sexta-feira, julho 25, 2003

O TPI e o anti-americanismo nos países de Leste

Ao contrário da ideia que alguns políticos tentam passar por cá o anti-americanismo nos países do Leste da Europa (a «Nova Europa») existe e é significativo. São manobras como as do passado dia 2 de Julho que fazem com que a desconfiança das populações destes países aumente em relação à real boa vontade dos EUA. Após semanas de pressão de diplomática, no referido dia, o Congresso decidiu cortar a ajuda militar a todos os países de Leste que estão em fase de adesão à NATO : Eslováquia, Estónia, Lituânia, Bulgária, Letónia e Eslovénia.

O motivo da decisão resulta da recusa dos países de Leste, que assinaram os acordos estabelecidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), de assinarem também um acordo bilateral com os EUA de modo a proteger os cidadãos americanos que eventualmente fossem alvo de acusações desta instituição.

Por exemplo à Eslováquia o Congresso americano decidiu efectuar um corte de 9,95 milhões de dólares pela falta de obediência às disposições americanas. Relembro que a Eslováquia que foi um dos poucos países que enviou forças militares especiais de apoio (técnicos e engenheiros) à recente intervenção americana no Iraque. Os favores dos aliados pagam-se assim…

Estas medidas provocaram reacções de desagrado da classe política. As metodologias dos novos aliados assemelham-se assustadoramente às dos velhos « amigos » soviéticos. Esta é a razão principal pela qual tem havido um crescendo de desconfiança no leste em relação aos EUA. Depois do autoritarismo soviético estes povos encaram com maior reserva pressões vindas da parte de países mais poderosos. O primeiro bombardeamento da Jugoslávia pelos EUA foi a intervenção mais violenta de um país exterior à região nestes países desde a Segunda Guerra Mundial. Por boas ou por más razões esta intervenção foi vista com muita desconfiança nestes países. Depois do 11 de Setembro nos meios de comunicação e na opinião pública surgiram frequentemente versões de objectivos oportunistas da estratégia dos EUA no Afeganistão e no mundo. Como aconteceu em todo o planeta, depois da intervenção no Iraque o anti-americanismo voltou a crescer. Num dos jornais de maior tiragem da Eslováquia, o SME, o artigo sobre da decisão do corte da ajuda americana foi dos mais comentados de sempre (167 comentários), sendo a maior parte destes comentários insultos e expressões de revolta contra os EUA.

Conheço cidadãos Checos e Eslovacos que sofreram bastante com o comunismo, dos tais que eram apelidados de «burgueses». Curiosamente também eles mostram um sentimento anti-americano. Da parte deles recebo dezenas de emails com as gaffes dos noticiários de cadeias americanas de televisão como a CNN onde mapas da Europa mostram os territórios da Rep. Checa, da Eslováquia e da Hungria frequentemente integrados nos territórios Austríaco, Alemão ou até Suíço !



Numa das minhas saídas em Bratislava de máquina fotográfica em riste à caça das marcas do que resta da «arquitectura socialista» deparei com um mural na ponte principal da cidade onde eu lia : NATO = VARSOVIA (ver lado direito da fotografia). Nato igual ao Pacto de Varsóvia, pensei eu. Achei piada e tirei o «passarinho». Afinal não era. Três letras ligeiramente apagadas fintaram-me a lógica da leitura da palavra Varsóvia. Na verdade Varsóvia escreve-se Varšava em eslovaco. Afinal era : NATO = VRAHOVIA. O que em eslovaco significa NATO = assassinos…


Os sentimentos «anti-nação-tal» estão infelizmente demasiadamente presentes na blogosfera portuguesa. Abordarei brevemente exemplos de verdadeiro anti-americanismo primário e de anti-Europeísmo (que na sua versão mais selvagem é anti-francês).

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