Publicado pela Odile Jacob com o título "Pourquoi les intellectuels n’aiment pas le libéralisme", título muito mais de acordo com o conteúdo da obra, foi traduzido para português como "Os Intelectuais e o Liberalismo". Esta obra de Raymond Boudon propõe-se acima de tudo explicar a falta de popularidade das ideias liberais junto dos intelectuais. Na minha opinião, o livro não cumpre esse objectivo. Perde-se em explicações intrincadas que revelam acima de tudo uma óbvia aversão de Boudon às ciências sociais. O autor revela também lacunas graves quando ataca os estudos realizados na área da psicologia, ao referir-se a Freud como se de um charlatão se tratasse, referindo-se aos seus trabalhos como investigação duvidosa. Dadas as excelentes relações entre Freud e Einstein, a dada altura da minha leitura temi que Boudon classificasse a teoria da relatividade de Einstein como igualmente duvidosa. Um autor que envereda por estes caminhos não poderia dar descanso aos seus ódios de estimação, como é o caso do paupérrimo e gratuito ataque ao escritor Michel Houlebecq.
Em relação à opção do autor de dividir o campo das ideias entre liberais e iliberais é meio caminho andado para a obra perder boa dose de credibilidade.
Mas, "Os Intelectuais e o Liberalismo" também tem os seus pontos positivos. A obra ajuda a perceber com clareza as várias tendências - de esquerda e de direita - e os vários níveis de liberalismo, que tanta confusão geram tanto na direita como na esquerda deste nosso país. Pode ter uma função pedagógica para os liberais de direita, para impedir a mistura com menos frequência de ideias e de conceitos claramente conservadores com os conceitos liberais. Para a esquerda a obra também pode ser útil, dado que ajudará a compreender porque é que aqueles que defendem as formas mais desumanizadas de liberalismo são contra o Tratado Constitucional da UE e a Declaração de Bolonha. Pode-se ser contra estes documentos por muitas razões, mas nunca porque serem “neo-liberais”. Os “neo-liberais”, esses, estarão do mesmo lado da barricada da esquerda que fizer oposição ao Tratado Constitucional ou a Bolonha.
Em relação à opção do autor de dividir o campo das ideias entre liberais e iliberais é meio caminho andado para a obra perder boa dose de credibilidade.
Mas, "Os Intelectuais e o Liberalismo" também tem os seus pontos positivos. A obra ajuda a perceber com clareza as várias tendências - de esquerda e de direita - e os vários níveis de liberalismo, que tanta confusão geram tanto na direita como na esquerda deste nosso país. Pode ter uma função pedagógica para os liberais de direita, para impedir a mistura com menos frequência de ideias e de conceitos claramente conservadores com os conceitos liberais. Para a esquerda a obra também pode ser útil, dado que ajudará a compreender porque é que aqueles que defendem as formas mais desumanizadas de liberalismo são contra o Tratado Constitucional da UE e a Declaração de Bolonha. Pode-se ser contra estes documentos por muitas razões, mas nunca porque serem “neo-liberais”. Os “neo-liberais”, esses, estarão do mesmo lado da barricada da esquerda que fizer oposição ao Tratado Constitucional ou a Bolonha.
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