segunda-feira, maio 31, 2004

Rua da Judiaria

O blogue Rua da Judiaria publicou dois textos que me merecerem especial atencao:

1- Em "Tortura Humilhacao e Odio" o Nuno conta uma experiencia muito interessante que teve em Londres numa daquelas mesquitas de lavagem ao cerebro no ambito de um trabalho que preparou para a Grande Reportagem. Tenho pena de nao o ter lido. O lixo em que mergulharam muitas das mesquitas europeias esta ali bem descrito. E' preciso sublinhar que esse trabalho de lavagem ao cerebro nao abrandou, pelo contrario, continua a ser feito de uma maneira cada vez mais profissional e mais eficaz - gracas 'a aventura americana no Iraque. Esse "trabalho" e' patrocinado finaceiramente de uma forma tranquila e descarada por alguns senhores generosos da Arabia Saudita (um dia vamos pagar caro as amizades com o regime Saudita). Quando vivi em Estrasburgo vi como o odio anti-semita e' implantado com grande eficacia entre as comunidades muculmanas excluidas que vivem nos guetos de habitacao social. Lembro-me e nunca me esquecerei dos cobardes ataques a sinagogas da regiao que se multiplicaram depois do 11 de Setembro e dos linchamentos de cidadaos franceses que apresentavam sinais exteriores de culto da religiao judaica.

2- Li com uma enorme delicia o texto de Bernard-Henri Levy: "Je suis juif". Para mim Levy e' muito mais do que um judeu (sem desprimor para estes). O texto em que assume em pleno as suas origens judaicas e' muito sentido, mas Levy e' daqueles homens que nao pode ser reduzido a um povo ou a uma religiao. E' um filho do Universo. Se fosse grego, Levy seria um filho de Zeus e Hera, um heroi no sentido mais romantico do termo. O proprio Levy se define como judeu universalista. Nao precisava de o dizer, isso e' mais do que evidente. No entanto, temo a sua sorte. Fico bastante aliviado cada vez que o vejo entrar no plateau do "Tout le Monde en parle" (o melhor talk-show que conheco, domingos 23.30 TV5) para apresentar um novo livro. Depois ouvimos os seus relatos interessantes e percebemos como cada vez mais Levy arrisca a pele nas partes do mundo onde o odio ganha terreno.

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