sexta-feira, junho 18, 2004

CERN, ESA e ESO: Não pagaaaaaaamos!

Enquanto alguns andavam a pedir cargas de bastão para os estudantes que através do slogan "não pagamos" protestavam contra a nova lei do financiamento do ensino superior, o Ministério da Ciência e do Ensino Superior ía mais longe do que os estudantes e pela calada dos gabinetes do ministério furtava-se ao pagamento da quota anual da nossa participação no CERN, na ESA e no ESO (European Southern Observatory). Era uma espécie de "não pagamos" silencioso de Lynce & companhia que andavam na altura bastante ocupados a cozinhar uma cunha. As quotas do CERN tanto quanto sei já foram pagas, mas Portugal pagou apenas parcialmente as quotas da ESA dos últimos dois anos e não pagou nem as quotas de 2003 nem as de 2004 do ESO. Desde que o ESO existe este tipo de situação nunca tinha acontecido com nenhum dos outros países membros. Esta semana a direcção do ESO reuniu para aplicar sanções a Portugal. Chegou a ser ponderada a hipótese de impedir os investigadores portugueses de utilizar o melhor telescópio óptico do mundo (o Very Large Telescope, Chile). A sanção numa primeira fase ficou-se pela perda do direito de voto de Portugal dentro da organização. Esta situação é uma vergonha para um país como Portugal que está a tentar recuperar uma imagem negativa que possui no meio científico internacional.

Cavalo marinho ou chicote?
Os comentadores que andaram a pedir cargas policiais sobre os estudantes que fecharam por um dia a cadeado as portas de uma Universidade, será que vão pedir uma carga de cavalo marinho ou chicote sobre os principais culpados desta situação: Pedro Lynce e seus ex-colaboradores. É que se Portugal perder acesso aos telescópios do ESO e aos programas da ESA, os danos causados são gravíssimos para o futuro da investigação científica portuguesa. Isto não tem nada a ver com o prejuízo causado por uma Universidade que é fechada durante um dia. Se fossem coerentes teriam que pedir que Pedro Lynce fosse fustigado no mínimo a golpes de cavalo marinho, mas é melhor não o fazerem, aí perceberiam o ridículo das suas posições anteriores...

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