quarta-feira, novembro 30, 2011

Marisa Matias eurodeputada do ano

O excelente trabalho da Marisa no Parlamento Europeu teve um justo reconhecimento ao ter sido galardoada com o prémio de melhor deputado na área da saúde.
A Marisa esteve à frente da aprovação da directiva que combate a falsificação de medicamentos que tem impacto directo nas vidas de milhões de cidadãos europeus. Liderou também a proposta do próximo programa de financiamento para a investigação na Europa, que resultará no 8° Programa Quadro para a Investigação. Além do mais, este trabalho foi realizado em ambiente de grande hostilidade ao BE dentro do Grupo da Esquerda Unitária Europeia, em particular da parte de partidos comunistas europeus que tentaram boicotar, atrapalhar e vilipendiar o trabalho da Marisa. É por estas e por outras que julgo que está na hora do BE se mudar para os Verdes Europeus.

terça-feira, novembro 29, 2011

Petição Em Defesa do Hospital da Figueira

Para assinar, clicar aqui.

Prince



Já o classificam de "Best goal ever", este que é para mim sem discussão o golo do ano.
O golo de Boateng, perdão, Prince Boateng, é um invulgar golo a três tempos onde se exprime uma variedade assinalável de movimentos inerentes à prática da redondinha. Primeiro, uma recuperação de bola elegante, atlética e esforçadíssima. Depois um toque de calcanhar em ressalto que finta o defesa, demonstrando confiança, improvisação, talento, inteligência e muito treino de pé na bola. A bola surge de bandeja do toque de calcanhar e Boateng finaliza rematando com toda a força, ligeiramente em arco para o ponto mais inesperado, mais curto e de mais difícil defesa. Cinco estrelas.

João Semedo incomoda muita gente

João Semedo tem sido o deputado mais activo contra a lapidação dos hospitais públicos, entre os quais o Hospital da Figueira. Este fim-de-semana foi alvo de um dos ataques mais miseráveis e trapalhões da história do jornalismo português. Na capa do Expresso dá-se uma notícia absolutamente falsa acusando o deputado de ter sido sócio do BPN. Ora, João Semedo nunca foi sócio do BPN como aliás se pode perceber pelo corpo da notícia do Expresso que contraria o próprio título. Mas há sempre quem leia apenas o título e não leia o próprio texto. Um erro tão grosseiro só pode ter explicação numa notícia encomendada por alguém muito incomodado pelo trabalho do deputado. Não é só em Angola que estas coisas acontecem. Das duas uma, isto ou vai acabar com um processo ao jornalista ou com um pedido de desculpas público com o mesmo destaque da notícia original.

segunda-feira, novembro 28, 2011

Extremos climáticos mais prováveis no futuro

(publicado no portal Esquerda.net)

O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) lançou esta semana um resumo para decisores políticos baseado num relatório científico sobre fenómenos climáticos extremos a ser publicado em Fevereiro de 2012. Este relatório surge a pedido de um conjunto de chefes de estado de países recentemente afectados por catástrofes naturais fora do comum. O relatório foi elaborado por 220 investigadores de 62 países diferentes, teve 18784 comentários e revisões realizadas pelos melhores especialistas em cada domínio e foi baseado em milhares de artigos científicos publicados nas melhores revistas da especialidade com arbitragem pelos pares.

O relatório estabelece como provável (grau de certeza superior a 60%) o aumento da frequência de fenómenos climáticos extremos, caso prossiga o aquecimento global do planeta. Classifica-se como muito provável (certeza superior a 90%) que o aumento das emissões de gases de efeito de estufa seja responsável pela maior ocorrência de dias e noites muito quentes e pela diminuição do número de dias e de noites muito frias. Pela mesma razão aumentou a duração média das secas bem como a sua intensidade. Foi classificado como provável (>60% de certeza) que os ciclones tropicais no futuro ocorram menos vezes por ano, no entanto em média estes serão cada vez mais intensos.

No entanto, o IPCC ressalva que os extremos climáticos são fenómenos raros, sobre os quais há menos dados e alguns deles estudados apenas desde há algumas décadas. Outra dificuldade neste trabalho é o facto de alguns destes fenómenos serem muito localizados a certas regiões do mundo, por exemplo os fenómenos climáticos extremos que ocorrem nos pólos são muito diferentes dos que ocorrem nos trópicos. Ilhas, regiões costeiras, regiões montanhosas e periferias urbanas muito recentes construídas em mega-cidades foram identificadas como as zonas onde os fenómenos climáticos extremos têm maior impacto. Estes são também fenómenos de maior complexidade sobre os quais é mais difícil estabelecer com maior certeza os aspectos científicos (física, química, geologia, etc.) que estão na sua origem. Apesar desta ressalva, a probabilidade elevada (> 60%) e os elevados custos económicos e em vidas humanas que comportam estas catástrofes naturais, por precaução, seria desejável que o combate às alterações climáticas prosseguisse com maior determinação.

sexta-feira, novembro 25, 2011

Defender o Hospital Distrital da Figueira da Foz

É um novo blogue lançado por "Grupo de cidadãos que não quer, nem aceita, mais uma desvalorização do serviço público de saúde e a prevista desclassificação do Hospital Distrital da Figueira da Foz."
Eu diria mais, poderá estar previsto é o encerramento a médio prazo. Os senhores dentro do CDS e do PSD que mandam executar estas medidas fazem parte de boas famílias que nem se aperceberam que a taxa de mortalidade é oito vezes menos do que há trinta anos, na mesma altura em que apenas um terço dos portugueses tinha posto um pé dentro de um hospital. Para eles nunca faltou nada, nem há-de faltar.

quinta-feira, novembro 24, 2011

O capitalismo falhou


(Foto de Jim Hubbard ©Bettmann/CORBIS)

Convém admiti-lo, falhou o modelo do capitalismo financeiro tal como o imaginaram Thatcher, Reagan e Milton Friedman. A ideia de que os mercados se auto-regulam e que a mão invisível do mercado age tendencialmente em benefício da sociedade, é uma ficção. A economia é uma ciência complexa que engloba tanto a matemática avançada da engenharia financeira como as inúmeras incertezas associadas à actividade humana. Crer que um sistema tão complexo se auto-regula é pura profissão de fé, sobretudo numa economia globalizada onde se movimenta à velocidade de um clique, de um lado para o outro do planeta, quantias inimagináveis para o cidadão comum. No fundo é o reverso da medalha da fé comunista na economia planificada da URSS.

Hoje o mapa mundo das dívidas públicas e privadas é chocante e é o resultado da substituição dos bancos centrais pelos bancos privados no financiamento da economia. O Japão e o Reino Unido apresentam dívidas (pública+privada) acima dos 450% do PIB. A Coreia do Sul, Espanha, Suiça, Itália, Portugal, os EUA, França, Canadá e a Alemanha com dívidas entre os 250% e os 350% do PIB. Inclusivamente países emergentes com forte crescimento como é a China, o Brasil e a Índia, apresentam dívidas da ordem dos 150% do PIB. Nos media, já nem se fala dos "mortos", dos países que se afundaram totalmente como a Islândia ou a Hungria que pediu ontem a sua segunda ajuda ao FMI num período de três anos. Mas a dívido-dependência vem amarrada a outra crença do capitalismo financeiro, é a do crescimento eterno. Se o Universo fosse plano e infinito, cheio de minérios e de árvores de fruto e se cada ser humano pudesse engordar toneladas atrás de toneladas, a religião do crescimento eterno até poderia ter alguma consistência. Mas, o nosso planetazinho é finito e o homo sapiens não aguenta consumir dezenas de quilos de bodegas por dia para salvar a economia.

É precisa uma outra economia que conviva bem com o crescimento e com a falta dele, que não seja dependente da predação egoísta dos escassos recursos planetários por apenas duas ou três gerações de gananciosos e é precisa uma regulação forte, de "braços longos", internacional, que atravesse fronteiras à mesma velocidade que o crime financeiro. Estamos a precisar de uma espécie de Green New Deal à escala planetária, se não quisermos ser odiados pelas próximas gerações.

Viva o capitalismo!

"Juros exigidos para comprar dívida portuguesa ultrapassam 14% a 2 e 3 anos", TSF.
É a escola de Thatcher no seu melhor, é nesta escola que o nosso primeiro-ministro acredita. Com ferros se mata...

terça-feira, novembro 22, 2011

Dia de Portugal e das Lendas Portuguesas

Nesta discussão dos feriados o Tiago Mendes propõe-nos o Dia da Fundação, acrescenta o Tiago "Este novo feriado - que poderia também ser o "Dia de Portugal" - seria comemorado a 5 de Outubro, celebrando a assinatura do Tratado de Zamora (1143 - a bandeira supra é a então vigente)". Quando li "Tratado de Zamora" e apreciei a bandeira "vigente", percebi logo o cuidado com que tinha sido elaborada a proposta. Foi à velocidade de um clique que o Tiago copiou a bandeira na entrada da wikipedia sobre o "Tratado de Zamora", onde se fala inclusivamente da lendária Batalha de Ourique como se esta tivesse realmente ocorrido.

Não existe qualquer registo de um Tratado de Zamora em 1143, bem como a independência de Portugal não tem data marcada. Fomo-nos tornando independentes entre 1128 (Batalha de São Mamede) e 1173 (Bula Manifestis Probatum). Tal como se lê nesta clarificadora entrada do João Cardoso, existiam documentos anteriores ao Acordo de Zamora em que Afonso Henriques era designado como Rei de Portugal (1132, 1135 e 1139). Também a sua mãe é designada rainha em vários documentos descrevendo a sua época. A bandeira da entrada da wikipedia não é a vigente na época, nem sequer é certo se havia UMA bandeira.

O que mais irrita neste tipo de propostas não é a forma velada com que se tenta apagar o 25 de Abril. O que irrita é a propagação de lendas que até 1974 constavam dos textos escolares como verdades sagradas, a Batalha de Ourique, Guimarães cidade berço, o Tratado de Zamora, o entalanço do Martim Moniz, etc., numa época em que os meios de comunicação são sofisticadíssimos e existe abundante literatura actualizada sobre a história de Portugal ("Dicionário de História de Portugal" de Joel Serrão, "D. Afonso Henriques" de José Mattoso e "O essencial sobre a Formação da Nacionalidade" de José Mattoso).

segunda-feira, novembro 21, 2011

A História do Ciganinho Chico

"A História do Ciganinho Chico", livro para crianças da autoria do amigo Bruno Gonçalves, foi tema das minhas crónicas do programa "Pontos de Vista" da Rádio Clube Foz do Mondego. As ilustrações são de Tiago Moleano Gomes e a edição do Centro de Estudos Ciganos.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Leitura recomendada ao primeiro-ministro

Recomendo ao primeiro-ministro, em honrosa campanha de estende-mão em Angola, a leitura desta obra de Rafael Marques. Chama-se "Diamantes de Sangue" (Tinta da China, 2011) e a sinopse narra o seguinte:

"[Rafael Marques] é um dos principais responsáveis por denunciar e divulgar os esquemas de corrupção que envolvem as mais altas esferas do poder em Angola, bem como as empresas e entidades estrangeiras que com ele negoceiam. Na região do Cuango, a situação é trágica. Para benefício dos que exploram os diamantes, as populações são mantidas em condições de quase escravatura, sendo torturadas, assassinadas, roubadas e impedidas de manter quaisquer actividades de auto-subsistência. As autoridades e o governo ignoram os crimes, as forças armadas e policiais são não só coniventes como também protagonistas desses crimes."

Há cerca de 10 anos Bernard-Henri Lévy em "Réflexions dur la Guerre" denunciava a exploração de diamantes nas mesmas regiões, a mesma violência e a mesma tortura, mas curiosamente perpetrada em estreita colaboração entre os homens da UNITA e MPLA, que dividiam irmanmente as margens dos rios ricos em diamantes, embebedavam-se juntos e frequentavam os mesmos bordéis. Entretanto o dinheiro conseguido com a venda desses diamantes era usado para comprar armas distribuídas no resto do país para se matarem uns aos outros.

Isto fica bem ao "Obama de Massamá" e a um ministro dos negócios estrangeiros acabadinho de chegar da Venezuela. Para onde irá estender a mão a seguir? Arábia Saudita? Coreia do Norte? China?...

O cartoon da semana


De Chappatte no Le Temps

quarta-feira, novembro 16, 2011

Até onde se estende o polvo da Goldman Sachs?

Até António Borges, por exemplo.
Vale a pena ler este artigo onde se denunciam mais ligações perigosas entre os novos governos, a Goldman Sachs e a Comissão Trilateral (criada em 1973 por David Rockfeller).
António Borges faz parte do grupo europeu da Comissão Trilateral e foi ex-vice-presidente do Goldman Sachs Internacional. Reúne por isso todas as condições para ser um futuro primeiro-ministro do nosso país...

Governo responde a BE sobre Hospital da Figueira

(clicar na carta)

No início de Outubro o deputado João Semedo do BE formulou estas perguntas ao governo sobre os cortes no Hospital da Figueira. Como se pode ler na carta do governo, não há resposta à pergunta 3, aquela que mais impacto tem sobre as pessoas. Ficamos também a saber que a direcção do hospital (que quer salvar a pele) elaborou a proposta que o governo queria sem consultar os representantes dos profissionais de saúde, incluindo os directores de serviço. Dizer que houve espaços de diálogo é uma treta, nada foi formalizado para envolver os restantes profissionais na elaboração da proposta.
Por este andar, os figueirenses que se preparem para daqui a uns anitos ficarem sem hospital. Quando isso acontecer espero que não se esqueçam quem foram os responsáveis.

terça-feira, novembro 15, 2011

O polvo da Goldman Sachs abraça a Europa


Mario Draghi, Mario Monti e Lucas Papadémos, respectivamente o Presidente do BCE, o novo Presidente do Conselho Italiano e o novo Primeiro Ministro Grego, tiveram muito recentemente ligações importantes com a Goldman Sachs, umas mais institucionais outras mais informais. Mario Draghi foi vice-presidente da Goldman Sachs Europa entre 2002 e 2005. Uma das suas tarefas era vender o produto financeiro swap que permite esconder parte da dívida soberana e que foi muito utilizado pelo governo grego. Mario Monti é conselheiro internacional da firma desde 2005 e Lucas Papadémos foi governador do Banco Central Grego entre 1994 e 2002, participando amplamente na aldrabice das contas gregas em conjunto com a Goldman Sachs. Quem gere a dívida grega é Petros Christodoulos, um antigo trader da mesma Goldman Sachs.

Quando se refere que as oligarquias financeiras estão a mandar nos destinos dos países é disto que se está a falar e como se prova não é exagero nenhum.
No que nos toca, o governo português e os nossos representantes no parlamento europeu deveriam exigir já a substituição de Mário Draghi.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Europeizando a Europa

Concordo com muito do que é escrito neste artigo do verde Joschka Fischer (publicado também na passada sexta no Público). Alguns extractos onde mais me revejo:

"o problema da Europa não é o que aconteceu, mas sim o que não aconteceu: a criação de um governo Europeu comum."

"No início da década de 1990, quando a maioria dos estados membros da União Europeia decidiram formar uma união monetária com uma divisa comum e um banco central, a ideia de um governo central não colheu apoios. Como resultado, essa fase da construção da união monetária foi adiada, deixando um edifício impressionante a que faltavam alicerces sólidos que garantissem estabilidade em tempo de crise. A soberania monetária tornou-se numa causa comum; mas o poder necessário para a exercitar permaneceu nas capitais nacionais. Acreditava-se na altura que regras formais – impondo limites obrigatórios nos défices, na dívida e na inflação – seriam suficientes. Mas este alicerce de regras mostrou ser uma ilusão; os princípios precisam sempre do apoio do poder; de outro modo não poderão suportar o teste da realidade."

"A zona euro necessita de um governo, que, no actual estado de coisas, só pode consistir dos respectivos chefes de estado e de governo – um desenvolvimento que já foi iniciado. E, porque não pode haver uma união fiscal sem uma política orçamental comum, nada pode ser decidido sem os parlamentos nacionais. Isto significa que uma “Câmara Europeia”, compreendendo os líderes dos parlamentos nacionais, é indispensável."

Para o tal governo eu preferia a eleição directa através de eleições pan-europeias.

sexta-feira, novembro 11, 2011

O imposto Ryanair


Michael O'Leary numa campanha publicitária da Ryanair

Em tempo de vacas magras o milionário Michael O'Leary é um dos maiores beneficiários de subsídios, ajudas, subvenções e programas regionais em toda a Europa. E esta é uma das suas principais fontes de lucro, obtida frequentemente após chantagem em que ameaça retirar os seus aviões da região. Tal como suspeitava, Portugal não é excepção. Desde Dezembro de 2007 foram atribuídos 15 milhões de euros às companhias apelidadas de "baixo-custo" (na realidade o custo total da viagem é muito semelhante às outras companhias e muito mais caro se algo correr mal). Relembro que a Ryanair foi já condenada a devolver 4,5 milhões de euros que recebeu da região da Valónia para operar em Charleroi. A Ryanair estima um lucro de 440 milhões de euros em 2011.

Na prática trata-se de um imposto sobre a fortuna ao contrário. O contribuinte paga aos milionários para estes obterem ainda mais lucros. Os benefícios da Ryanair para turismo do país são muito duvidosos. Faria muito mais sentido estimular o turismo suprimindo portagens nas regiões fronteiriças (as populações locais sentem bem no pêlo os estragos das portagens) do que subsidiar companhias que podem ser substituídas por outras que na prática oferecem custos totais semelhantes e um serviço com maior qualidade.

terça-feira, novembro 08, 2011

Tudo ao contrário


Dado o pesado endividamento privado (220% do PIB), sobretudo externo, para o qual contribui substancialmente a importação de petróleo e dado o clima de crise propício a decisões difíceis, seria a ocasião para fazer algo que já deveríamos ter feito há muito: racionalizar a fiscalidade automóvel. Já aqui propus a taxação mais severa de veículos poluentes e de veículos particulares com motores com mais de 2000 cm3 ou de veículos todo-terreno (autênticos brinquedos de luxo com rodas), absolutamente supérfluos para as necessidades de uma família. Mas a adopção de portagens ou zonas restritas a moradores no centro das maiores cidades (em vez de se taxar as auto-estradas que contribuem muito para reduzir a sinistralidade rodoviária) seria outra solução. Curiosamente ando a ler o livro de debate "Nuclear" da autoria de J. N. Rodrigues e V. Azevedo (Centro Atlântico 2006), onde da direita à esquerda, dos anti aos pró-nuclear, quase todos os especialistas convidados a comentar o problema energético nacional se pronunciam a favor das portagens nas cidades.

Em vez disso, este governo decidiu despejar o seu ódio ideológico e fundamentalista contra os transportes públicos. O encerramento de linhas e a supressão de horários é chocante numa altura em que os portugueses mais necessitam de um transporte público. As declarações do secretário de estado dos transportes Sérgio Monteiro segundo o qual "sem reestruturação não haverá transportes", revelam um completo desprezo pelo serviço público que prestam os transportes colectivos, como se fosse um mero luxo oferecido ao povo. E este ou está caladinho ou tira-se-lhe o luxo, não há cá meias-tintas. Faz todo o sentido, estamos na Península Arábica, qual Península Ibérica. Deve haver ali uma jazida de petróleo gigantesca entre o Largo do Caldas e a Rua de São Caetano à Lapa...

Tudo bons rapazes



(Via Aldeia Olímpica)
Depois das reveladas amizades com a quadrilha do BPN, principalmente Oliveira e Costa, chega-se à conclusão que Cavaco tem um talento especial para escolher os seus próximos na política. Se for só ingenuidade (tese que aceito pacificamente), é uma santa ingenuidade.

Robin dos Blocos

O Bloco vai propor no debate do orçamento de Estado para 2012, um imposto sobre o património de luxo em alternativa à redução dos salários e das pensões através do corte do subsídio de natal e de férias.
Os xerifes de Nottingham não vão gostar.

segunda-feira, novembro 07, 2011

Fukushima poderá tornar-se um cemitério nuclear

(publicado no portal Esquerda)

Esta semana um painel de peritos da Comissão para a Energia Nuclear japonesa concluiu que vão ser necessárias várias décadas para limpar a região em quarentena em torno de Fukushima, ao contrário das expectativas mais optimistas que foram avançadas após o acidente. Em Portugal, Patrick Monteiro e Pedro Sampaio Nunes estiveram entre as vozes que mais minimizaram as consequências do acidente. Segundo o mesmo painel, só dentro de 10 anos será possível começar a remover as barras de combustível das unidades onde ocorreu a fusão dos reactores.

Está prevista a remoção de 4 cm de solo em vastas áreas da região que produzirá em cerca de 3 mil toneladas de lixo radioactivo, suficientes para encher 20 estádios de futebol. Nalgumas das cidades perto da central começaram a ser construídos depósitos temporários para destroços altamente contaminados resultantes do acidente que só estarão prontos dentro de três anos. Entretanto, este lixo radioactivo acumula-se nas mesmas cidades em condições de elevado risco para a saúde pública das populações. Só na cidade de Fukushima, situada a cerca de 50 km da central, acumula-se lixo radioactivo suficiente para encher 10 estádios de futebol.

Perante este cenário, as autoridades japonesas lançaram a proposta para transformar Fukushima em cemitério de lixo radioactivo do programa nuclear nipónico. Tal como a esmagadora maioria dos países com energia nuclear, o Japão ainda não decidiu qual a solução final a aplicar ao combustível radioactivo (perigoso durante cerca de 600 mil anos) produzido nas suas centrais. Por enquanto os resíduos mais perigosos são guardados junto às centrais situadas no norte da ilha de Honshu e em Tokaimura.

Esta decisão está a causar grande indignação entre os habitantes da região obrigados a evacuar os cerca de 50 mil lares à volta da central nuclear de Fukushima Daiichi. Alguns destes habitantes perderam os seus entes mais queridos durante o sismo, outros viram-se impedidos de procurar os seus familiares e amigos desaparecidos. Tal como tem sido escrito na imprensa da região, transformar a região em lixeira nuclear é impedir que milhares de japoneses concretizem o luto dos seus próximos com dignidade, estando impossibilitados de recorrer ao simbolismo dos seus pertences, dos lugares onde cresceram e viveram e dos corpos dos que nunca foram encontrados.

sexta-feira, novembro 04, 2011

Libération acolhe Charlie Hebdo



Depois do incêndio da redacção do Charlie Hebdo, num gesto raro nos tempos que correm, o jornal Libération decidiu acolher os jornalista do semanário satírico.
A empresa Bluevision que gere o sítio internet do semanário revelou que a página tem sido alvo de constantes ataques informáticos coordenados e provenientes sobretudo de servidores localizados na Turquia e na Arábia Saudita. Esta última proveniência prova que o peixe é grosso e sabe o que quer. Como se isto não bastasse, os trabalhadores da empresa têm recebido constantes ameaças de morte. Entretanto, enquanto o sítio internet continua com problemas, o Charlie Hebdo criou ontem um blogue.


Sessão sobre Hospital da Figueira na Imprensa

Foi com uma adesão calorosa das gentes de São Pedro, do pessoal do hospital e de dois presidentes de junta que se realizou um interessante debate sobre os cortes duríssimos a que está sujeito o Hospital da Figueira, com a participação do deputado João Semedo, o médico do José Couceiro (Hospital da Figueira) e o deputado municipal João Paulo Tomé.
Organizar sessões numa freguesia da margem sul, em que eleitores e eleitos se encontram à distância de um aperto de mão é coisa que até os grandes partidos evitam. No entanto, isso não deve demover quem tem a obrigação de prestar contas perante os eleitores. O João Semedo e o João Paulo deram mais um exemplo do que deve ser o trabalho de um eleito.
Aqui os recortes de imprensa no diário As Beiras e no jornal O Figueirense.

quinta-feira, novembro 03, 2011

A Europa Soberanista no seu pior

Esta União Europeia representa o modelo soberanista no seu pior. O Conselho, composto pelos chefes de estado de cada país, tem um poder excessivo onde pesam demasiado os egoísmos nacionais e os protagonismos individuais (Sarkozy e Berlusconi, por exemplo). São os mesmos chefes de estado que escolhem o Presidente da Comissão Europeia e o Presidente do Conselho. De preferência escolhem quem não lhes faça sombra, figurinhas de segunda ou terceira linha como Van Rompuy ou Barroso. Por exemplo, é hoje conhecido que Blair (ou seja indirectamente Bush) boicotou a escolha de Jean-Claude Juncker para presidente da Comissão para escolher o prestável Barroso aquando da invasão do Iraque.

Este modelo da UE tanto é o modelo de Sarkozy, como o de Merkel ou o modelo de Papandreou. Este último promovido anteontem a grande democrata, nunca batalhou pelo reforço dos poderes do Parlamento Europeu ou pela democratização da Comissão ou do Conselho. A nível interno Papandreou nunca propôs referendar a entrada da Grécia no euro quando esta não cumpria as condições mínimas em 2001, ou referendar a organização de uns jogos olímpicos que a Grécia não podia pagar, ou referendar um orçamento da defesa que rondava os 5% do PIB ou referendar o poder excessivo e ilegítimo de uma oligarquia financeira na economia do seu país. Se tocasse neste último ponto, aí sim estaria a genuinamente a defender o futuro da Grécia e aí sim a Grécia poderia tornar-se mais democrática. O referendo que propõe é puramente tacticista, é um referendo para salvar a face, onde os Gregos vão decidir entre dose e meia-dose de austeridade.

Há muito que Delors e depois Prodi defenderam a inevitabilidade de uma maior integração europeia, opiniões transversais ao espectro do Parlamento Europeu, que vão de Juncker a Cohn-Bendit, têm combatido a via soberanista. Não é por falta de opções que a UE não progride. A eleição directa pelos europeus dos Presidentes da Comissão ou do Conselho e o reforço dos poderes do Parlmaneto Europeu facilitaria a escolha de candidatos de primeira linha, que verdadeiramente se interessam pelo projecto europeu e poderia evitar uma Europa à deriva, ao sabor dos caprichos de Sarkozy, Papandreou ou Merkel.