sexta-feira, janeiro 30, 2004

Colaborar com a ditadura Saudita

Podemos ler no Relações Bilaterais de Junho, publicação do Ministério da Defesa, a seguinte notícia:

"Realizou-se nos passados dias 03 e 04 de Junho, a visita oficial à Arábia Saudita de Sua Excelência o Ministro de Estado e da Defesa Nacional, Dr. Paulo Portas, que, na ocasião, foi recebido pelo seu homólogo, Príncipe Abdel Aziz.

Para além da troca de impressões sobre a situação internacional, durante as conversações foram debatidos diversos assuntos de interesse para ambas as Partes, de que se destacam a possibilidade de incremento da cooperação ao nível industrial de Defesa, particularmente no domínio da manutenção aeronáutica, bem como a eventual frequência de cursos ministrados nas nossas Academias Militares por Oficiais sauditas. Foi ainda sugerida a celebração de um acordo de cooperação bilateral no domínio da Defesa, cuja proposta de texto está já a ser preparada na DGPDN.
"

No rescaldo da Guerra do Iraque, o mesmo Portas que apertou a mão ao representante do despotismo saudita sugeriu que a próxima ditadura a abater fosse Cuba, propondo o slogan "Cuba Livre" para as T-shirts da Juventude Popular. A podre ditadura cubana é miserável, mas está muito longe do nível de violência do regime saudita, das execuções na praça pública através de decapitação a golpe de sabre de infiéis e de criminosos, dos apedrejamentos públicos de mulheres impuras, da lavagem ao cérebro de jovens e de crianças nas escolas públicas sauditas em que se aprende que o ocidente é o demónio e os EUA o grande Satã (como o mostra uma recente reportagem da BBC).

Algo não está a bater certo, pois não? Apoiámos o derrube da ditadura Iraquiana e cultivamos relações militares com uma ditadura ainda pior... E Portas? A miséria do seu discurso fica a nu perante estas contradições.

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