sexta-feira, abril 13, 2007

Aldrabice de CV e os cargos políticos não-eleitos

Desde que se iniciou a prática (de louvar) de publicação de CV dos políticos na internet, reparei na trapalhada e na aldrabice pegada que se praticava com intuito de encher com linhas e linhas de palha as biografias e os CV dos titulares de cargos políticos. Uma artimanha muito utilizada é a de que político X frequentou o MBA ou a pós-graduação da Universidade Y ou Z (ex: CV de Morais Sarmento na anterior legislatura). Frequentou? Como é que prova que de facto frequentou? Qualquer um pode encher linhas de CV com frequentou... No entanto, reparei em algo bem mais grave: um intenso cheiro a esturro a diplomas comprados. A proliferação de universidades privadas que passam diplomas sem controlo do respectivo Estado é um esquema a que recorrem muitos políticos medíocres, casos de insucesso escolar, mas de sucesso estrondoso no carreirismo político.

O caso toma contornos de maior gravidade quando alguns destes políticos medíocres, recorrendo a diplomas forjados, acedem a cargos políticos técnicos (assessores, conselheiros, etc.) para os quais não precisam de ser eleitos, mas precisam de um diploma no CV que justifique a escolha do político responsável pelo gabinete que os acolhe. Pior ainda, são aqueles que no fim de uma legislatura recebem como presente um alto cargo bem remunerado numa empresa pública justificado por uma falsa competência que consta do seu CV. Desconfio que se investigassem quantos diplomas foram comprados em universidades estrangeiras (deixo aqui uma dica: Boston, EUA) por assessores de ministros e por titulares de altos cargos em empresas públicas que vieram da política poderiam descobrir todo um miserável mundo de falsificação de carreiras político-profissionais.

Uma palavra a José Sócrates
O CV de José Sócrates foi pelo menos antecipado por alguém, por esse alguém que escreveu que Sócrates era licenciado em Eng. Civil antes de o ser. A trapalhada mesmo não sendo intencional funde-se no oceano de aldrabice e de trapalhadas dos CV dos políticos.
Trapalhadas destas são desmotivadoras para quem trabalha no meio científico, por exemplo. Um CV de um investigador com uma gaffe desse calibre dá direito a exclusão da generalidade dos concursos individuais e a projectos...

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