farinha da mesma massa. A guerra de civilizações também é em certa medida contra nós, só um ingénuo pode pensar que Huntington nos tem como parceiros no choque de civilizações.
"dans cet élégant restaurant où la chère était trop bonne et le vin trop capiteux, le voilà qui à ma grande surprise, renonce à toute prudence et lâche, en quelques phrases, ce que ses adversaires le soupçonnent de penser tout bas sans oser, d'habitude, l'avouer trop haut. Ah! l'affreuse violence qui sourd de son oeil bleu quand il me lance que «le grand problème avec les Hispaniques c'est qu'ils n'ont pas envie d'éducation»! La haine de petit Blanc qui défigure le visage savant de Monsieur le Professeur" (pag. 377).
Os hispânicos também somos nós. E não vale a pena dizer que o termo hispânicos é mais dirigido aos mexicanos e aos porto-riquenhos. Vi com os meus próprios olhos os nossos emigrantes nos EUA, baixinhos, cabeludos, de bigode, risco ao lado e barriguinha, para o americano médio é tudo farinha da mesma massa. A guerra de civilizações também é em certa medida contra nós, só um ingénuo pode pensar que Huntington nos tem como parceiros no choque de civilizações.
quinta-feira, outubro 26, 2006
França, Inglaterra e véu islâmico
É curioso, em 2006, verificarmos os resultados de duas políticas europeias distintas sobre a ostentação de símbolos religiosos nas escolas públicas.
Em França desde que entrou em vigor a circular Bayrou de 1994 que proibia a ostentação de símbolos religiosos nas escolas, o número de casos de litígio sobre a aplicação da lei baixou de 9000 em 1994 para 300 em 2006. Devo esclarecer que por princípio não concordo com este tipo de procedimento, mas devo confessar que os resultados são sem dúvida muito positivos.
No Reino Unido, a política seguida nas escolas públicas foi a de não restrição de ostentação de símbolos religiosos, embora nalguns casos tivesse existido um acordo em adaptar a farda escolar obrigatória à cultura de origem dos alunos, permitindo os turbantes no caso de estudantes indianos. Os resultados no Reino Unido são catastróficos a todos os níveis na comunidade muçulmana, sobretudo no abandono da escola pública pela escola corânica, cuja dimensão escapa aos responsáveis políticos. É neste particular que se comete o erro mais grave. A inexistência de documentos de identificação oficiais permite aos movimentos islâmicos mais radicais colocarem fora de circulação milhares de crianças - o estado britânico não sabe da sua existência - que vão encher as escolas corânicas controladas pelos mesmos movimentos.
A recente polémica da professora muçulmana que se apresentou numa escola pública para ensinar de véu, através do qual apenas se vislumbravam os olhos, mostra o estado de degradação a que se chegou no Reino Unido.
Preferia que não existissem interdições, parafraseando Cohn Bendit, preferia que as raparigas entrassem para o liceu de lenço na cabeça e saíssem de cabelo pintado e piercing no umbigo. Mas os franceses que foram tão criticados de jacobinismo por alguns anglófilos da nossa praça acabam por sair claramente vencedores deste combate, muito graças ao seu pragmatismo e àquele espírito de "raleurs" que é bem conhecido.
Em França desde que entrou em vigor a circular Bayrou de 1994 que proibia a ostentação de símbolos religiosos nas escolas, o número de casos de litígio sobre a aplicação da lei baixou de 9000 em 1994 para 300 em 2006. Devo esclarecer que por princípio não concordo com este tipo de procedimento, mas devo confessar que os resultados são sem dúvida muito positivos.
No Reino Unido, a política seguida nas escolas públicas foi a de não restrição de ostentação de símbolos religiosos, embora nalguns casos tivesse existido um acordo em adaptar a farda escolar obrigatória à cultura de origem dos alunos, permitindo os turbantes no caso de estudantes indianos. Os resultados no Reino Unido são catastróficos a todos os níveis na comunidade muçulmana, sobretudo no abandono da escola pública pela escola corânica, cuja dimensão escapa aos responsáveis políticos. É neste particular que se comete o erro mais grave. A inexistência de documentos de identificação oficiais permite aos movimentos islâmicos mais radicais colocarem fora de circulação milhares de crianças - o estado britânico não sabe da sua existência - que vão encher as escolas corânicas controladas pelos mesmos movimentos.
A recente polémica da professora muçulmana que se apresentou numa escola pública para ensinar de véu, através do qual apenas se vislumbravam os olhos, mostra o estado de degradação a que se chegou no Reino Unido.
Preferia que não existissem interdições, parafraseando Cohn Bendit, preferia que as raparigas entrassem para o liceu de lenço na cabeça e saíssem de cabelo pintado e piercing no umbigo. Mas os franceses que foram tão criticados de jacobinismo por alguns anglófilos da nossa praça acabam por sair claramente vencedores deste combate, muito graças ao seu pragmatismo e àquele espírito de "raleurs" que é bem conhecido.
quarta-feira, outubro 25, 2006
Partículas Elementares
(Partículas Elementares de Oskar Roehler baseado no livro do mesmo nome de Michel Houellebecq)
Bruno e Michael são meios-irmãos, filhos de uma hippie convicta até ao fim dos seus dias. Partilham a dificuldade de integração numa sociedade onde proliferam vidas clássicas. Bruno, escravo dos seus fantasmas sexuais, vive perdido no seu extremismo e no alcoolismo e Michael, introvertido e bloqueado emocionalmente, vive mergulhado na ciência e isolado do contacto com o sexo oposto. Ambos vão sair do circulo vicioso em que se encontram, mas é Bruno quem vai ter a experiência mais traumática. Bruno vai viver um dos seus fantasmas, e como é duro quando os fantasmas se materializam...
"Partículas Elementares" é baseado no romance do mesmo nome de Michel Houellebecq que conta com uma excelente interpretação de Moritz Bleibtreu (Bruno), com Franka Pontente (a Lola de "Corre Lola Corre" onde contracena com Moritz) e ainda com a deliciosa Martina Gedeck. A escolha de Martina Gedeck para a personagem Christiane - que vai materializar dos fantasmas de Bruno - é excelente, por tudo, até porque fiquei a partilhar parcialmente do sofrimento de Bruno...
Filme Klepsýdra ***** (5 estrelas)
segunda-feira, outubro 23, 2006
Para quando ARTE Portugal?
O canal franco-alemão ARTE estendeu o seu conceito à Bélgica. A ARTE Bélgique deu os primeiros passos recentemente e já se fala na ARTE Espanha.
Uma ARTE Portugal seria uma bênção. Num país onde os projectos de televisão privada em canal aberto vieram exclusivamente da direita, onde a qualidade bateu no fundo e por aí tem permanecido alimentada por telenovelas, futebol e variedades da vida real, faz muita falta um verdadeiro canal de serviço público. Faz falta um canal que não seja um insulto à inteligência constante, um canal que não seja kitsch, que não dê às pessoas "o que elas querem", mas que ofereça a possibilidade às pessoas de poderem escolher programas, filmes, reportagens, debates com qualidade, feitos pelos melhores e com meios inovadores. É essa a fasquia e o pequeno segredo do sucesso do canal ARTE.
Por exemplo, em Portugal é perfeitamente impossível pensar em ter um grande programa de debate de literatura, confrontando escritores, políticos, intervenientes sociais, leitores, críticos etc., como é corrente em França ou na Alemanha. Mas o canal ARTE vai mais longe, exemplo disso é série de programas "A Saute Mouton" em que alguns dos maiores pensadores da actualidade se propuseram debater o tema Europa, participando entre outros: Joschka Fischer, Jürgen Habermas, Fernando Savater, Umberto Eco, Günter Grass, Susan Sontag, Adam Michnik, Slavoj Zizek e Jeremy Rifkin.
Uma ARTE Portugal seria uma bênção. Num país onde os projectos de televisão privada em canal aberto vieram exclusivamente da direita, onde a qualidade bateu no fundo e por aí tem permanecido alimentada por telenovelas, futebol e variedades da vida real, faz muita falta um verdadeiro canal de serviço público. Faz falta um canal que não seja um insulto à inteligência constante, um canal que não seja kitsch, que não dê às pessoas "o que elas querem", mas que ofereça a possibilidade às pessoas de poderem escolher programas, filmes, reportagens, debates com qualidade, feitos pelos melhores e com meios inovadores. É essa a fasquia e o pequeno segredo do sucesso do canal ARTE.
Por exemplo, em Portugal é perfeitamente impossível pensar em ter um grande programa de debate de literatura, confrontando escritores, políticos, intervenientes sociais, leitores, críticos etc., como é corrente em França ou na Alemanha. Mas o canal ARTE vai mais longe, exemplo disso é série de programas "A Saute Mouton" em que alguns dos maiores pensadores da actualidade se propuseram debater o tema Europa, participando entre outros: Joschka Fischer, Jürgen Habermas, Fernando Savater, Umberto Eco, Günter Grass, Susan Sontag, Adam Michnik, Slavoj Zizek e Jeremy Rifkin.
domingo, outubro 22, 2006
99 cervejas + 1
O "99 cervejas+1" do Francisco José Viegas apesar de ser uma publicação sem grandes pretensões sistemáticas é um delicioso guia para se ir experimentando novas cervejas e serve também de pretexto para longas cavaqueiras sobre cerveja com os amigos.
Muito antes de sermos um país de vinho, nós lusitanos, éramos um povo de cerveja onde entrava a bolota e a castanha (corrijam-me se estiver errado) segundo o testemunho de Estrabão, como o Francisco o refere. No entanto, considero que actualmente em Portugal não se sabe fazer cerveja. A maior parte da nossa produção de cerveja é imitação, sem nada de novo no panorama internacional, tirando uma ou duas excepções. Uma das piores experiências que tive na minha vida foi quando bebi uma Super Bock Abadia, depois de voltar da Bélgica onde tinha bebido uma Leffe no aeroporto. Para um apreciador de cervejas de abadia foi um choque equivalente àquela experiência que já todos tivemos quando bebemos uma golada de leite estragado! Finos é coisa que não bebo nem que me paguem. Alguns amigos oferecem-me finos e eu à socapa chego ao ponto de os despejar noutros copos ou de os deixar propositadamente esquecidos num canto do bar.
Ao percorrer as páginas do 99 cervejas achei que o Francisco foi demasiado benevolente com as cervejas nacionais. Quanto ao resto a minha avaliação não difere muito do Francisco.
Aqui ficam as minhas estrelinhas e as do Francisco entre parêntesis:
Budweiser Budvar (Budejovice) - **** (***)
Bush - *** (*****)
Chimay - ***** (****)
Gordon Scotch Ale - *** (**)
Erdinger - *** (****)
Girardin Geuze - *** (****)
Grimbergen - ***** (****)
Grolsch - *** (***)
Guinness - **** (***)
Leffe - ***** (****)
Murphy's (red) - **** (***)
Negra Modelo - *** (***)
Orval - *** (*****)
Pilsener Urquell - **** (*****)
Sagres - * (***)
Sagres Bohemia - ** (****)
Spaten - *** (****)
Staropramen - **** (****)
Stella Artois - **** (***)
Super Bock - *** (***)
Super Bock Abadia - . (***) -> Imitação péssima das abadias belgas
Super Bock Stout - ** (****) -> garrafa muito lindinha, mas o conteúdo...
Tagus - ** (****)
Warsteiner - **** (****)
Westmalle - **** (***)
Outras cervejas que não constam no 99 cervejas:
Onix preta (P) - ****
Krusovice (CZ) - *****
Zlaty Bazant (SK) - ****
Kelt (SK) - ****
Löwenbrau (D) - ***
Franziskaner (D) - ****
Gambrinus (CZ) - ****
Corona (MEX) - **** -> Só no Verão
Carlsberg (DK) - ****
Deus (B) - ****
Muito antes de sermos um país de vinho, nós lusitanos, éramos um povo de cerveja onde entrava a bolota e a castanha (corrijam-me se estiver errado) segundo o testemunho de Estrabão, como o Francisco o refere. No entanto, considero que actualmente em Portugal não se sabe fazer cerveja. A maior parte da nossa produção de cerveja é imitação, sem nada de novo no panorama internacional, tirando uma ou duas excepções. Uma das piores experiências que tive na minha vida foi quando bebi uma Super Bock Abadia, depois de voltar da Bélgica onde tinha bebido uma Leffe no aeroporto. Para um apreciador de cervejas de abadia foi um choque equivalente àquela experiência que já todos tivemos quando bebemos uma golada de leite estragado! Finos é coisa que não bebo nem que me paguem. Alguns amigos oferecem-me finos e eu à socapa chego ao ponto de os despejar noutros copos ou de os deixar propositadamente esquecidos num canto do bar.
Ao percorrer as páginas do 99 cervejas achei que o Francisco foi demasiado benevolente com as cervejas nacionais. Quanto ao resto a minha avaliação não difere muito do Francisco.
Aqui ficam as minhas estrelinhas e as do Francisco entre parêntesis:
Budweiser Budvar (Budejovice) - **** (***)
Bush - *** (*****)
Chimay - ***** (****)
Gordon Scotch Ale - *** (**)
Erdinger - *** (****)
Girardin Geuze - *** (****)
Grimbergen - ***** (****)
Grolsch - *** (***)
Guinness - **** (***)
Leffe - ***** (****)
Murphy's (red) - **** (***)
Negra Modelo - *** (***)
Orval - *** (*****)
Pilsener Urquell - **** (*****)
Sagres - * (***)
Sagres Bohemia - ** (****)
Spaten - *** (****)
Staropramen - **** (****)
Stella Artois - **** (***)
Super Bock - *** (***)
Super Bock Abadia - . (***) -> Imitação péssima das abadias belgas
Super Bock Stout - ** (****) -> garrafa muito lindinha, mas o conteúdo...
Tagus - ** (****)
Warsteiner - **** (****)
Westmalle - **** (***)
Outras cervejas que não constam no 99 cervejas:
Onix preta (P) - ****
Krusovice (CZ) - *****
Zlaty Bazant (SK) - ****
Kelt (SK) - ****
Löwenbrau (D) - ***
Franziskaner (D) - ****
Gambrinus (CZ) - ****
Corona (MEX) - **** -> Só no Verão
Carlsberg (DK) - ****
Deus (B) - ****
sexta-feira, outubro 20, 2006
La Subjectivité à Venir de Slavoj Žižek
"La subjectivité à venir" de Slavoj Žižek (Flammarion, 2006) é uma interessantíssima recolha de reflexões sobre a cultura popular e o seu impacto social, sob o prisma da psicanálise. Dada a raridade de análises sociais com este cariz e dada a grande importância da psicanálise para compreensão das sociedades em que vivemos, esta obra de Žižek constitui uma riquíssima fonte de descoberta sobre o que se esconde atrás do papel de parede que reveste o nosso quotidiano. Filmes populares como Matrix ou Fight Club, filmes e séries de culto como a Pianista ou Colombo, algumas óperas de Wagner e Rossini e a obra fotográfica de Leni Riefenstahl são alguns dos interessantes objectos de análise de Žižek. Žižek dedica também uma excelente reflexão da sua obra à dificuldade de popularização da ciência dada a complexidade do seu conteúdo e ao fantasma fascista sempre presente que visa limitar o alcance dessa mesma ciência.
No melhor pano cai a nódoa marxista
Apesar de todo o brilhantismo da obra e do seu indubitável interesse, Žižek intercala a leitura deliciosa das suas análises com marteladas marxistas por vezes completamente a despropósito. O leitor é confrontado com tentativas de atribuir a máximas marxistas bastante simples (para não dizer primárias) o mesmo nível de sofisticação das reflexões de Žižek baseadas na psicanálise. Curiosamente, a análise de Žižek sobre os maus da fita do popularucho filme Matrix encaixa muito mais facilmente no esquema sombrio da ex-URSS do que propriamente na teia do Grande Capital, como Žižek se esforça em demonstrar. Depois, o livro contém partes realmente fracas, como o ataque ao físico de Joschka Fisher. Encontramos também algumas contradições, como um certo radicalismo a condenar a religião seguida de alguma complacência acompanhada de uma errada análise à religião muçulmana. E digo errada, pois Žižek refere que a violência e a intolerância são traços sempre presentes na religião muçulmana (pag. 160). Ora, há 30 ou há 40 anos por exemplo, as mulheres muçulmanas das grandes cidades do Magrebe ou das comunidades emigrantes europeias praticamente não usavam véu ou lenço, o fundamentalismo como o conhecemos hoje é um fenómeno novo e excepcional. Žižek não se poupa em atacar a esquerda multicultural e de criticar uma época em que tudo é permitido. Embora o tom irónico da época em que tudo é permitido comporte uma crítica acertada, visto que muitas vezes essa permissividade é apenas ilusória (como já sabíamos), a verdade é que também transmite um certo conservadorismo. Leio-lhe um marxismo próprio de quem não está para grandes brincadeiras. Se ele tivesse votado em Janeiro passado aposto que tinha votado Jerónimo.
Se Žižek não fosse marxista seria muito mais interessante, mas nestas idades mais de 90% das pessoas não mudam, só pioram. No entanto, tirando as passagens marxistas, o resto do livro é muito estimulante e recomendo-o vivamente. Encarem as passagens marxistas como uns copos de vinho a martelo que intercalam com um grande champanhe ou um vindimas tardias.
No melhor pano cai a nódoa marxista
Apesar de todo o brilhantismo da obra e do seu indubitável interesse, Žižek intercala a leitura deliciosa das suas análises com marteladas marxistas por vezes completamente a despropósito. O leitor é confrontado com tentativas de atribuir a máximas marxistas bastante simples (para não dizer primárias) o mesmo nível de sofisticação das reflexões de Žižek baseadas na psicanálise. Curiosamente, a análise de Žižek sobre os maus da fita do popularucho filme Matrix encaixa muito mais facilmente no esquema sombrio da ex-URSS do que propriamente na teia do Grande Capital, como Žižek se esforça em demonstrar. Depois, o livro contém partes realmente fracas, como o ataque ao físico de Joschka Fisher. Encontramos também algumas contradições, como um certo radicalismo a condenar a religião seguida de alguma complacência acompanhada de uma errada análise à religião muçulmana. E digo errada, pois Žižek refere que a violência e a intolerância são traços sempre presentes na religião muçulmana (pag. 160). Ora, há 30 ou há 40 anos por exemplo, as mulheres muçulmanas das grandes cidades do Magrebe ou das comunidades emigrantes europeias praticamente não usavam véu ou lenço, o fundamentalismo como o conhecemos hoje é um fenómeno novo e excepcional. Žižek não se poupa em atacar a esquerda multicultural e de criticar uma época em que tudo é permitido. Embora o tom irónico da época em que tudo é permitido comporte uma crítica acertada, visto que muitas vezes essa permissividade é apenas ilusória (como já sabíamos), a verdade é que também transmite um certo conservadorismo. Leio-lhe um marxismo próprio de quem não está para grandes brincadeiras. Se ele tivesse votado em Janeiro passado aposto que tinha votado Jerónimo.
Se Žižek não fosse marxista seria muito mais interessante, mas nestas idades mais de 90% das pessoas não mudam, só pioram. No entanto, tirando as passagens marxistas, o resto do livro é muito estimulante e recomendo-o vivamente. Encarem as passagens marxistas como uns copos de vinho a martelo que intercalam com um grande champanhe ou um vindimas tardias.
quinta-feira, outubro 19, 2006
A evidente influência do CO2 no aquecimento global
(Sítio UNEP)
Estive a ler os comentários nos vários blogues ao gráfico aqui apresentado que mostra a evolução da temperatura global e da concentração de CO2 ao longo dos últimos 400 mil anos e noto que há alguma confusão na interpretação dos dados, que são bem simples, principalmente da parte do autor da confusão: o João Miranda.
Após dezenas de entradas sobre o aquecimento global dou-me conta que o João Miranda não percebeu o que é um gás a efeito de estufa, como o CO2. Um gás como o CO2 não "aquece", o CO2 não é radiação, mas é um gás que uma vez fortemente concentrado na atmosfera impede uma quantidade importante de radiação de se escapar da Terra para o espaço. Por isso, o CO2 - usando as palavras do João quando acertou enquanto se enganava - funciona como amplificador do aquecimento global. Pois é, tal como uma estufa. Uma estufa não precisa de aquecedor, basta que não deixe sair uma determinada quantidade de radiação para que a sua temperatura interior aumente. Se não existissem gases de efeito de estufa e a atmosfera fosse completamente transparente à radiação infravermelha emitida pela Terra, a temperatura à superfície seria de -18°C. À semelhança do que acontece nos planetas desprovidos ou de ténue de atmosfera. Por isso e ao contrário do que refere o João Miranda, é importantíssimo conhecer a relação entre a concentração de CO2 e o aquecimento global, pois são os gases a efeito de estufa (e não a radiação) a causa determinante para que a temperatura média na Terra seja cerca de 15°C em vez de -18°C.
O comentário que acompanha o gráfico do UNEP é claríssimo:
"The information presented on this graph indicates a strong correlation between carbon dioxide content in the atmosphere and temperature". Os comentários de Caillon para os quais João Miranda remete ainda o reforçam mais: "Some (currently unknown) process causes Antarctica and the surrounding ocean to warm. This process also causes CO2 to start rising, about 800 years later. Then CO2 further warms the whole planet, because of its heat-trapping properties. This leads to even further CO2 release. So CO2 during ice ages should be thought of as a "feedback", much like the feedback that results from putting a microphone too near to a loudspeaker."
O João Miranda confundiu o papel do CO2 com o da radiação, esqueceu-se que o CO2 é a estufa e não a radiação que fica aprisionada na estufa aquecendo o seu interior... Acontece!
Por todas as razões apontadas acima é que o gráfico dos gelos de Vostok é uma espécie de xeque-mate às teorias negacionistas do aquecimento global, sobretudo quando cruzado com os gráficos abaixo apresentados que mostram a subida vertiginosa da concentração do dióxido de carbono nos últimos anos provocada pela actividade humana, acompanhada do respectivo aumento de temperatura. Comentário do UNEP: "A possible scenario: anthropogenic emissions of GHGs could bring the climate to a state where it reverts to the highly unstable climate of the pre-ice age period. Rather than a linear evolution, the climate follows a non-linear path with sudden and dramatic surprises when GHG levels reach an as-yet unknown trigger point."
928 artigos a zero
Oportunamente, o Bruno refere um estudo que andava há algum tempo para aqui citar sobre as publicações cientíticas referindo o aquecimento global. Percebe-se que as fontes de informação dos negacionistas do aquecimento global vêm de todos os lados, menos daquela de onde deveriam de vir: da ciência. Sobre estas "fontes" acrescentarei algo proximamente.
quarta-feira, outubro 18, 2006
Rapidinhas para o João Miranda
1- O João Miranda finalmente descobriu a pólvora: "CO2 pode funcionar como amplificador do aquecimento causado pelos ciclos de Milankovitch", responsável por cerca de 5/6 da duração de um ciclo, como refere o artigo para o qual ele remete. No entanto, numa tentativa de salvar a face refere: "o que está em causa no debate (...) não é saber se existe uma relação entre a concentração de CO2 e aquecimento global.". Convido-o a dar mais atenção ao segundo gráfico que apresentei na minha entrada anterior que mostra a evolução da concentração de dióxido de carbono dos últimos 130 anos. O resto é matemática do secundário.
2- Este estudo publicado recentemente na revista Nature mostra que o Sol não tem influência no aquecimento global. O que não espanta nada. O ciclos solares mais importantes são os ciclos de 11 anos, período que pouco tem a ver com as alterações principais que se têm verificado no clima. Mas como esta é uma matéria ainda um bocado "verde", nada impede que possam surgir outros estudos diferentes, mas este é o melhor até agora realizado.
3- A radiação cósmica é um dos elementos que entra nos meus estudos, conheço-lhe bem os fluxos, os tipos de partículas, as energias, etc. Com fluxos de radiação daquela ordem não se fazem milagres. Além do mais são fluxos de radiação a longo termo estatisticamente bastante constantes, portanto não vale a pena imaginar cenários de grandes flutuações, a não ser que nos expluda uma supernova no "quintal". Mas nesse caso, as consequências podem ser bem piores que o aquecimento global. Para além disso existem muitos modelos climáticos que já incluem a radiação cósmica, não é uma grande novidade, como os estudos realizados na Universidade de Louvain, por exemplo.
4- Tudo o que é aqui discutido, tal como nos artigos referidos pelo João Miranda trata-se de trabalho que obedece ao rigor do método científico. No método científico não cabem tretas como o criacionismo. O João Miranda não pode andar as segundas, quartas e sextas a falar de ciência, e com a mesma propriedade, às terças, quintas e sábados a falar de tretas como o criacionismo que não passam o crivo de qualquer método científico. Perde-se a credibilidade.
2- Este estudo publicado recentemente na revista Nature mostra que o Sol não tem influência no aquecimento global. O que não espanta nada. O ciclos solares mais importantes são os ciclos de 11 anos, período que pouco tem a ver com as alterações principais que se têm verificado no clima. Mas como esta é uma matéria ainda um bocado "verde", nada impede que possam surgir outros estudos diferentes, mas este é o melhor até agora realizado.
3- A radiação cósmica é um dos elementos que entra nos meus estudos, conheço-lhe bem os fluxos, os tipos de partículas, as energias, etc. Com fluxos de radiação daquela ordem não se fazem milagres. Além do mais são fluxos de radiação a longo termo estatisticamente bastante constantes, portanto não vale a pena imaginar cenários de grandes flutuações, a não ser que nos expluda uma supernova no "quintal". Mas nesse caso, as consequências podem ser bem piores que o aquecimento global. Para além disso existem muitos modelos climáticos que já incluem a radiação cósmica, não é uma grande novidade, como os estudos realizados na Universidade de Louvain, por exemplo.
4- Tudo o que é aqui discutido, tal como nos artigos referidos pelo João Miranda trata-se de trabalho que obedece ao rigor do método científico. No método científico não cabem tretas como o criacionismo. O João Miranda não pode andar as segundas, quartas e sextas a falar de ciência, e com a mesma propriedade, às terças, quintas e sábados a falar de tretas como o criacionismo que não passam o crivo de qualquer método científico. Perde-se a credibilidade.
terça-feira, outubro 17, 2006
Insurgente: ignorância científica e aquecimento global
Como a questão ideológica de usar o aquecimento global como arma de arremesso política foi definitivamente perdida no plano científico - o gráfico acima publicado na Nature foi o xeque-mate à fraude científico-política que visava negar a relação entre aquecimento global e a concentração de gases de efeito de estufa - resta a fuga para a frente a retalho, para tentar pequenas vitórias que salvem a face da argolada política. Este texto do Insurgente é um exemplo dessas pequenas fugas para a frente que revelam bastante ignorância e uma teimosia no erro confrangedora. O texto revela bastante ignorância porque insinua que os "consensos científicos flutuam" baseado num artigo da revista Times de 1974 em que se alertava para uma nova idade do gelo relativamente ao facto do aquecimento global ser hoje um dado adquirido entre os climatologistas. Ora, não só a revista Times não é uma revista científica, como em 1974 não existia consenso científico sobre o clima no futuro. E não existia consenso porque era impossível haver consenso dado o número reduzido de trabalhos científicos efectuados até à altura. A produção científica na área da climatologia desde 1974 até aos dias de hoje foi multiplicada por mil, os orçamentos dedicados à investigação idem. Mesmo que tivesse existido um consenso científico em 1974, não se poderia falar em consenso flutuantes, porque a disparidade da significância estatística dos resultados é abismal, não se podem colocar ao mesmo nível de discussão resultados sobre a mesma coisa um com uma barra de erro de 100 e outro com uma barra de erro de 0,01. É aqui que o texto do Insurgente revela ignorância, é o mesmo que eu dizer que existe uma flutuação de consensos sobre a forma da Terra. Há três milénios atrás havia um consenso de que a Terra era plana (apesar dos cépticos apologistas da Terra em forma de carapaça da tartaruga) e hoje sabemos que é aproximadamente esférica. No século XV havia um consenso de que a Terra estava no centro do sistema solar e hoje o consenso é de que somos apenas o terceiro planeta a contar do Sol. O facto de em certas épocas em que o conhecimento era muito mais limitado do que hoje se tivessem optado por teorias erradas isso não quer dizer que existirão eternamente flutuações de consenso sobre os mesmos assuntos. Não voltarão a existir consensos que darão a Terra como plana, nem consensos que colocarão a Terra no centro do sistema solar, tal como não existirão consensos de um cenário de pequena idade do gelo numa época de alta concentração de dióxido de carbono.
Depois o texto insiste no erro, continua a referir o trabalho de Bjørn Lomborg (o ecologista céptico), que apesar de ser um trabalho sério incorreu em vários erros de palmatória prontamente denunciados nas revistas científicas internacionais mais relevantes. Lomborg não é climatologista, nunca publicou numa revista científica da especialidade, o que contribuiu para que nunca tenha admitido alguns dos erros do seu trabalho. O estudo de Lomborg de 2004 foi baseado nalguns dos seus erros, por isso não espanta que o resultado do seu trabalho estivesse também errado. Aos economistas citados cabia apenas fazer um estudo baseado nos dados de Lomborg, independentemente de estarem certos ou errados. Se se baseassem em dados sugeridos pela generalidade dos cientistas que ganharam prémios Nobel (os Nobel da NASA ou o europeu Georges Charpak por exemplo) o estudo seria completamente diferente e os resultados mais de acordo com a realidade. E a realidade científica o que diz é que cada dia que passa sem se tomarem iniciativas para travar o aquecimento global, implica um aumento de custos que não é proporcional no tempo, mas sim exponencial. Ou seja, cada dia sem fazer nada é uma derrota nessa batalha. Outra coisa básica que nos diz a ciência é que apesar de os custos associados a catástrofes ecológicas (inundações, fogos, períodos de seca, etc.) serem extremamente difíceis de prever quer em termos de perdas humanas quer em perdas económicas, sabemos que estes serão bem mais elevados comparativamente a qualquer custo actual de medidas de combate ao aquecimento global.
segunda-feira, outubro 16, 2006
Manhattan
O início de "Manhattan" de Woody Allen, é o meu início de filme preferido. As deliciosas divagações de Isaac Davis (Woody Allen) casam perfeitamente com a música de George Gershwin e com o conjunto de imagens que vão desfilando de uma Manhattan romântica do final dos anos 70. Um dos grandes trunfos do filme é ter conseguido transmitir esse ambiente romântico que um dia a cidade viveu, onde não eram apenas os arranha-céus que eram sublimes e grandiosos, as pessoas, a cultura nova-iorquina era também ela sublime, marcada por um fervilhar de descobertas e de inovações.
Descobri a cidade em 2002. Apreciei esses mesmos arranha-céus dos anos 20, os museus, a cultura, os transportes públicos e um modo de vida que de certa forma faz lembrar mais a Europa do que a generalidade das cidades americanas, balofas, onde os mega-parques de estacionamento e os giga-centros comerciais desertificam a paisagem urbana. No entanto, notei que havia uma certa las-veguização das animações culturais no centro da cidade, acompanhada de muito kitsch, muito franchising barato, muita loja dos trezentos, muito comércio manhoso que vive de uma caça ao dólar sem concessões. O ambiente romântico de "Manhattan" pareceu-me distante de tudo aquilo. Se calhar nunca existiu e nesse caso o filme seria uma visão edílica da cidade. No entanto, aqui ficam as deliciosas divagações de Isaac Davis, para ler em fundo de George Gershwin:
"Chapter One. He adored New York City. He idolized it all out of proportion - er, no, make that: he - he romanticized it all out of proportion. - Yes. - To him, no matter what the season was, this was still a town that existed in black and white and pulsated to the great tunes of George Gershwin. - Er, tsch, no, missed out something.
Chapter One. He was too romantic about Manhattan, as he was about everything else. He thrived on the hustle bustle of the crowds and the traffic. To him, New York meant beautiful women and street-smart guys who seemed to know all the ankles. - No, no, corny, too corny for a man of my taste. Can we ... can we try and make it more profound? -
Chapter One. He adored New York City. To him, it was a metaphor for the decay of contemporary culture. The same lack of individual integrity that caused so many people to take the easy way out was rapidly turning the town of his dreams in ... - no, that's a little bit too preachy. I mean, you know, let's face it, I want to sell some books here.
Chapter One. He adored New York City, although to him it was a metaphor for the decay of contemporary culture. How hard it was to exist in a society desensitized by drugs, loud music, television, crime, garbage ... - Too angry. I don't want to be angry.
Chapter One. He was as tough and romantic as the city he loved. Behind his black-rimmed glasses was the coiled sexual power of a jungle cat. - I love this. - New York was his town, and it always would be ..."
Descobri a cidade em 2002. Apreciei esses mesmos arranha-céus dos anos 20, os museus, a cultura, os transportes públicos e um modo de vida que de certa forma faz lembrar mais a Europa do que a generalidade das cidades americanas, balofas, onde os mega-parques de estacionamento e os giga-centros comerciais desertificam a paisagem urbana. No entanto, notei que havia uma certa las-veguização das animações culturais no centro da cidade, acompanhada de muito kitsch, muito franchising barato, muita loja dos trezentos, muito comércio manhoso que vive de uma caça ao dólar sem concessões. O ambiente romântico de "Manhattan" pareceu-me distante de tudo aquilo. Se calhar nunca existiu e nesse caso o filme seria uma visão edílica da cidade. No entanto, aqui ficam as deliciosas divagações de Isaac Davis, para ler em fundo de George Gershwin:
"Chapter One. He adored New York City. He idolized it all out of proportion - er, no, make that: he - he romanticized it all out of proportion. - Yes. - To him, no matter what the season was, this was still a town that existed in black and white and pulsated to the great tunes of George Gershwin. - Er, tsch, no, missed out something.
Chapter One. He was too romantic about Manhattan, as he was about everything else. He thrived on the hustle bustle of the crowds and the traffic. To him, New York meant beautiful women and street-smart guys who seemed to know all the ankles. - No, no, corny, too corny for a man of my taste. Can we ... can we try and make it more profound? -
Chapter One. He adored New York City. To him, it was a metaphor for the decay of contemporary culture. The same lack of individual integrity that caused so many people to take the easy way out was rapidly turning the town of his dreams in ... - no, that's a little bit too preachy. I mean, you know, let's face it, I want to sell some books here.
Chapter One. He adored New York City, although to him it was a metaphor for the decay of contemporary culture. How hard it was to exist in a society desensitized by drugs, loud music, television, crime, garbage ... - Too angry. I don't want to be angry.
Chapter One. He was as tough and romantic as the city he loved. Behind his black-rimmed glasses was the coiled sexual power of a jungle cat. - I love this. - New York was his town, and it always would be ..."
sexta-feira, outubro 13, 2006
L'Univers a-t-il besoin de Dieu?
Já está à venda (em Portugal poderá demorar mais uns dias) este precioso número especial da Ciel et Espace que faz uma revisão de questões científicas que abalam uma série de crenças religiosas.
quarta-feira, outubro 11, 2006
Orçamento finlandês ok, mas...
O anúncio de José Sócrates de cortes orçamentais em todos os ministérios, excepto no Ministério da Ciência cujo o orçamento aumenta mais de 60%, segue um modelo decalcado da estratégia seguida com sucesso pela Finlândia que fez emergir o país da maior recessão registada na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Há cerca de um ano, nesta entrada, sugeri que se analisasse e se apostasse em políticas semelhantes ao exemplo finlandês. No entanto, há algumas salvaguardas que é preciso ter em conta para que este tipo de orientação política tenha sucesso no caso particular que é Portugal:
1- Portugal é o país da Europa com o nível educacional mais baixo, e de longe mais baixo. Esta é uma grande diferença em relação à Finlândia. Temos os trabalhadores e os empresários com qualificações mais baixas, por isso é imperativo combater o abandono escolar e apostar na reciclagem e formação de trabalhadores e empresários. A Universidade (sem propinas) deveria ter um papel importante neste trabalho de reciclagem e de formação.
2- O modelo aplicado na Finlândia foi conduzido por uma instituição semelhante à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), mas com poderes mais amplos de coordenação e de monitorização que foram essenciais para o sucesso do modelo. A FCT está longe desse nível de versatilidade e de poder.
3- Se a investigação não interagir com a sociedade de pouco servirá aumentar o orçamento do ministério da ciência. As universidades e os centros de investigação deverão trabalhar em rede com empresas, instituições públicas (câmaras, hospitais, forças armadas, etc.) e empresas. Neste particular ainda temos muito trabalho a fazer.
4- A investigação fundamental deve ser protegida, visto ser uma área cujos frutos surgem em geral a longo prazo, muito para além do tempo de vida das empresas, incompatível com a generalidade dos objectivos empresariais, mais centrados sobre o curto e o médio prazo. Logo este é um domínio de investigação que deve ser financiado e regulado preferencialmente pelo estado.
5- É absolutamente necessário divulgar o trabalho de investigação. A divulgação científica serve não apenas para informar os cidadãos sobre o destino dos seus impostos, mas também para aumentar a sua qualidade de vida, informando os mesmos sobre o que consomem, sobre fraudes pseudo-científicas, sobre o alcance da tecnologia e sobre as portas que se vão abrindo à exploração de novas áreas do conhecimento.
1- Portugal é o país da Europa com o nível educacional mais baixo, e de longe mais baixo. Esta é uma grande diferença em relação à Finlândia. Temos os trabalhadores e os empresários com qualificações mais baixas, por isso é imperativo combater o abandono escolar e apostar na reciclagem e formação de trabalhadores e empresários. A Universidade (sem propinas) deveria ter um papel importante neste trabalho de reciclagem e de formação.
2- O modelo aplicado na Finlândia foi conduzido por uma instituição semelhante à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), mas com poderes mais amplos de coordenação e de monitorização que foram essenciais para o sucesso do modelo. A FCT está longe desse nível de versatilidade e de poder.
3- Se a investigação não interagir com a sociedade de pouco servirá aumentar o orçamento do ministério da ciência. As universidades e os centros de investigação deverão trabalhar em rede com empresas, instituições públicas (câmaras, hospitais, forças armadas, etc.) e empresas. Neste particular ainda temos muito trabalho a fazer.
4- A investigação fundamental deve ser protegida, visto ser uma área cujos frutos surgem em geral a longo prazo, muito para além do tempo de vida das empresas, incompatível com a generalidade dos objectivos empresariais, mais centrados sobre o curto e o médio prazo. Logo este é um domínio de investigação que deve ser financiado e regulado preferencialmente pelo estado.
5- É absolutamente necessário divulgar o trabalho de investigação. A divulgação científica serve não apenas para informar os cidadãos sobre o destino dos seus impostos, mas também para aumentar a sua qualidade de vida, informando os mesmos sobre o que consomem, sobre fraudes pseudo-científicas, sobre o alcance da tecnologia e sobre as portas que se vão abrindo à exploração de novas áreas do conhecimento.
segunda-feira, outubro 09, 2006
Em nome do proletariado! Caaabuuuuum!!!!
Eis o registo do "singelo" sismo de 4,2 na escala de Richter após o ensaio nuclear realizado esta manhã pelo regime da Coreia do Norte. Porque é que se realiza uma experiência burguesa num país onde se morre à fome? Será em nome do proletariado, dos camponeses, dos operários ou da revolução? Ou será para excitar Kim Jong-Il nos seus momentos mais íntimos? Fica a dúvida. O que é certo é que as réplicas deste sismo artificial estenderam-se até às Filipinas!
Este foi o primeiro teste de armas nucleares realizado no mundo desde 1996, depois da série de testes efectuados pela França no Pacífico, após a eleição de Chirac.
Este foi o primeiro teste de armas nucleares realizado no mundo desde 1996, depois da série de testes efectuados pela França no Pacífico, após a eleição de Chirac.
34 dados na próxima viagem aos EUA
O diário El Pais publicou a nova lista de 34 dados que todos os cidadãos da UE deverão transmitir aos EUA sempre que se desloquem àquele país de avião:
- Código de identificación de la Relación de Nombres de Pasajeros (PNR)
- Fecha de reserva
- Fecha(s) prevista(s) del viaje
- Nombre del pasajero
- Otros nombres que figuran en la PNR
- Dirección
- Modalidades de pago*
- Dirección de facturación
- Teléfonos de contacto
- Itinerario completo del viaje
- Información sobre viajeros frecuentes (número de millas recorridas y dirección o direcciones)
- Agencia de viajes
- Agente de viajes
- Información sobre los códigos utilizados
- Información sobre la PNR escindida o dividida
- Dirección electrónica
- Información sobre la emisión de billetes
- Observaciones generales
- Número de billete
- Número de asiento
- Fecha de emisión del billete- Pasajero del que no se dispone de información
- Números de etiquetado de las maletas
- Pasajero de último momento sin reserva
- Información sobre la fuente
- Historial de los cambios aportados a la PNR
- Número de viajeros en la PNR
- Información sobre el asiento
- Billete de ida y vuelta o de ida sólo
*Se possuirem um cartão de crédito VISA poderão facilitar ainda mais a vida às autoridades americanas. O cartão American Express é o mais eficiente, é uma espécie de ligação directa a "Deus".
- Código de identificación de la Relación de Nombres de Pasajeros (PNR)
- Fecha de reserva
- Fecha(s) prevista(s) del viaje
- Nombre del pasajero
- Otros nombres que figuran en la PNR
- Dirección
- Modalidades de pago*
- Dirección de facturación
- Teléfonos de contacto
- Itinerario completo del viaje
- Información sobre viajeros frecuentes (número de millas recorridas y dirección o direcciones)
- Agencia de viajes
- Agente de viajes
- Información sobre los códigos utilizados
- Información sobre la PNR escindida o dividida
- Dirección electrónica
- Información sobre la emisión de billetes
- Observaciones generales
- Número de billete
- Número de asiento
- Fecha de emisión del billete- Pasajero del que no se dispone de información
- Números de etiquetado de las maletas
- Pasajero de último momento sin reserva
- Información sobre la fuente
- Historial de los cambios aportados a la PNR
- Número de viajeros en la PNR
- Información sobre el asiento
- Billete de ida y vuelta o de ida sólo
*Se possuirem um cartão de crédito VISA poderão facilitar ainda mais a vida às autoridades americanas. O cartão American Express é o mais eficiente, é uma espécie de ligação directa a "Deus".
sábado, outubro 07, 2006
Courrier International especial aquecimento global
A não perder esta edição especial da Courrier International sobre o aquecimento global, provavelmente apenas disponível em francês.
Esta edição está bem estruturada em secções que cobrem todas as vertentes do problema:
- Alertas: degelos do Árctico, Antárctico, Gronelândia, Islândia, etc.
- Cenários: decomposição da tundra, refugiados climáticos, deserto Sara verde, etc.
- Controvérsias: corrente do Golfo, mentiras da Exxon, furacões tropicais, etc.
- Antes e Depois: fotografias impressionantes que mostram a degradação dos glaciares
- Soluções: energia eólica, nuclear, combustíveis alternativos, teoria dos triângulos, etc.
- Políticas
- Personalidades
- Bibliografia
Esta edição está bem estruturada em secções que cobrem todas as vertentes do problema:
- Alertas: degelos do Árctico, Antárctico, Gronelândia, Islândia, etc.
- Cenários: decomposição da tundra, refugiados climáticos, deserto Sara verde, etc.
- Controvérsias: corrente do Golfo, mentiras da Exxon, furacões tropicais, etc.
- Antes e Depois: fotografias impressionantes que mostram a degradação dos glaciares
- Soluções: energia eólica, nuclear, combustíveis alternativos, teoria dos triângulos, etc.
- Políticas
- Personalidades
- Bibliografia
sexta-feira, outubro 06, 2006
Chulice no registo automóvel
Fui alterar a morada do livrete - que agora passa ao mais prático Documento Único Automóvel - ao Gabinete de Registo Automóvel, quando sou informado que devo pagar a módica quantia de 38 €!!! Para cúmulo estes 38 € pagam um serviço que comporta um mês de espera para receber o documento!
Obviamente que vou reclamar desta verdadeira chulice, mesmo que não dê em nada, só para chatear os burocratas responsáveis por estes delírios. É assim que se premeia a mobilidade e o dinamismo? Estes 38 €, somados a outras tantas burocracias imbecis que pesam sobre as pessoas mais dinâmicas deste país, só servem para premiar o imobilismo social e a carreira linear de alguns burocratas autistas.
Obviamente que vou reclamar desta verdadeira chulice, mesmo que não dê em nada, só para chatear os burocratas responsáveis por estes delírios. É assim que se premeia a mobilidade e o dinamismo? Estes 38 €, somados a outras tantas burocracias imbecis que pesam sobre as pessoas mais dinâmicas deste país, só servem para premiar o imobilismo social e a carreira linear de alguns burocratas autistas.
Obrigado Senador Jorge Costa!
Mais conhecido por Bicho ou Capitão, para mim ele é e será sempre o Senador do FC Porto. Apesar de a palavra senador ter sido utilizada depreciativamente em relação a Jorge Costa por Del Neri, é na minha opinião a mais adequada para definir a grandeza do Jorge. Arrumou as botas. Um grande obrigado pelos momentos mágicos que proporcionaste a este fiel adepto.
quinta-feira, outubro 05, 2006
Rentrée literária francesa na TV5
Hoje às 22.22 na TV5, a não perder o programa "Esprits Libres" onde continuará a apresentação das principais obras da rentré literária francesa.
Animação da aterragem da sonda Huygens
O filme da descida da sonda Huygens até à superfície de Titã pode ser descarregado aqui. O mesmo filme em cd-rom é oferecido na edição deste mês da revista Ciel et Espace.
quarta-feira, outubro 04, 2006
Contribuição para o Cinco Dias
A minha humilde contribuição para o blogue Cinco Dias: "Ideologia neo-conservadora contra a ciência".
terça-feira, outubro 03, 2006
Nobel da Física
John C. Mather e George F. Smoot eram os investigadores responsáveis dos instrumentos do satélite COBE que permitiram importantíssimas descobertas no campo da cosmologia:
"This year the Physics Prize is awarded for work that looks back into the infancy of the Universe and attempts to gain some understanding of the origin of galaxies and stars. It is based on measurements made with the help of the COBE satellite launched by NASA in 1989.
The COBE results provided increased support for the Big Bang scenario for the origin of the Universe, as this is the only scenario that predicts the kind of cosmic microwave background radiation measured by COBE.".
Ler mais aqui.
"This year the Physics Prize is awarded for work that looks back into the infancy of the Universe and attempts to gain some understanding of the origin of galaxies and stars. It is based on measurements made with the help of the COBE satellite launched by NASA in 1989.
The COBE results provided increased support for the Big Bang scenario for the origin of the Universe, as this is the only scenario that predicts the kind of cosmic microwave background radiation measured by COBE.".
Ler mais aqui.
Ler "O Neo-liberalismo" no Esquerda Republicana
Em Portugal existe uma confusão infernal sobre o que são liberais, o liberalismo e o neo-liberalismo, isto tanto à esquerda como à direita. A confusão é tanta que parte da esquerda acabou a defender o Não ao Tratado Constitucional, invocando o não a um "neo-liberalismo" europeu, lado a lado com os maiores "neo-liberais" da nossa praça...
Esta excelente entrada do Filipe Castro no Esquerda Republicana ajuda a esclarecer o assunto.
Esta excelente entrada do Filipe Castro no Esquerda Republicana ajuda a esclarecer o assunto.
segunda-feira, outubro 02, 2006
domingo, outubro 01, 2006
Armas de destruição em massa: Big King XXL
866 kcal
13% do peso em gordura
3 % do peso em açúcar
Menu Monster:
Big King XXL +
Coca-cola XXL +
Batatas fritas XXL
= 1648 kcal
Necessidades diárias:
homem - 2200 kcal
mulher - 1800 kcal
Armas de destruição em massa: Fanta
13% do peso em gordura
3 % do peso em açúcar
Menu Monster:
Big King XXL +
Coca-cola XXL +
Batatas fritas XXL
= 1648 kcal
Necessidades diárias:
homem - 2200 kcal
mulher - 1800 kcal
Armas de destruição em massa: Fanta
sexta-feira, setembro 29, 2006
American Vertigo: Fukuyama contra guerra do Iraque
Em American Vertigo, Bernard-Henri Lévy (BHL) interpela Francis Fukuyama sobre a intervenção americana no Iraque - questão sobre a qual o Fukuyama se pronunciou negativamente - obtendo o seguinte comentário:
"Ces gens sont curieux, m'explique-t-il en substance. Ils ont passé leur existence à plaider contre le fait de donner des pouvoirs exorbitants à'Etat. Ils nous ont mis en garde contre la naïveté des spécialistes du social engineering prétendant éradiquer, d'un coup de baguette politique, la misère américaine. Et voilà qu'ils perdent toute mesure dès lors qu'il est question d'aller extirper cette misère, ainsi que les racines du despotisme, à six mille kilomètres de chez eux.
(...) Le problème des néoconservateurs ce n'est pas comment croient les Européens, leur immoralisme et leur cynisme. C'est l'excès, au contraire, de la morale. C'est la victoire de la mystique sur la politique."
"American Vertigo", Bernard-Henry Lévy, Grasset, 2006, pag. 323-325.
Da leitura de "American Vertigo", da opinião de diversos intelectuais da direita americana e da comparação com a realidade nacional, fica-se com a certeza que Portugal existem algumas das opiniões mais radicais e mais fanáticas na defesa da Administração Bush. Pelo prisma nacional até um direitista duro com Fukuyama passaria por perigoso anti-americano. Perante o espectro da direita abordada por BHL, as opiniões da direita portuguesa andam muito mais próximas de radicais como Huntington. A entrevista de BHL a Huntington será aqui abordada proximamente.
"Ces gens sont curieux, m'explique-t-il en substance. Ils ont passé leur existence à plaider contre le fait de donner des pouvoirs exorbitants à'Etat. Ils nous ont mis en garde contre la naïveté des spécialistes du social engineering prétendant éradiquer, d'un coup de baguette politique, la misère américaine. Et voilà qu'ils perdent toute mesure dès lors qu'il est question d'aller extirper cette misère, ainsi que les racines du despotisme, à six mille kilomètres de chez eux.
(...) Le problème des néoconservateurs ce n'est pas comment croient les Européens, leur immoralisme et leur cynisme. C'est l'excès, au contraire, de la morale. C'est la victoire de la mystique sur la politique."
"American Vertigo", Bernard-Henry Lévy, Grasset, 2006, pag. 323-325.
Da leitura de "American Vertigo", da opinião de diversos intelectuais da direita americana e da comparação com a realidade nacional, fica-se com a certeza que Portugal existem algumas das opiniões mais radicais e mais fanáticas na defesa da Administração Bush. Pelo prisma nacional até um direitista duro com Fukuyama passaria por perigoso anti-americano. Perante o espectro da direita abordada por BHL, as opiniões da direita portuguesa andam muito mais próximas de radicais como Huntington. A entrevista de BHL a Huntington será aqui abordada proximamente.
Selecção? Desliguei
Já não há pachorra para isto. A minha opinião é que um macaco a treinar a selecção portuguesa teria uma grande probabilidade de ter o mesmo sucesso que Scolari. A partir de agora desliguei.
Conselho para Quaresma: naturaliza-te espanhol, romeno ou qualquer coisa, eu apoio-te!
Conselho para Quaresma: naturaliza-te espanhol, romeno ou qualquer coisa, eu apoio-te!
ESA para professores
Para professores de áreas científicas a ESA oferece uma série de serviços úteis para o início do ano lectivo: software, materiais, formação, viagens aois centros ESA, etc. Clicar aqui.
quinta-feira, setembro 28, 2006
Porque gosto de Colombo
Moja laska, já te tinha tentado explicar (sem sucesso) porque gosto da série Colombo. Para além da gabardina encardida e do Peugeot, uma das razões é explicada por um elemento da tua tribo:
"Le succès de Colombo témoigne ainsi du fait que le véritable motif d'intérêt d'une oeuvre policière tient au processus de déchiffrement lui-même et non à sa résolution (la révélation finale triomphante: "Et l'assassin est..." est complètement absente ici puisque nous le savons dès le début)."
Slavoj Žižek, "La subjectivité à venir", Flammarion, 2006, pag. 24
Resulta do prazer da exploração e da descoberta que nos acompanha desde dos tempos em que éramos macacos (mas macacos com charme, claro) e saltámos da floresta para a savana. Nesses tempos éramos mais ou menos da mesma tribo.
"Le succès de Colombo témoigne ainsi du fait que le véritable motif d'intérêt d'une oeuvre policière tient au processus de déchiffrement lui-même et non à sa résolution (la révélation finale triomphante: "Et l'assassin est..." est complètement absente ici puisque nous le savons dès le début)."
Slavoj Žižek, "La subjectivité à venir", Flammarion, 2006, pag. 24
Resulta do prazer da exploração e da descoberta que nos acompanha desde dos tempos em que éramos macacos (mas macacos com charme, claro) e saltámos da floresta para a savana. Nesses tempos éramos mais ou menos da mesma tribo.
segunda-feira, setembro 25, 2006
"Bubble" ou retratos do trabalho nos EUA
Bastam 73 minutos de filme para dar um retrato exacto do mundo laboral dos EUA no seu nível médio e médio baixo. É esse o grande mérito de "Bubble" do americano Steven Soderbergh. Está lá tudo: o mundo do duplo emprego; a ausência de vida familiar; a precariedade social; a organização da vida íntima e afectiva em função do trabalho e não o contrário; a obsessão de produtividade de produtos banais, rascas e foleiros, bem mais supérfluos que champanhe ou uma pulseira de tornozelo; as roulottes como dormitório de conveniência; a fast-food e a TV como recompensas maiores após uma jornada de trabalho; a ausência de cultura e de horizontes intelectuais; o exercício intelectual reduzido ao cálculo das economias para comprar o próximo electrodoméstico ou o próximo carro em segunda mão.
"Bubble" apresenta tudo isto e muito mais, economizando em diálogos. "Bubble" é filme em que o silêncio tem a língua solta. A narrativa, simples mas complexa nos detalhes chave, funciona como elegante espinha dorsal deste filmo-erectus da Dogme 95, sem dúvida num estado evolutivo superior ao do típico Hollywoodopitecus.
Os retratos do trabalho no Abrupto
Os retratos do trabalho exibidos até hoje no Abrupto, e que com certeza JPP continuará a publicar no seu blogue, são de certa forma o lado cor-de-rosa dos retratos de Soderbergh. Chamo-lhes retratos cor-de-rosa porque apelam ao imaginário do trabalhador-modelo visto pelo prisma liberal dos neo-conservadores. Através desses retratos, desses instantes, que apesar de representarem gestos repetitivos, não deixam de ser instantes, podemos contemplar um trabalhador em poses simples mas dignas, em poses humildes mas dignas, um trabalhador sujo mas digno, um trabalhador suado mas digno, ali não há lugar para palhaçadas sindicalistas ou artistas plásticos (que não são considerados trabalhadores nesse imaginário), nada de cow parades que um verdadeiro trabalhador é um homem sério e só se diverte em dia de casamento dos filhos ou dos netos. É curiosa a semelhança com o trabalhador-modelo soviético. Todos estes retratos do Abrupto servem para projectar a imagem de uma sociedade que só vive bem quando tolera a exploração e a precariedade. É esta mesma entrada do Abrupto que o denuncia, sobre aqueles coreanos do Starbucks que pelo menos ganham dinheiro "certamente pouco, mas algum", tal como os personagens de "Bubble", certamente pouco, mas algum. ..
No meio neo-conservador o fantasma do trabalhador-modelo explorado, mas digno e obviamente feliz, serve de consolo moral para que se possa beber tranquilamente um whisky de manhã e outro pela tarde no aconchego de um gabinete onde não cheira a suor e onde não entram botas cagadas de lama. Nalguns desses gabinetes até existem umas miniaturas de vacas das cow parades que um amigo trouxe de Londres ou de Varsóvia, mas ali não se corre perigo algum, ali está-se ao abrigo da ira do desempregado de Pevidém.
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