sexta-feira, abril 29, 2011

J.M. Pureza presta contas na Figueira



Hoje pelas 21:30 no Hotel Ibis na Rua da Liberdade, sob o lema "Eles
Roubam Tu Pagas", terá lugar mais um debate da série "O Deputado
Presta Contas", com a presença de José Manuel Pureza, deputado do BE
eleito pelo distrito de Coimbra.

Avenida dos Aliados: tiro no submarino

Rendo-me, o Falcão é um avançado extraordinário. De cabeça está quase ao nível do Romário. Tem faro de Pippo Inzaghi e pilhas duracell.
Com esta equipa, em Dublin é para ganhar sem sombra de dúvidas, sem desculpas de arbitragens e de lesões.

quarta-feira, abril 27, 2011

sábado, abril 23, 2011

Gonçalves Pereira deveria demitir-se



Os autores e os participantes desta reportagem do programa Biosfera, em que se previu com uma exactidão quase assustadora a catástrofe ocorrida na Madeira em 2010, invocam elementos técnicos muito precisos e identificam claramente os crimes e os abusos arquitectónicos na origem da destruição de habitação e de zonas urbanas, sem recorrer a São Pedro.

O procurador da República na Madeira, Gonçalves Pereira, justificou o arquivamento do processo do temporal da Madeira referindo que «nem a justiça portuguesa nem qualquer outra justiça no mundo têm jurisdição sobre São Pedro». Ou o Procurador é uma pessoa intelectualmente limitada ao ponto de não perceber as questões técnicas apontadas na reportagem do Programa Biosfera ou, por alguma razão que por enquanto desconhecemos, está mal-intencionado. Por uma ou por outra razão deveria demitir-se, este homem não está a defender a causa pública.

quarta-feira, abril 20, 2011

O FMI não se transmite por via oral

Que o PCP não reúna com o FMI, parece-me lógico. O PCP vive numa esquizofrenia permanente em que se confunde a contaminação ideológica no debate político (por exemplo, o slogan "esquerda patriótica" é bem capaz de ter vírus de direita) com uma efectiva contaminação física e material. Só isto explica que em diversas manifestações não poucos militantes do PCP adoptem mímicas próprias de quem foge de doentes altamente contagiosos quando se cruzam com aderentes do BE. Se não o tivesse visto com os meus próprios olhos não acreditava. É infantil e é uma espécie de McCartismo revisitado: convives com um traidor, logo és traidor. Versão FMI: estiveste fechado numa sala com traidores, logo és traidor.

Já li e ouvi as justificações de recusa da reunião com o FMI da parte de Louçã e do BE. Acrescento apenas um elemento para reflexão: sabe-se que há técnicos do FMI a defender a reestruturação da dívida em off. Não é esta uma das soluções preconizadas pelo BE? Concordo com os argumentos utilizados na justificação, mas não vejo como podem justificar a recusa em reunir. Resta o factor simbólico do contacto físico, ou seja a higiene política levada ao extremo, à PCP. Não gosto e faço votos para que não se volte a repetir.

terça-feira, abril 19, 2011

Técnicos do FMI defendem restruturação da dívida



Neste artigo da revista Economist em que se defende a reestruturação da dívida para Portugal, Grécia e Irlanda, afirma-se muito claramente que essa opção é já defendida informalmente por técnicos do FMI ("Some privately acknowledge that debt restructuring is ultimately inevitable"). O artigo é também muito crítico em relação às intervenções que estão em curso na Irlanda e na Grécia, aliás o gráfico dos títulos de dívida é muito eloquente em relação ao alcance dessa medidas.

A solução ideal seria uma solução europeísta, com emissão de títulos europeus, como defende Paul Krugman, maior integração/solidariedade na política da zona euro, combate comum das irracionalidades e crimes dos mercados financeiros, eleição directa pelos cidadãos do Presidente do Conselho e da Alta-Representante para os Negócios Estrangeiros, bem como a aprovação de tratados em referendos pan-europeus e não nacionais (cuja probabilidade de vitória de um SIM é residual). Mas o cenário actual é bem diferente é o cenário de uma UE soberanista dominada pelos desejos de protagonismo de Sarkozy e Cameron e pelo nacionalismo da CDU alemã, que resultou de construirmos europa a menos e não europa a mais. Neste cenário a reestruturação da dívida é uma solução em que não se compactua com a ditadura estabelecida pela oligarquia financeira e talvez tenha a virtude de relembrar aos nacionalistas e soberanistas (em que incluo as duas CDU's, a portuguesa e a alemã) que isto está tudo ligado e que o mal de uns pode ser também o mal dos outros.

domingo, abril 17, 2011

Gagarine, 50 anos depois

(publicado no portal Esquerda.net)

A 12 de Abril de 1961, de seu nome de código “Cedro”, um jovem russo de 27 anos e 1,59m, Yuri Gagarine, é lançado num míssil intercontinental a bordo da cápsula Vostok para um voo de 108 minutos à volta da Terra que atingiu o seu apogeu a 370 km de altitude. Depois de entrar na atmosfera Gagarine accionou o acento ejectável e posou com algumas dificuldades perto de Saratov. Gagarine tornou-se imediatamente o mais popular herói da URSS, um herói em quem se revia o cidadão comum, na sua simplicidade, simpatia e nas suas origens modestas: mãe camponesa e pai carpinteiro. O regime soviético classificou a proeza como a prova da competitividade do socialismo

Entre 3.000 candidatos, Yuri Gagarine integrou o grupo de 20 seleccionados que passou por um intenso programa de treinos e de testes na Cidade das Estrelas. Apenas 4 dias antes do lançamento foi escolhido o cosmonauta que embarcaria na Vostok e o seu suplente: Gherman Titov. Todos os preparativos desta missão foram guardados em segredo. Se algo corresse mal durante o voo de Gagarine nada seria divulgado e este desapareceria no anonimato. O mérito do feito de Gagarine é reforçado quando se considera que a taxa de sucesso de lançamentos de cápsulas espaciais era na altura cerca de 54%, facto que o Cedro desconhecia. Mas seria curiosamente num acidente ocorrido durante um voo de treino quando tripulava um MIG-15 que Yuri Gagarine encontraria a morte, a 27 de Maio de 1968, uma semana antes do assassinato de Martin Luther King e cerca de dois meses antes do assassinato de Robert Kennedy.

Desde a morte de Gagarine até ao presente, os voos espaciais tripulados tiveram o seu auge durante o programa Apollo. No entanto, o espaço internacionalizou-se e hoje em dia astronautas americanos, europeus e cosmonautas russos partilham o reduzido espaço da Estação Espacial Internacional, dedicando-se à investigação em ambiente de micro-gravidade e ao estudo dos voos espaciais de longa duração, que se poderão estender de algumas semanas a cerca de um ano. Para lá dos feitos associados à conquista do espaço, da investigação associada aos voos espaciais tripulados resultaram tecnologias que melhoraram a vida do cidadão comum cá em baixo na Terra: fatos de bombeiro anti-fogo, aparelhos de hemodiálise portáteis, o GPS, electrodomésticos sem fios, conservação prolongada de alimentos e progressos assinaláveis nas áreas da fisiologia e da psicologia, alguns deles recentemente colocados em prática durante as operações de resgate dos mineiros chilenos.

sexta-feira, abril 15, 2011

Senado dos EUA culpa agências de notação

Ler aqui.
Finalmente começa-se a abrir os olhos, embora no Senado norte-americano tenha havido muita complacência no passado com o absolutismo do mercado, sobretudo durante a crise bancária do final dos anos 80 com custos altíssimos para o contribuinte americano.

O cartoon da semana



Alex, Via Cartoons

quinta-feira, abril 14, 2011

A especulação é muito ideológica

Este editorial de Robert Fishman no New York Times faz uma análise muito certeira sobre o papel da especulação e da ideologia dos mercados na crise portuguesa. Serve também de aviso para as restantes democracias e começa assim:

"PORTUGAL’S plea for help with its debts from the International Monetary Fund and the European Union last week should be a warning to democracies everywhere.
The crisis that began with the bailouts of Greece and Ireland last year has taken an ugly turn. However, this third national request for a bailout is not really about debt. Portugal had strong economic performance in the 1990s and was managing its recovery from the global recession better than several other countries in Europe, but it has come under unfair and arbitrary pressure from bond traders, speculators and credit rating analysts who, for short-sighted or ideological reasons, have now managed to drive out one democratically elected administration and potentially tie the hands of the next one."
Ler mais aqui

quarta-feira, abril 13, 2011

Sobre a credibilidade de agências de notação

Frank Raiter, ex-administrador da Standard & Poor:
"Profits were running the show. The business management wanted to get as much profit as they could into their coffers. Standard and Poor's gave a high rating to Enron days before it collapsed. The same people who brought us Enron are still in charge of the henhouse."

Extratos do livro "The smartest guys in the room" de Bethany McLean e Peter Eklind sobre o escândalo da ENRON:
- "We rely heavily on ENRON's risk-management ability (...) It gives you a nice, warm, fuzzy feeling (...) ENRON has such extraordinary risk-management capabilities that we look at them differently", Todd Shipman (Standard & Poor), pag. 116;
- "This is a very, very, very well run company, a strong, strong management team", Ralph Pellechia (Fitch) sobre a ENRON, pag. 238.

Aconselha-se ainda a leitura de "Meltdown Iceland" de Roger Boyes e "The Best Way to Rob a Bank Is to Own One" de William K. Black, onde se pode constatar a complacência das principais agências de notação perante bancos cuja actividade principal durante anos a fio foi roubar e pedir empréstimos progressivamente mais gigantescos.

Petição denúncia contra agências de rating

Já assinei. Segue um extracto muito representativo da denúncia em causa.
Assinar aqui.

"Apresentamos o texto da denúncia facultativa contra três agências de rating, entregue na Procuradoria-Geral da República.

(...) estas agências, não pode permitir-se que ajam por forma a alterar o preço dos juros, direccionando o mercado para situações em que elas próprias ou os seus clientes tenham interesse e retirem benefícios.

Para mais, as três agências de notação financeira aqui denunciadas contam com 90% de participação no mercado das classificações creditícias, e o FMI reconhece-as como sendo as que maior influência têm a nível global. Por isso mesmo, o FMI tem alertado, como por exemplo na sua informação de 2010 sobre a “Estabilidade Financeira Mundial”, que “estas agências usam e abusam do poder que têm” e “ necessitam de uma supervisão mais estreita porque as suas actividades têm um impacto significativo nos custos de endividamento dos países, podendo afectar a sua estabilidade financeira”. Concluindo, considera o FMI que as decisões das agências podem alterar a estabilidade financeira dos mercados, alterando os preços do financiamento em termos que suscitam problemas jurídico-penais (em http://www.imf.org/external/pubs/ft/gfsr/2010/02/pdf/chap3.pdf).
A idêntica conclusão chegou a investigação realizada pelo Comittee on Homeland Security and Governmental Affairs do Senado dos Estados Unidos sobre o papel das agências de classificação de crédito centradas nas duas agências aqui denunciadas, Moody’s e Standard & Poor’s. (http://hsgac.senate.gov/public/_files/Finantial_Crisis/042310Exhibits.pdf). Precisamente pelos mesmos motivos, estão agora em curso, nos Estados Unidos da América, diversos processos penais, um no Tribunal Superior da Califórnia contra a MOODY’S e a FITCH, outro no Tribunal Distrital de Ohio contra a STANDARD & POOR’S e no Tribunal Superior de Connecticut contra as referidas três agências de notação financeira.
Em Espanha, o Observatório para o Cumprimento dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais apresentou recentemente uma querela criminal contra as mesmas agências, com o fundamento de terem lesado interesses do Estado Espanhol, por divulgarem classificações financeiras de risco baseadas em critérios errados, carecidos de objectividade e motivados por interesses próprios ou de clientes seus."

terça-feira, abril 12, 2011

Fukushima passa a nível 7 temporariamente

Cálculos baseados em estimativas e em medições indicam que a quantidade de material radioactivo lançado para o meio ambiente em Fukushima corresponde a cerca de 10% do material lançado pelo acidente de Chernobyl. O nível do acidente passou agora para nível 7, temporariamente, até existirem dados mais precisos.
A 60 km da central medem-se níveis de radioactividade superiores aos limites legais, pelo que não é de excluir o aumento do perímetro de exclusão.
Ver reportagem na Euronews.

segunda-feira, abril 11, 2011

50 anos de Gagarin



Há exactamente 50 anos Gagarin foi o primeiro homem no espaço, num voo secreto, num voo em que se algo corresse mal ninguém iria ser informado de nada, como se não existisse.
Aqui vídeo de homenagem a Yuri Gagarin da Euronews e da ESA.

Vertigem nos pólos de Vénus



Este trabalho do caríssimo David Luz, publicado na prestigiada revista Science, mostra o movimento de rotação da atmosfera no pólo sul de Vénus. A localização do pólo sul é dado pela cruz e o centro de rotação da atmosfera é dado pelo círculo branco, o seu desfasamento é de cerca de 300 km em relação ao pólo sul.
Viva a geração rasca!

quarta-feira, abril 06, 2011

Principal problema é dívida privada


As declarações do presidente do FMI são eloquentes: "o problema [de Portugal] não é tanto de dívida pública como de financiamento dos bancos e dívida privada". E confirmam algum alarmismo que surgiu na imprensa económica internacional em Novembro de 2010. Na altura foi publicado o gráfico acima, mas estranhamente manteve-se o silêncio sobre a nossa colossal dívida privada, 220% do PIB (ver abaixo, a nossa dívida pública não é das mais altas). O debate económico pautava-se pelo pensamento único, por homilias de comentadores muito comprometidos em que se culpava o Estado de tudo e, obviamente, os malandros do rendimento mínimo e os desempregados.
Espero que as declarações de Strauss-Kahn sirvam para que se comece a responsabilizar seriamente os excessos do sector privado, sobretudo o sector imobiliário e a banca. Um milhão de casas vazias em todo o país que representam muito dinheiro empatado em empréstimos inúteis e uma banca que não paga impostos como as outras empresas são anormalidades insustentáveis. Se a partir de 5 de Junho o novo governo não tiver coragem para combater este flagelo os 220% de dívida privada não irão desaparecer por passes de magia...

segunda-feira, abril 04, 2011

Avenida dos Aliados: ainda faltam 5

Foi giro ir apagar a luz à Segunda Circular e lavar as chuteiras e os equipamentos de borla, mas é preciso não perder a concentração porque ainda faltam 5 jornadas. Queremos um campeonato sem espinhas, carago.

sexta-feira, abril 01, 2011

Nobel da Economia vs Lambe Botas da Economia




Esta semana na sua homilia matinal no Bom Dia Portugal da RTP, Camilo Lourenço (Cor do Dinheiro) escandaliza-se com Krugman, diz ele que o "Paul" não sabe o que se passa em Portugal. Mas o "Paul" é especialista em crises financeiras e o Camilo é mais especialista em vénias ao mercado. Para o Camilo aquilo que se passa nos mercados é normalíssimo, é normal ser atribuído à Grécia pior rating do que ao Egipto, um país a ferro e fogo. Não se lhe ouve crítica aos mercados financeiros, Camilo refere-se com deferência aos mercados, os mercados são "quem nos empresta dinheiro", diz ele. Não fossem os Estados tapar o buraco mundial criado em 2008 pelos mercados financeiros e queria ver onde estava agora "quem nos empresta o dinheiro". Aliás a linha de análise dominante da nossa imprensa económica e do comentário económico é ainda pior e pauta-se por um lambe-botismo descarado a empresas financeiras responsáveis por graves crimes, desemprego e aumento da pobreza. Do Diário Económico a Medina Carreira (este em registo mais ignorante e populista) reina o lambe-botismo.

Duarte Silva

As minhas sinceras condolências à família e amigos.
Do reduzido conhecimento pessoal que tive de Duarte Silva guardo na memória um apreciável "fairplay" mesmo quando o debate político foi mais áspero.