quinta-feira, agosto 30, 2007

A Escola Berlusconi no caso Somague/PSD

Umberto Eco descreve-nos em detalhe no seu livro "A Passo di Gambero" ("A Passo de Caranguejo" ed. port. Difel) as técnicas da gloriosa Era Berlusconi para distrair os cidadãos das notícias que poderiam ser incómodas para o Presidente do Conselho fazendo uso de notícias com maior potencial mediático:

"Un caso tipico di effeto bomba è stata la sparata sul kapò seguita dalla sparata di rinforzo del leghista Stefani contro i turisti tedeschi beoni e schimazzatori. Gaffe incomprensibile, dato che suscitava un incidente internazionale e proprio all'inizio del semestre italiano? Niente affatto. Non solo (ma questo è stato un effeto collaterale) perché sollecitava lo sciovinismo latente di gran parte dell'opinione pubblica, ma perché in quelli stessi giorni si discuteva in parlamento la legge Gasparri, con la quale Mediaset affossava definitivamente la RAI e moltiplicava i dividendi". (...) I giornali dedicavano pagine e pagine a Berlusconi gaffeur (...) L'effeto bomba ha funzionato alla perfezione." Ed. italiana Bompiani, 2006, pag. 131-132.

Neste episódio Berlusconi recorre a um pequeno tiro no pé (a gaffe), para distrair o povo do grande tiro de canhão que desfere sobre a RAI.
As manobras à volta do caso Somague/PSD vêm da mesma escola, mas são mais convencionais. Esta última semana tem sido fértil em notícias para nos distrair da negociata Somague/PSD, o monopólio da direita das TVs privadas e dos jornais diários aliado aos cronistas de serviço têm-se esforçado para esticar as notícias mais espectaculares até à exaustão, até os sucessos desportivos têm ajudado. Mas convém que saibam que não andamos a dormir. Este caso não tem 30 mil explicações, é bastante simples. As leis votadas em democracia são para ser cumpridas por todos e prevêem sanções para quem não as cumpre. Esperaremos pacientemente justas sanções.

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