segunda-feira, outubro 16, 2006

Manhattan

O início de "Manhattan" de Woody Allen, é o meu início de filme preferido. As deliciosas divagações de Isaac Davis (Woody Allen) casam perfeitamente com a música de George Gershwin e com o conjunto de imagens que vão desfilando de uma Manhattan romântica do final dos anos 70. Um dos grandes trunfos do filme é ter conseguido transmitir esse ambiente romântico que um dia a cidade viveu, onde não eram apenas os arranha-céus que eram sublimes e grandiosos, as pessoas, a cultura nova-iorquina era também ela sublime, marcada por um fervilhar de descobertas e de inovações.

Descobri a cidade em 2002. Apreciei esses mesmos arranha-céus dos anos 20, os museus, a cultura, os transportes públicos e um modo de vida que de certa forma faz lembrar mais a Europa do que a generalidade das cidades americanas, balofas, onde os mega-parques de estacionamento e os giga-centros comerciais desertificam a paisagem urbana. No entanto, notei que havia uma certa las-veguização das animações culturais no centro da cidade, acompanhada de muito kitsch, muito franchising barato, muita loja dos trezentos, muito comércio manhoso que vive de uma caça ao dólar sem concessões. O ambiente romântico de "Manhattan" pareceu-me distante de tudo aquilo. Se calhar nunca existiu e nesse caso o filme seria uma visão edílica da cidade. No entanto, aqui ficam as deliciosas divagações de Isaac Davis, para ler em fundo de George Gershwin:

"Chapter One. He adored New York City. He idolized it all out of proportion - er, no, make that: he - he romanticized it all out of proportion. - Yes. - To him, no matter what the season was, this was still a town that existed in black and white and pulsated to the great tunes of George Gershwin. - Er, tsch, no, missed out something.

Chapter One. He was too romantic about Manhattan, as he was about everything else. He thrived on the hustle bustle of the crowds and the traffic. To him, New York meant beautiful women and street-smart guys who seemed to know all the ankles. - No, no, corny, too corny for a man of my taste. Can we ... can we try and make it more profound? -

Chapter One. He adored New York City. To him, it was a metaphor for the decay of contemporary culture. The same lack of individual integrity that caused so many people to take the easy way out was rapidly turning the town of his dreams in ... - no, that's a little bit too preachy. I mean, you know, let's face it, I want to sell some books here.

Chapter One. He adored New York City, although to him it was a metaphor for the decay of contemporary culture. How hard it was to exist in a society desensitized by drugs, loud music, television, crime, garbage ... - Too angry. I don't want to be angry.

Chapter One. He was as tough and romantic as the city he loved. Behind his black-rimmed glasses was the coiled sexual power of a jungle cat. - I love this. - New York was his town, and it always would be ...
"

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